quarta-feira, 27 de junho de 2012

Pág. 2 - Análises e comentários sobre o Teatro Municipal de Silva Jardim

Flávio Azevedo

O espetáculo "Ensaio de Vidas Cruzadas" inaugurou o palco do Teatro Municipal Zezé Macedo.
No último dia 31 de maio, Silva Jardim abriu as portas do Teatro Zezé Macedo. O município de Tanguá também está próximo de inaugurar o seu teatro. E o Teatro Municipal de Rio Bonito, alguém sabe informar a sua localização? Ué... Não tem? Mas por que ainda não construíram um equipamento desses por aqui? Estamos falando da “cidade risonha”, que é cantada em prosas e versos como sendo um celeiro de artistas, músicos, poetas, escritores e intelectuais.

Como se não bastasse, pessoas estão questionando a construção de um teatro em Silva Jardim, sob o argumento de que a “Terra do Capivari”, em comparação a Rio Bonito, é pequena, tem poucos habitantes e existem outras prioridades. Mas espere um momento: “quem disse que os poucos moradores do município vizinho não têm direito ao lazer e ao teatro?”. Outra coisa: “quem disse que a Cultura não é prioridade”?

Esse tipo de pensamento inverte o debate sobre o setor cultural de Rio Bonito, que há alguns anos está em coma e respira com a ajuda de aparelhos. Na propalada “Cidade Risonha” não se sabe ao certo onde é a “Casa da Cultura”; a Biblioteca Municipal Celso Peçanha, está mal acomodada sobre o Supermercado Tinoco; e a Secretaria Municipal de Cultura... Foi fechada e transformada num departamento sem graça, e, sem ação, da Secretaria Municipal de Educação e ‘Cultura’. Uma iniciativa bisonha e sem sentido.

Segundo informações do prefeito Carlos Pereira (Tanguá), ainda esse ano, o município, que até recentemente era um Distrito de Itaboraí, também terá o seu Teatro Municipal. Já Rio Bonito não conta sequer com uma sala de cinema. Não fosse a “Sociedade Municipal e Dramática Riobonitense”, que abriga várias manifestações culturais; e, mais recentemente, o “Espaço Cultural Lona na Lua”, grupo que vem ganhando prêmio por onde passa, o cenário poderia ser ainda mais assustador.

Gostaríamos de agradecer ao prefeito José Luiz Antunes, o fato da nossa cidade não ter um teatro. Por conta dos seus três mandatos, o senhor é conhecido como “o prefeito das obras”, mas esqueceu do teatro. Agradecemos também a ex-prefeita Solange Almeida. Ela também não construiu o teatro. A senhora é conhecida como “a prefeita que gosta de gente”, mas por ter fechado a Secretaria de Cultura, também carrega o apelido de “prefeita que não gosta de Cultura”.

Podemos acrescentar a esses personagens, os ex-prefeitos Alcebíades Moraes Filho (um dos escritores riobonitenses) e Aires Abdala, que deixaram muitas realizações em nossa cidade, é verdade, mas não deixaram um Teatro Municipal. Segundo os mais antigos, no tempo que esses senhores e seus antecessores administravam Rio Bonito, a nossa cidade tinha Carnaval, Festivais de Poesia, Festivais da Canção, mas eles não construíram o teatro e não viram o nosso cinema definhando.

O que poucos percebem é que em Rio Bonito, a vida toda a Cultura morou de favor. Ela nunca teve uma um espaço exclusivo dela. Isso, porém, é perfeitamente compreensível, quando se percebe que a Cultura, e, logicamente, o teatro, estimulam a opinião, fomentam o espírito crítico e provocam o questionamento.

Quando paramos para analisar a história política e social de Rio Bonito, nós descobrimos porque não temos teatro. Exatamente para que não tivéssemos pessoas opinando, criticando, questionando, e, sobretudo, pessoas pensando.

Por outro lado...

... Para que teatro? Fazemos essa pergunta baseados nas críticas dirigidas aos poucos eventos que acontecem em nossa cidade. Já observaram que todas as vezes que se comemora o aniversário de Rio Bonito, a censura de parte da população é grande? Estão lembrados da enxurrada de reclamações às Exposições Agropecuárias? O amigo leitor lembra a quantidade de baboseiras que foram ditas, quando a Prefeitura idealizou e realizou o “Natal Bonito”?

Fica muito nítido que poucos enxergam o Lazer como uma política pública que tem o mesmo peso de setores como Saúde, Educação, Segurança, Transporte etc. Talvez seja baseado nessa lógica estrábica que o atual governo, o anterior e os que lhes antecederam não construíram o Teatro Municipal de Rio Bonito.

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