domingo, 3 de junho de 2012

Pág. 3 - Delegado de Rio Bonito pede atenção para os ‘golpes’

Flávio Azevedo

O delegado Paulo Henrique da Silva Pinto diz que os golpistas estão à solta
A manutenção do fechamento da Av. Castelo Branco (Rua dos Bancos) não foi o único assunto de destaque da reunião do Conselho Comunitário de Segurança (CCS) de Rio Bonito, no último dia 14 de maio. Segundo o delegado Paulo Henrique da Silva Pinto, os golpes, modalidade de crime muito manjada, continuam fazendo vítimas pelo Brasil e também em Rio Bonito. De acordo com o delegado, apesar do natural constrangimento, “o assunto precisa ser abordado e exposto para que menos pessoas sejam vítimas”.

De acordo com ele, recentemente, em Rio Bonito, uma pessoa recebeu um telefonema informando que ela havia sido sorteada pelo “Caminhão do Faustão”, mas para receber o prêmio seria preciso que ela depositasse certa importância em determinada conta. “Também temos a história do sequestro. Alguém liga imitando uma criança chorando ou uma mulher desesperada. O bandido diz que só libera a pessoa mediante ao depósito de determinada quantia. Depois da transferência do dinheiro a vítima descobre o engano”, alertou.

Vários tipos de golpes

Outros três golpes que estão sendo empregados por bandidos é o sujeito que chega a determinado estabelecimento comercial falando ao telefone celular. Enquanto ele fala no telefone, ele comenta com um funcionário do estabelecimento que o patrão, supostamente conversando com ele do outro lado da linha, está mandando que a pessoa lhe entregue uma quantia. “A atuação do bandido é tão convincente que o funcionário cai no golpe”, disse o delegado.

Outro golpe é o bandido que se apresenta em determinado comércio como engenheiro e profissional em dedetização e limpeza. Ele diz já ter prestado serviço para determinado empresário importante da cidade e que esse empresário o indicou para esse novo serviço.
– Em algumas situações, os bandidos chegam a sugerir que o dono do estabelecimento deixe a chave da loja com ele, para que ele faça a limpeza a noite e não atrapalhe o expediente. No outro dia o empresário chega para descobrir que o bandido fez a limpa nos equipamentos e mercadorias – frisa.

O caso da compra do cheque também tem acontecido. A pessoa adquire alguma mercadoria e paga com cheque. O golpista, porém, está de olho. No dia seguinte, logo cedo, o bandido vai ao estabelecimento, diz que o dono do cheque é seu patrão e/ou conhecido e que ele mandou trocar o cheque por dinheiro. “Ele compra o cheque e modifica o valor. Sendo assim, um cheque de R$ 80,00 vira um cheque de R$ 2 mil e o prejuízo é do empresário”, alerta o delegado.

Um pouco de história 

O termo “Conto do Vigário” teria sido originado em Ouro Preto, no século XVIII, quando duas paróquias disputavam a posse de uma imagem. Um dos vigários sugeriu que a peça fosse amarrada a um burro que estava solto na rua. Seria declarada dona da imagem, a igreja para onde o animal se dirigisse. Passados alguns dias, descobriu-se que o tal burro pertencia ao pároco que propôs a disputa – da qual, logicamente, saiu-se vencedor.

Nasce nesse tempo, inspirado nesse ocorrido, o termo “vigarista, numa referência ao vigário espertalhão. O “Conto do Vigário” passou a ser sinônimo de trapaça que para acontecer precisa que a vítima apresente uma característica básica: ingenuidade.

Mas podemos classificar certas vítimas como ingênuas? Dos mais infantis aos mais sofisticados, os golpes precisam de alguém ganancioso. É comum a pessoa que cai no “Conto do Vigário”, antes de descobrir o golpe, estar alimentando a expectativa de levar vantagem sobre alguém.

Em 2008, a mídia noticiou que a mãe de uma atriz caiu no golpe do bilhete premiado. Segundo seu depoimento, um homem aproximou-se, disse que era analfabeto e mostrou um bilhete premiado da Mega-Sena (R$ 2 milhões). Outro sujeito se aproximou e confirmou a veracidade da história. Diante da confirmação, a mãe da atriz aceitou trocar jóias e dinheiro – calculado em R$ 270 mil – pelo bilhete, que logicamente era falso.

Ninguém notou o mal caratismo dessa senhora? Que tal investir R$ 270 mil para faturar R$ 2 milhões de um analfabeto burro? Não seria mais honesto ela ajudar o analfabeto a encontrar uma Casa Lotérica, onde ele receberia orientações sobre o que fazer para receber os R$ 2 milhões (caso a história fosse real)? Ela, como muitos outros, pagou o preço por ser, no mínimo, gananciosa!

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