quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Erradicar o analfabetismo é um dos desafios do Brasil

9,7% das pessoas com 15 anos ou mais não sabem ler ou escrever
Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmam uma informação já conhecida: na área de educação, o Brasil ainda tem o grande desafio de erradicar o analfabetismo. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do ano passado, 9,7% das pessoas com 15 anos ou mais não sabia ler ou escrever – o que corresponde a 14,1 milhões de brasileiros. Em relação ao ano anterior, quando a taxa foi estimada em 10%, houve redução de apenas 1% – só 0,3 ponto porcentual. De 2004 para 2009, a cifra caiu 1,8 ponto porcentual.
O índice coloca o Brasil em 11º lugar no ranking de analfabetismo da América do Sul. Segundo dados da Unesco, o país estaria na frente apenas de Peru (10,4%) e Guiana Francesa (13%). Nações como Guiana (1%), Uruguai (2,1%) e Argentina (2,4%) lideram a lista, com índices bem inferiores aos brasileiros.
A taxa elevada de analfabetismo assusta. Pior, a velocidade com que ela é reduzida não é animadora, de acordo com Cláudio de Moura Castro (foto), especialista em educação e colunista da revista Veja. “O analfabetismo brasileiro está concentrado na população mais velha, e parte dessa população morre a cada ano, por isso, a taxa diminui pouco a pouco, lentamente, e a evolução vem mantendo o mesmo ritmo de queda”, diz.
O especialista questiona, assim, o sucesso da própria política educacional em seu objetivo de erradicar o analfabetismo. “Hoje, temos programas de alfabetização para jovens e adultos, mas eles têm um impacto muito pequeno nessas estatísticas, não podem ser apontados como responsáveis pela queda do número de iletrados”, afirma. Por essa razão, alerta o especialista, extinguir o analfabetismo será uma tarefa da natureza, a ser realizada por meio do óbito das parcelas mais velhas da população.
Outro dado também deve ser levado em conta: com quase 100% das crianças na escola, apenas uma parcela muito pequena dos jovens hoje é considerada analfabeta. Contudo, o fato de estarem na escola não garante uma alfabetização completa. Segundo dados do próprio Pnad, a taxa de analfabetismo funcional entre pessoas de 15 anos ou mais foi estimada em 20,3% – 0,7 ponto porcentual menor do que a verificada em 2008 e 4,1 pontos porcentuais menor do que a de 2004. Essas pessoas não frequentaram a escola por mais de quatro anos.

Segmentação

A maior concentração de analfabetos ocorre entre os brasileiros que têm 25 anos ou mais, estando 92,6% deles nesse grupo. Entre as pessoas que têm 50 anos ou mais, a taxa chega a 21%. “Essa é uma parte da população que não teve condições de se educar e que, ainda hoje, tem dificuldade para deixar esta condição”, afirma Cimar Azeredo Pereira, gerente de integração da Pnad. O Nordeste é a região que apresenta a maior concentração de iletrados do país, com 18,7%. Já o Sudeste, tem a menor taxa, apenas 5,5%, ou 4,7 pontos porcentuais a menos que a média nacional.

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