Por Flávio Azevedo
O presidente do Hospital Regional Darcy Vargas , Luis Gustavo Siqueira Martins (em pé). |
Parecendo estar adivinhando os episódios do último dia 15 de junho, quando entre outros incidentes, uma mulher de 83 anos, morreu depois de ter sido atropelada por um motociclista, o presidente do Hospital Regional Darcy Vargas (HRDV), Luis Gustavo Siqueira Martins, presente na reunião do Conselho Comunitário de Segurança (CCS), do dia 19 de maio, cobrou maior vigilância sobre as motos e motociclistas. Segundo ele, em todo ano de 2009, a emergência do hospital recebeu 193 vítimas de acidentes de moto. “Na última partida do Campeonato Brasileiro de 2009, quando o Flamengo foi campeão, entre 15 e 21h, ocorreram nove acidentes de moto, sendo três deles com traumatismo craniano”.
Vontade política, prestígio das autoridades riobonitenses junto aos governos federal e estadual e a mudança na forma de fazer política, “que deve ser comunitária e não partidária”, são carências que, segundo Gustavo, contribuem para que os problemas que envolvem a segurança do município não se resolvam e continuem se arrastando ao longo dos anos.
Em 11 minutos, o presidente do HRDV discorreu sobre um problema que desagrada a todos: o desordenado trânsito de Rio Bonito e o número irrisório de policiais militares da cidade. “O que assistimos normalmente nas ruas são motocicletas transitando sem os assessórios de segurança, o piloto, o carona, um terceiro passageiro, e, às vezes, quatro”.
A constatação do presidente do HRDV é que “a motocicleta transformou-se num veículo de transporte familiar”. De acordo com ele, a falta dos acessórios de segurança é infração de trânsito, “mas quando a moto vira transporte familiar, um menor está sendo exposto a riscos, o que é uma infração penal”. O presidente acrescenta que nesse momento surge a dúvida de quem deveria fiscalizar a situação.
– A Guarda Municipal (GM) não pode atuar, porque ainda não criaram o Agente de Trânsito. Já a Polícia Militar (PM), pela falta de um convênio entre estado e Prefeitura, também não pode atuar. Porém, um menor correndo riscos é uma infração penal, onde a PM pode atuar sem problemas – ponderou.
Efetivo policial
Para o presidente do HRDV, um efetivo policial diário de quatro homens é preocupante. Mas ele destaca que esta é uma questão que foge do comando do 35º Batalhão de Polícia Militar (BPM), responsável pelo policiamento dos municípios de Silva Jardim, Rio Bonito, Tanguá, Cachoeira de Macacu e Itaboraí. “Esse deveria ser o primeiro problema a ser discutido quando se conversa sobre segurança pública”.
Para mudar esse quadro, segundo Martins, não adianta reclamar com o comandante do BPM. “Essa é uma questão de representação política junto ao estado. Não adianta ficar sentado discutindo acidentes, assaltos e arrombamentos, porque não existe efetivo para coibir esses problemas, que deveriam ser discutidos num âmbito maior”, sugeriu.
Delegacia precária
A Delegacia de Polícia de Rio Bonito (119ª DP) |
Sobre a Delegacia de Polícia de Rio Bonito, a 119ª DP, o presidente do HRDV comentou a dificuldade que é trabalhar numa unidade que não oferece segurança, condições de trabalho e não tem equipamentos, “o que também foge a atribuição do delegado”, destacou.
– Esse problema só será resolvido quando Rio Bonito tiver peso político. Não estou falando de política partidária, mas de política comunitária. A Guarda Municipal, que não tem poder ostensivo, se junta a PM e a PM se junta a Guarda, porque este foi o jeito encontrado para oferecer segurança, mas isso é segurança de verdade? – questionou.
O aumento da criminalidade na região, segundo Martins, está sendo motivado pela repressão imposta na capital. “Em comunidades como Jacarezinho e Dona Marta, que tem um efetivo de 250 policiais, os índices de criminalidade baixaram. Mas será que a arma do bandido foi trocada por uma Carteira de Trabalho? Ele trocou a vida marginal por uma profissão? Não, simplesmente a presença ostensiva da polícia naquela comunidade afugentou o bandido, que certamente está indo para os lugares onde o efetivo policial é menor”, alertou.
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