quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Exageros e abusos de torcedores preocupam sociedade riobonitense

Por Flávio Azevedo

Ilustração real
O falecimento da aposentada Albertina Guimarães Antunes, 83 anos, vítima de um atropelamento na Rua Dr. Mattos, próximo a Padaria Rosa de Ouro (Centro), na tarde da última terça-feira (15), por volta das 18h, encheu o riobonitense de preocupação e indignação com o comportamento de algumas pessoas que saem às ruas para comemorar a vitória da Seleção Brasileira. A aposentada foi atingida por uma moto, de placa não anotada, que trafegava em alta velocidade. O casal que estava no veículo fugiu do local sem prestar socorro.

De acordo com uma testemunha, em pé na calçada, a aposentada esperava para atravessar. “Um motorista parou, mas quando ela estava no meio da rua, uma moto que não sei surgiu de onde, ultrapassou o carro e atropelou a senhora”, revelou a testemunha. A mulher estava na garupa da motocicleta teria dado um grito, mas o piloto continuou em alta velocidade.

Socorrida por uma viatura do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), a aposentada foi encaminhada ao Hospital Regional Darcy Vargas (HRDV), onde teria chegado com múltiplas fraturas e sintomas que indicavam traumatismo craniano (convulsões). Como a situação da paciente demandava atendimento especializado (neurologia), ela foi transferida para o Hospital Estadual Azevedo Lima (HEAL), em Niterói, onde faleceu na manhã do dia seguinte. Ela foi sepultada no mesmo dia no cemitério Central.

Também depois do jogo Brasil e Coréia, no bairro Boqueirão, uma colisão entre dois automóveis, vitimou Leandro Rangel da Costa, 28 anos, que foi levado ao Hospital Regional Darcy Vargas (HRDV), onde chegou com traumatismo raquimedular (lesão na coluna cervical). Na manhã do último dia 17, Leandro foi transferido para o Hospital Estadual Azevedo Lima (HEAL). Segundo testemunhas, o motorista do carro que atingiu Leandro estaria bêbado.

Indignação

Um clamor da população
Na manhã do último sábado (19), o vice-presidente do Conselho Comunitário de Segurança (CCS), de Rio Bonito, o empresário Renato Parada, o Primão, colocou uma faixa em frente ao seu escritório, na Rua Dr. Matos, no Centro, próximo ao local onde a aposentada foi atropelada, com a seguinte reflexão: “até quando iremos perder mais vidas no trânsito, devido à irresponsabilidade dos governantes?”. De acordo com Primão, na última segunda-feira (21), por volta das 14h, uma equipe da Secretaria de Desenvolvimento Urbano tirou a faixa.

Desordem e tiros na Sete de Maio

Trânsito confuso e motociclistas sem capacete.
Também no dia da primeira partida da seleção, a Avenida Sete de Maio, tradicional ponto de comemorações e excessos, além de acontecerem várias brigas, uma pessoa armada deu um tiro no meio da multidão. A agitação dos jovens era tanta, que um deles fez strip tease em plena avenida. Ele teria ficado só de sunga, mas estimulado pelos gritos de “tira, tira, tira”, acabou ficou nu.

O universitário Eduardo Vitor Siqueira, 19 anos, reconhece que muitos jovens cometem abusos e ultrapassam os limites. Siqueira, porém, reclama a ausência da polícia e faz uma sugestão: “nesses dias de comemoração e até nos fins de semana, a Avenida Sete de Maio poderia ser fechada, naquele trecho onde estão os restaurantes, para que as pessoas fiquem mais à vontade”.

Policiamento no domingo

Viaturas da Polícia Militar faziam a segurança do local.
O universitário parece ter razão, porque no último domingo (20), embalados pela vitória da seleção contra a Costa do Marfim, o riobonitense esqueceu o inverno e saiu às ruas da cidade numa grande festa. Na Avenida Sete de Maio, principal ponto de concentração de torcedores, além de duas viaturas da Polícia Militar, que faziam a segurança do local, a rua também estava fechada para o trânsito de carros. Até o prefeito José Luiz Antunes (DEM), ostentando um grande chapéu verde e amarelo, apareceu por lá. Nenhum problema mais sério foi registrado.

Apesar disso, motociclistas em alta velocidade, pilotos sem capacete (muitos menores) e motos circulando com três e até quatro passageiros trafegavam sem serem incomodados.

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