segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Pág. 1 - ATÉ QUANDO SEREMOS CONIVENTES?

Flávio Azevedo

O acidente chocou Rio Bonito. O caso ainda é assuntos nas rodinhas de bate-papo.
Na edição de outubro de 2011, o nosso editorial afirmou: “OUTROS VÃO MORRER”. À época, o que motivou o texto foi o assassinato de um jovem na Serra do Sambê. No dia quatro de janeiro de 2009, durante a solenidade de posse dos conselheiros tutelares de Rio Bonito, o padre Eduardo Braga fez algumas reflexões que tinha como alvo os conselheiros, as autoridades e principalmente as famílias. Na ocasião, ele abordou os acidentes de trânsito envolvendo jovens e adolescentes da cidade e o uso indiscriminado de drogas (lícitas e ilícitas).
– Isso é algo que deve ser pensado, porque todo fim de semana nós somos chamados para ir ao Hospital Regional Darcy Vargas ou ao cemitério – lamentou o pároco.

Cerca de um ano depois, em abril de 2010, o nosso editor escreveu um artigo sobre o pitoresco e consentido “Churralcool”, evento geralmente povoado por menores de idade. De acordo com os organizadores, a ideia surgiu entre amigos e “veio para tirar o tédio da cidade”. O primeiro “Churralcool” teria contado com a participação de 130 adolescentes. O segundo, porém, foi muito mais legal, “pois os 300 participantes se deleitaram com 23 caixas de cerveja”. Os engradados da bebida foram fotografados e expostos numa rede social, onde era anunciada a terceira edição do evento: “é galerinha, o próximo vem aí... A minha casa vai ser pequena. Vamos para o clube!”.

Vários engradados de cerveja animaram o Churralcool da criançada.
Dois anos depois, não sabemos em que edição está o tal “Churralcool”, mas nos surpreende a rejeição às orientações do padre Eduardo. Diante, porém, das últimas mortes (Natháia Mota e Luis Fernando Oliveira, adolescentes de 15 e 17 anos) – todo fim de semana acontece uma desgraça que poderia ter sido evitada – não é possível não se indignar com a flagrante omissão dos pais e a irritante inoperância do poder público em todas as suas esferas de atuação! Quem não chorou com essas famílias? Mas adianta só chorar?

Esse cenário caótico já foi identificado por autoridades eclesiásticas, pelos veículos de comunicação, pelos Conselhos Comunitários, por instituições como OAB e Hospital Darcy Vargas, mas aqueles que poderiam fazer alguma coisa estão cegos pela ganância, pressionados pela covardia, seduzidos pelo poder, embriagados com o vinho do dinheiro fácil e brigam apenas pelos seus próprios interesses.

Aos 15 anos, Nathália Mota morreu prematuramente por conta de um acidente. Vamos permitir que isso continue acontecendo? 
Mudanças não acontecerão apenas com “Caminhada Pela Vida”, com “Mobilização da Sociedade Civil Organizada” ou com “Iniciativa Política”. Essa página só será virada se nós (cidadãos) fizermos a nossa parte. A vigilância, a fiscalização e as providências precisam começar em casa. Ser contrário a isso é esperar para saber “quem será o próximo”.

Um comentário:

  1. acho que só vai ter um jeito. aproveitar que nossa cidade é pequena e ter TOQUE DE RECOLHER. Menor de idade na rua depois das 10 da noite, seria PRESO! Antes PRESO do que MORTO!

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