sábado, 11 de setembro de 2010

Abandonado, Parque da Caixa D’Água vira paraíso de usuários de drogas


O Índio Chorão, um dos principais pontos turísticos do parque, está literalmente chorando.
No último dia 1º de maio, em plena luz do dia, o comerciante Tarcísio Pedro Barros foi alvejado com três tiros por um suposto usuário de drogas que está foragido. Moradores do bairro cobram a recuperação do parque, um dos pontos turísticos mais belos e importantes de Rio Bonito.

Por Flávio Azevedo
O Parque da Caixa D´Água
O ponto turístico mais próximo do Centro de Rio Bonito, e um dos mais belos do município, o Parque da Caixa D’Água, está cada dia mais descuidado e a mercê dos bandidos. O abandono transformou o local num paraíso para usuários de drogas, que cada vez mais buscam o parque para consumir entorpecentes e até comercializar os seus produtos. Moradora da localidade há cerca de 20 anos, uma aposentada que pede para ter a sua identidade preservada, disse a nossa reportagem que os usuários de drogas sempre buscaram esconderijo no local, “mas do jeito que está eu nunca vi!”.

– Todo mundo sempre soube que alguns meninos cheiravam ou fumavam os seus bagulhos no parque, mas eles ficavam em lugares aonde ninguém via. Agora não, eles usam aquelas porcarias (droga), na frente da gente, como se fosse muito natural! E não se pode falar nada, porque está arriscado acontecer conosco, o que aconteceu com o dono do bar, que levou três tiros de um bandidinho – desabafou a aposentada, garantindo que não vai mais ao local.

Tiros no parque

O Parque da Caixa D'Água está abandonado
O episódio comentado pela aposentada aconteceu no último dia 1º de maio. A vítima foi o comerciante Tarcísio Pedro Barros, de 48 anos, proprietário do bar que fica dentro do Parque da Caixa D’Água. Segundo testemunhas, por tentar inibir o consumo de drogas próximo ao seu estabelecimento, um suposto usuário disparou três tiros contra o comerciante. As balas atingiram o braço, o pescoço e a perna da vítima, que foi internada no Hospital Regional Darcy Vargas. O caso foi registrado na delegacia da cidade (119ª DP).

Em entrevista ao jornal O São Gonçalo, a vítima afirmou que “eu não posso impedir ninguém de vir aqui usar drogas, mas fumar maconha na ‘cara dura’ e não ter respeito com ninguém eu não acho correto. Ele (o atirador) não gostou do que falei e me deu três tiros à queima-roupa. Foi Deus que me salvou!”, disse o comerciante, lembrando que num passado recente guardas municipais davam uma sensação de segurança aos usuários do parque, “mas tudo isso foi tirado”.

Outro morador da Caixa D’Água, que por motivos óbvios pede para não ser identificado, destacou a destruição do local e revelou a ação de vândalos. “A falta de manutenção e cuidado com o local deixa o parque, um dos pontos mais lindos de Rio Bonito, com uma imagem que não tem nada haver com ele. Em cada ponto tem alguma coisa destruída. As praças, as churrasqueiras, as piscinas, os brinquedos, a ‘geladeira’ etc., estão numa situação deplorável. É perceptível o abandono. Mas a culpa não é só da Prefeitura, tem também um bando de arruaceiros que destroem tudo o que vêem pela frente”, analisou.

A dona de casa M. de 37 anos, também demonstra preocupação com o parque e lembra que no verão o local é muito concorrido. “Como nós estamos na época do frio, o número de frequentadores diminui, mas se continuar largado desse jeito, ainda mais depois que o rapaz do bar levou esses tiros, as pessoas vão procurar outro local para visitar”. A mãe de M., de 61 anos, comentou que é triste ver o parque nas condições que está. “Um lugar deste, no Centro da cidade, com entrada gratuita, não existe, mas, às vezes, eu tenho até medo de morar aqui perto”, concluiu.

Iniciativa privada

Ao jornal O São Gonçalo, a secretária municipal de Meio Ambiente, Carmem Motta, declarou que o Parque da Caixa D’Água passará por um projeto de revitalização. Ela disse também, que o Batalhão Florestal pode atuar como agente de proteção do local. Além disso, uma parceria com Cedae pode ser criada, já que o espaço guarda o primeiro reservatório de água da cidade. “Dentro do Plano Local de Desenvolvimento Sustentável do município, tem o plano de referência, que vai licitar o Plano de Manejo dos parques municipais e as Áreas de Proteção Ambiental”, explicou a secretária.

Já o prefeito José Luiz Antunes (DEM), demonstra mais pé no chão quando aborda o assunto. Ele reconhece os problemas do parque e afirma que permitir a exploração do local pela iniciativa privada, talvez seja a melhor opção. “Acredito que seria melhor para a Prefeitura, para o munícipe e para o próprio parque. Já vi isso em outras cidades e os resultados sempre são positivos”.

Outros problemas

Moradores da Caixa D’Água pedem também, a atenção do poder público para o beco que liga o bairro, a Av. Santos Dumont (beco do Dyrceu). Usuários do trecho informam que os motociclistas transitam pelo local em alta velocidade. Alguns atropelamentos já teriam acontecido. “Outro dia eu vinha do supermercado, uma moto acertou a minha bolsa, as minhas compras caíram todas no chão, mas o rapaz foi embora, disse a dona de casa Terezinha Henrique, de 48 anos. “Para nós que andamos a pé, esse atalho é muito útil, mas a Prefeitura poderia dar um jeito para que apenas pedestres passassem por aqui”, sugeriu.

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