Por Flávio Azevedo
Um dos fornos destruídos pela fiscalização |
Pelo menos uma tonelada de carvão produzido com madeira extraída da Mata Atlântica foi apreendida em Rio Bonito, no último dia 4 de maio, durante a Operação Carvão Pirata, da Secretaria estadual do Ambiente. A blitz ecológica iniciada através da Coordenadoria Integrada de Combate aos Crimes Ambientais (Cicca), em parceria com o Batalhão de Polícia Florestal, pretende reprimir o desmatamento no Estado. Segundo a polícia, a produção do carvão para fins comerciais é a principal razão para os desmatamentos. Outras três denúncias estão sendo investigadas.
A denúncia que motivou a operação do dia 4 de maio partiu do proprietário de uma fazenda em Rio Bonito. Segundo ele, um grupo de criminosos invadiu a fazenda e construiu os fornos clandestinos. Foram identificados nove pontos de desmatamento e mais de 20 fornos, utilizados para a produção de carvão vegetal. Ninguém foi preso. A região abriga as nascentes dos Rios Caceribu, São João, Capivari e Bacaxá, que alimentam a Lagoa de Juturnaíba, que abastece a Região dos Lagos.
Imagens do material apreendido e dos policiais que fizeram a operação |
Segundo a secretária estadual do Meio Ambiente, Marilene Ramos, “o local é uma verdadeira fornolândia. Os fornos foram construídos um atrás do outro e provocou um grande desmatamento”. Depois de sobrevoar a área, a secretária revelou que após derrubar as árvores, os criminosos promoviam queimadas para preparar o solo para o cultivo de banana.
– A informação que temos é de que este tipo de crime é praticado por comerciantes ilegais da própria região. Eles organizam caminhões, fraudam o carimbo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e recrutam pessoas, na maioria das vezes humildes, para fazer o trabalho – revelou a secretária.
Apreensão de 14 toneladas
No dia 30 de abril, um depósito de carvão, que distribuía sacos do produto com selos falsos do Ibama e do Inea, foi fechado por policiais do Batalhão Florestal. No depósito, na Estrada de Guaxindiba, em São Gonçalo, cerca de 14 toneladas de carvão estavam estocadas. O proprietário do negócio, Francisco Luis Gonçalves, de 47 anos, foi preso pela Polícia Federal por crime ambiental. Embalagens das marcas São Gonçalo, Cinco Estrelas, Churrascarvão, Sabor na Carne, Brasão do Ceasa e Águia de Fogo foram encontradas no local.
Milícia do carvão
O ex-secretário municipal de Meio Ambiente, Newton Almeida |
Em entrevista ao programa “O Tempo em Rio Bonito”, da rádio Sambê FM (98,7), no último dia 9 de maio, o ex-secretário municipal de Meio Ambiente de Rio Bonito, Newton Pereira de Almeida, comentou que conhece o lugar dos fornos. Ele revelou que no tempo que estava na pasta, havia noticia de que no local existia gente armada, “com orientação de atirar em helicópteros e em fiscais do Ibama. Em várias oportunidades eu fui orientado a andar armado nas trilhas do carvão”.
O ex-secretário comentou também, que durante a sua gestão, cerca de 14 carvoeiros deixaram a produção de carvão e passaram a produzir árvores. “Eles chegaram a cultivar, em 12 viveiros, lá no próprio local, cerca de 50 mil mudas. Nós plantamos cerca de 20 mil e outras 30 mil ficaram para a atual administração”.
Ele também explicou como são feitos os fornos: “como a área é muito acidentada, os carvoeiros escavam uma encosta, abrem uma caverna com cerca de 5m³ e fazem uma abertura no alto, por onde sai uma fumacinha igual fumaça de cigarro”, disse Newton.
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