sábado, 11 de setembro de 2010

Editorial da 4ª edição: "O tempo do fim"

No dia 25 de junho de 2009, o rei do Pop, Michael Jackson, deixou uma lacuna no coração dos seus fãs e admiradores. O garoto negro que fez fama e fortuna, mas nunca conseguiu encontrar a felicidade, morreu, apesar de afrodescendente, com a cor da pele tão branca quanto qualquer norte americano de origem anglo-saxônica. Aliás, num país homofóbico como os Estados Unidos, a cor da pele, certamente, trouxe inúmeros constrangimentos para o cantor, sobretudo no início da carreira.

Apesar do talento e do sucesso, Michael Jackson não teve forças para lutar e lidar com os seus medos e fraquezas – sentimentos normais a qualquer ser humano. Ele não soube usar a fama, a riqueza e um planeta jogado aos seus pés ao seu favor. Pelo contrário, passou a utilizar substâncias que dessem a ele, pelo menos por um pouco de tempo... Esconderijo. Se Gonzaguinha cantou que “viver é não ter vergonha de ser feliz”, o astro Pop pensava exatamente o contrário.

O objetivo era dormir, dormir, dormir e dormir... Por quê? Muito simples! Enquanto dormia, Michael Jackson não sentia dores e não tinha problemas para resolver. Até que no dia 25 de junho, a dose foi maior, o seu coração parou... E Jackson morreu. Morreu sem responder uma pergunta, que, talvez, nem ele fosse capaz de responder: “o que o rei do Pop tinha na cabeça?”.

Cerca de um ano depois da morte de Michael Jackson, em meio a uma fossa coletiva, por conta da eliminação da seleção de futebol, na Copa do Mundo, o brasileiro vê desaparecer outra celebridade. O goleiro Bruno, um dos ídolos do clube ‘mais querido do Brasil’. É lógico que existe uma grande distância entre Bruno e Michael Jackson, mas no coração do torcedor rubro-negro e daqueles que gostam de futebol... Existe uma lacuna.

Jovem, 25 anos, com fama, dinheiro, filhos, Bruno era ator de sucesso em dois palcos respeitados no mundo inteiro: o Flamengo e o Maracanã. Mas o seu castelo virou pó e a Justiça aponta o goleiro como mandante do assassinato de uma das suas amantes. Na cadeia, junto com aqueles que teriam executado o crime, o goleiro transmite uma frieza, que impressiona os experimentados policiais que trabalham no caso.

De acordo com a narrativa de um dos envolvidos, a crueldade do crime transforma em desenho animado qualquer filme de terror de Hollywood. O próprio Jason, do filme Sexta-Feira 13, parece um comportado escoteiro, diante da violência demonstrada pelos algozes de Elisa Samudio. No caso Bruno, volta a aparecer àquela pergunta: “o que Bruno e os seus comparsas teriam na cabeça?”.

Filosofia, sociologia e até, a psiquiatria, juntas ou separadas, não conseguem explicar as cabeças de Bruno ou de Michael Jackson. Culpar políticos ou modelos econômicos, também é insuficiente. Resposta razoável, só na velha e esquecida Bíblia. S. Paulo, por exemplo, escreveu que “o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males” (1ª Timóteo 6.10). Já S. João escreveu: “o mundo jaz no maligno e carece da glória de Deus” (1ª João 5.19). Isso sem falar no alerta de S. Lucas: “nos últimos dias acontecerão coisas espantosas... Homens desmaiarão de terror na expectativa das coisas que sobrevirão ao mundo.” (Lucas 21.11 e 26).

O problema é que a infantilidade, o desejo e o consumismo tomaram o lugar de Deus. O relativismo, hoje, defendido por alguns líderes religiosos, e até igrejas tradicionais, tem dominado as escolhas do homem. Enquanto o mundo agoniza em busca de um norte, líderes religiosos brigam entre si, preocupam-se em arrecadar, ensaiam carreiras políticas e abandonam os valores religiosos para seguir as suas próprias e estrábicas opiniões.

No conhecido Sermão da Montanha (Mateus 5.13 e 14), Jesus disse que o cristão é a luz do mundo e o sal da terra. Contudo, o cristão, seja ele seguidor de qualquer credo, está dormindo. Observando esse cenário, o mundo faz aos cristãos, aquela pergunta feita, lá trás, a Michel Jackson e Bruno: “o que se passa na cabeça dos cristãos?”.

Desafio: devemos, atendendo o conselho de Jesus Cristo, acender a nossa lâmpada e colocá-la num local bem alto, para que ela ilumine os caminhos. Acreditamos que nós poderíamos temperar o mundo com o sal da Justiça, da misericórdia, da paciência, e, sobretudo, do amor ao semelhante. Para quem vive num mundo recheado de patifes, e que muitas vezes é governado pela injustiça, isso é um enorme desafio. Mas o conselho que S. Paulo escreveu em Efésios 6.12 nunca foi tão atual: “a nossa luta não é contra a carne, nem contra o sangue, mas, sim, contra as hostes espirituais da maldade!”.

Pensemos nisso!

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