sábado, 11 de setembro de 2010

Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Rio Bonito divide opiniões

Por Flávio Azevedo
A UPA de Rio Bonito ainda está em obras
Construída numa área de 2,8 mil m², próximo ao Centro Administrativo Municipal de Rio Bonito, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24h, que pode ser inaugurada nos próximos dias é a menina dos olhos dos governos municipal e estadual. A prova disso é que essas unidades são destaque nos discursos de todos os candidatos a algum cargo político no próximo dia 3 de outubro. A UPA de Rio Bonito, orçada em R$ 331 mil, terá porte III e capacidade para atender, diariamente, cerca de 500 pacientes.

A UPA dispõe de clínica médica, pediatria, ortopedia e odontologia. Além disso, a unidade vai oferecer laboratório para realização de exames, sala de Raios-X, sala de gesso, sutura (ponto), medicação e nebulização. A unidade terá leitos de observação para adultos e crianças e contará com uma sala “vermelha”, onde haverá leitos e equipamentos para receber e estabilizar pacientes em estado grave até que sejam removidos para algum hospital de referência.

Durante a visita que fez a Rio Bonito no dia 30 de março, o secretário estadual de Saúde, Sérgio Cortes, informou que “a UPA não atenderá apenas Rio Bonito, Tanguá e Silva Jardim, mas toda a região”. O secretário comentou que o governo do estado decidiu pela construção da unidade no município, sensibilizado com o apelo das prefeituras que integram o Consórcio Intermunicipal da Região Leste Fluminense (Conleste).

Opiniões Divididas

O Hospital Regional Darcy Vargas vai fechar a emergência pública.
Apesar de ser apontada como um divisor de águas para a área de Saúde da região, e um suporte importante para o Hospital Regional Darcy Vargas (HRDV), que com a chegada da UPA, poderá gradativamente se especializar em atendimentos de alta complexidade, algumas pessoas estão reticentes com a unidade. É o caso do auxiliar de serviços gerais Antônio Cláudio Quintino, 27 anos, morador do Centro.

– A ideia de dividir a UPA com pessoas de toda região não me agrada. Se o atendimento no HRDV, só com a população de Rio Bonito, ás vezes, é demorado, imagine com toda essa gente! Eu continuarei procurando atendimento no Darcy Vargas – analisou o auxiliar de serviços gerais, sem saber que quando a UPA começar a funcionar, a emergência pública do HRDV será fechada.
Infelizmente isso é verdade
A distância da UPA é outra questão apontada como problema pela população riobonitense, acostumada a se dirigir ao HRDV, no Centro. A dona de casa Maria Amélia Andrade, 54 anos, moradora do Centro, reconhece o esforço do poder público em fazer investimentos na área de Saúde, mas reclama que “a UPA está muito longe”. Segundo ela, “nós teremos que pegar ônibus para chegar até lá, e como as passagens aqui em Rio Bonito são absurdas de caras, eu tenho certeza que muita gente não terá condições de buscar atendimento”, comentou.

Já a vendedora Márcia Freire, 32 anos, moradora de Boa Esperança, lembra que os moradores do 2º Distrito sempre conviveram com a distância quando o assunto era socorro médico. “Para mim não faz diferença, porque quem mora em Boa Esperança está acostumado com esse sofrimento. Não foi uma nem duas vezes que meu marido e eu, de madrugada, saíamos em busca de vizinhos que tinham carro, para trazer a nossa filha, que tem bronquite, no hospital de Rio Bonito”, contou a vendedora, que aproveitou para dar uma alfinetada nos políticos.

– Todo ano de eleição é a mesma coisa! Todos os candidatos dizem que vão colocar um posto que funcione 24h em Boa Esperança, mas depois de eleitos, eles não cumprem o que prometeram. Porque não colocaram essa UPA mais perto de Boa Esperança? Uma vez pelo menos, eles poderiam ter pensado no 2º Distrito! Mas eles só se lembram da gente quando precisam do voto – desabafou.

O governador Sérgio Cabral (PMDB) comprovou o caos na Saúde Pública do Estado do Rio de Janeiro. 
Investimentos em saúde

Numa análise lúcida e coerente, a aposentada Cristina Trindade, de 71 anos, moradora da Praça Cruzeiro, aponta problemas na rede básica de Saúde e diz que as pessoas são culpadas por parte dos problemas do setor. “Vão reclamar da minha opinião, mas para mim, as discussões sobre Saúde são entediantes! O indivíduo não se cuida, come e bebe o que vem na boca, não faz um exercício físico, e assim como eu, aos 71 anos, não consegue largar a porcaria de cigarro”.

Para Cristina, que já trabalhou na área de Saúde, o problema do setor está na rede básica, nos profissionais e na prevenção, que segundo ela, “não funcionam como deveriam, porque estão dentro de um círculo vicioso”.

– Os profissionais de Saúde, do médico ao servente, são extremamente mal remunerados! Assim, esses prestadores de serviço, ou trabalham de má vontade ou estão exaustos, porque precisam fazer dois ou três plantões para sustentar a família. E, convenhamos, o sujeito que não recebe um salário digno não terá motivação para estimular os projetos básicos que são desenvolvidos para que a Saúde seja mais eficiente. Então, não tem UPA que dê jeito, porque o olhar tem que ser outro – concluiu.

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