Por Flávio Azevedo
O presidente da Associação dos Produtores Rurais de Braçanã (Apronã), Eduardo Marmo. |
Aproveitando que a Secretaria de Agricultura, Indústria, Comércio e Turismo de Rio Bonito tem novo comando – assumiu a pasta no último dia 1º de junho, a arquiteta e sanitarista, Dayse Said de Barros – reproduzimos nesta edição, a entrevista do presidente da Associação dos Produtores Rurais de Braçanã (Apronã), Eduardo Marmo, que participou do programa “O Tempo em Rio Bonito”, da rádio Sambê FM (98,7), no último dia 23 de maio. “Se o homem do campo não planta, o homem da cidade não almoça e não janta”, disse Eduardo, numa referência ao enfraquecimento da área rural de Rio Bonito.
Segundo o presidente da Apronã, vale à pena investir nos produtores rurais de Rio Bonito, porque os produtos originados em outros centros chegam com preços muito mais elevados para o consumidor. Ele disse que conversou com um parlamentar sobre o assunto. “Eu me queixei com um vereador sobre a nossa situação, mas ele disse que eu tenho que procurar o ‘caboclo’, se referindo ao prefeito José Luiz Antunes (DEM). É brincadeira?”, reclamou.
Antes de comentar as carências dos produtores rurais de Braçanã, Marmo disse que o poder público só se lembra da localidade na época de eleições. “As famílias mais numerosas são as mais visitadas. Eu costumo dizer que os políticos vão a Braçanã para dar prejuízos, porque quando aparecem é para comer uma galinha da roça, tomar um cafezinho e gerar despesas”, ironizou.
A Apronã
A Associação dos Produtores Rurais de Braçanã (Apronã), de acordo com o seu presidente, foi criada há cerca de cinco anos, para que unidos através da entidade, os produtores tivessem mais força para reivindicar, do poder público, melhorias para o setor. “A Apronã é composta por produtores de banana, farinha, apicultores, pessoas que já há alguns anos estão esquecidas pelo poder público. Aliás, a localidade de Braçanã está abandonada”, disse Eduardo.
A cessão de um Box no Mercado Municipal, no Centro, segundo o presidente da Apronã, foi um benefício importante concedido pelo prefeito José Luiz Antunes (DEM), “mas além de não termos uma pessoa disponível para tomar conta do local, as condições precárias das estradas de Braçanã, e as dificuldades com o transporte público impediram que nós continuássemos com o Box”, pontuou.
Transporte precário
A RJ - 120 passa por dentro do rio e nunca teve ponte |
Segundo o presidente da Apronã, transporte público em Braçanã, somente as segundas e sextas-feiras, às 8h e 15h30min. Nos demais dias da semana (terça, quarta, quinta, sábado e domingo), o transporte é feito por Kombis, que cobram R$ 5,00. Como as estradas estão muito ruins, os veículos quebram com frequência. “Estradas mal conservadas é o argumento da empresa de ônibus para não mandar os veículos para Braçanã. A alternativa é a Kombi, que ida e volta custa R$ 10,00, um valor absurdo para quem paga e irrisório para quem recebe”, calcula Eduardo.
Lavoura e carvoarias
Forno de carvão encontrado pela fiscalização da Secretaria Estadual de Meio Ambiente |
Os produtores rurais da localidade se queixam que nos últimos 10 anos uma praga atingiu a lavoura de banana, que ficou muito prejudicada. “A Secretaria de Agricultura não deu nenhum suporte aos lavradores e não fez nenhuma pesquisa para saber que praga é essa e como nós poderíamos combatê-la”. O presidente da Apronã disse que “eu já vi supermercado vendendo banana prata a R$ 4,00, mas o produtor vende a R$ 0,17. Apesar disso, nós não temos suporte para melhorar esta condição”.
O presidente da Apronã revelou que para combater a praga dos bananais e auxiliar o produtor, o estado cedeu alguns técnicos e equipamentos para Emater e deixou por conta das prefeituras, o combustível, mas o município não cumpriu a sua parte. “Para você ver como o setor rural é esquecido, nós perdemos o Núcleo de Defesa Sanitária Animal para Tanguá, simplesmente porque a Prefeitura de Rio Bonito não ofereceu um local adequado para abrigar o órgão”.
Uma das localidades rurais mais produtivas de Rio Bonito, há cerca de 15 anos, produzia, por mês, 100 mil quilos de banana. Hoje, a produção é de apenas 15 mil quilos. “Os jovens do lugar tiveram duas opções: sair para a cidade em busca de emprego ou virar carvoeiro”.
Sobre a produção de carvão, denunciada na última edição do TEMPO EM RIO BONITO, o presidente da Apronã comentou que essa realidade é fruto da falta de opção. “A lavoura de banana acabou, mas o chefe de família precisa sustentar os filhos. Até que chega um momento que a única oportunidade é derrubar uma árvore para que ele consiga alimentar a família”, ponderou Eduardo.
Turismo
O salto de Salto de Braçanã recebe, no verão, milhares de turistas |
Um dos pontos mais procurados do município é o salto de Salto de Braçanã, que também está abandonado. Apesar de não ter a devida atenção, nos domingos de verão é comum o local receber mais de mil banhistas. “Se não fosse o empresário Moisés, proprietário de algumas terras por lá, aquele local estaria largado. O engraçado é que depois que ele, sozinho, cuidou do local, um vereador fotografou o lugar e colocou na Kombi dele. Além disso, eu tenho certeza que o prefeito conhece a nossa situação, porque na época das eleições, em 2008, os três candidatos visitaram Braçanã e apresentaram projetos de revitalização para o Salto e para toda localidade”, concluiu Eduardo.
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