sábado, 11 de setembro de 2010

Parto Normal x Parto Cesáreo

Uma criança que vem ao mundo através de um parto cesáreana
O número de cesarianas realizadas, hoje, no Brasil é altíssimo. Por medo da dor, pressão do obstetra, desinformação sobre as possibilidades de realização de partos ou pela comodidade de agendar o momento de parir, são muitas as mulheres que escolhem ter seus filhos por meio de uma cirurgia. Recentemente, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, admitiu que “precisamos combater a epidemia de cesarianas que atinge o país”.

O Brasil é o campeão mundial em partos cesarianos realizados na rede particular de saúde. A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera 15% a taxa máxima aceitável destas cirurgias. No Brasil, porém, essa indicação parece ser ignorada. Se no Sistema Único de Saúde (SUS) 30% dos partos realizados são cesarianas, no sistema privado, o índice é de 80%. O governo federal instituiu no país, em junho de 2000, o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento. Até agora, 2.287 municípios já aderiram à iniciativa em todo o território nacional, sendo que dos 92 municípios do estado do Rio de Janeiro, somente 45 aderiram ao programa.

Os dados são do site da campanha Parto Normal Está no Meu Plano, promovida pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e pelo Ministério da Saúde. Além de recorrer às cesarianas de forma indiscriminada, atualmente, existe uma série de procedimentos-padrão nas maternidades que deixam o bem-estar da mãe em segundo plano para acelerar o processo de nascimento. São dois os objetivos: ter os leitos livres e evitar que médicos demorem fazendo o parto.
Uma criança que vem ao mundo através de um parto normal
Nos últimos anos tem crescido o número de profissionais de saúde que não se orgulham dos altos índices de cesarianas no Brasil. É cada vez maior, também, o número de mulheres que optam pelo parto humanizado, que segundo os defensores da prática, devolvem à mulher a liberdade, autonomia e oferece uma postura ativa durante o parto.

Especialistas e obstetras afirmam que o parto humanizado não comporta “pressa nem agenda”, permitindo que o ritmo, do bebê e da mãe, seja respeitado. No parto humanizado é a mulher quem dá as cartas, e cabe aos profissionais que estão acompanhando o momento, dar apoio e indicar como o parto pode acontecer mais tranquilamente. Para não se indispor com colegas que defendem a cesariana, alguns profissionais preferem ficar no anonimato ao opinar. “O parto humanizado tenta devolver à mulher, aquilo que nós, médicos, tiramos dela, o protagonismo. Eu não faço parto, eu assisto os partos”, afirma um obstetra.
Uma criança que vem ao mundo através de um parto natural feito na água
Para garantir que a mulher tenha mobilidade e conforto, as salas de parto deveriam ter pequenas piscinas para serem cheias de água quente, porque ela ajuda a diminuir as dores. Banquetas apropriadas para o parto de cócoras também deveriam ser utilizadas. O mais importante é que a mulher sinta confiança, conforto e tenha condições de buscar maneiras que facilitem – a ela, não os profissionais envolvidos – o parto.

O perigo da ocitocina

A ocitocina é um hormônio que a mulher produz naturalmente, mas é usado para estimular as contrações uterinas
Alguns procedimentos utilizados rotineiramente deveriam ser decididos e discutidos com a futura mãe. Um deles é o uso da ocitocina, um hormônio que a mulher produz naturalmente, que é responsável pelas contrações uterinas. Essa substância é colocada no soro, para aumentar o número de contrações e fazer o bebê nascer mais rápido. Porém, como as contrações aumentam, a mulher sente mais dor. Alguns médicos alertam, inclusive, que o bebê pode morrer por conta das contrações acontecerem num ritmo mais acelerado que o natural, o que é, inclusive, citado na bula da medicação.

Evite a episiotomia

A episiotomia é um corte feito na vagina, para facilitar a passagem do bebê, mas tem sido feito corriqueiramente 
Procedimento utilizado em quase todos os partos naturais hospitalares, a episiotomia é um corte feito na vagina, para facilitar a passagem do bebê e para proteger a musculatura da pélvis. O procedimento, no entanto, é questionado pela OMS, por trazer conseqüências desagradáveis, entre elas, a perda da sensibilidade no local da cicatriz, ou dor durante as futuras relações sexuais. A realização da episiotomia sem o consentimento da parturiente é considerado, “antiético” por alguns especialistas. Quando aplicadas com critério, as taxas de episiotomia não ultrapassam a 15%. Aliás, qualquer número maior que este pode indicar que o procedimento está sendo utilizado como rotina e não como último recurso.

Casas de Parto

Outra opção para as gestantes é procurar uma Casa de Parto, onde o procedimento será realizado com enfermeiras obstetras. Porém, tais locais estão cada vez mais escassos, porque a maior parte dos médicos não informa às pacientes que existe a opção de realizar o parto fora de um hospital. É possível, inclusive, que eles façam campanha contra estas instituições.

Nas Casas de Parto, a mulher vai encontrar um ambiente muito diferente dos hospitais, por ser mais descontraído, aconchegante e com profissionais treinados para diminuir a dor do parto natural. Outra característica desses locais é integrar o acompanhante ao processo do parto. É garantido e desejável que a mulher esteja junto do esposo ou qualquer familiar mais chegado durante a concepção, e também nos pré-natais.

Outra possibilidade é a realização do parto em casa, que deve ser feito apenas em casos de gravidez de baixo risco e quando a saúde da mãe e do bebê está perfeita. É necessário, porém, que a mãe entre em contato, no começo da gravidez, com uma equipe que realize o procedimento. A mobilidade e a utilização dos recursos disponibilizados no parto humanizado – ambiente familiar e aconchegante – dá segurança e tranquilidade a parturiente.

Durante o parto, hormônios, que são facilmente inibidos, circulam no corpo da mulher. Assim, é necessário que a parturiente esteja se sentindo segura e confortável, o que acontece se ela estiver em casa, o seu ambiente natural.

Fonte: Revista Caros Amigos

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