segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Pág. 26 - Entrevero entre guarda municipal e cidadão mexe com a opinião pública

Flávio Azevedo

Os guardas municipais, Vargas e Nepomuceno (D), conduzindo Eden até a Prefeitura.
A última sexta-feira (27/01) é mais um daqueles dias que ficarão na história negativa de Rio Bonito. As imagens (foto e filmagem) de um guarda municipal com o uniforme sujo de sangue arrastando um jovem algemado deve ser uma das que mais circularam na Internet e nas Redes Socais nas últimas horas. A cena gerou indignação e revolta aos internautas e entre as pessoas que acompanharam o entrevero entre um guarda e um funcionário de uma empresa de Internet.

De acordo com o diretor da Guarda Municipal de Rio Bonito (GMRB), o policial militar licenciado, Márcio Soares, houve uma desavença entre o Guarda Nepomuceno, e o funcionário de uma empresa de Internet, Eden Paixão (24 anos). Segundo ele, o entrevero teve início nos cones que impedem o trânsito na Av. Castelo Branco (rua dos bancos), no lado da Praça Fonseca Portela. “O nosso guarda pediu que o rapaz não estacionasse naquele local. Ele puxou o carro mais para frente, mas ainda em local indevido. Depois de nova abordagem, o guarda teria sido desacatado”, contou Soares.

Segundo fontes, já existiria uma rusga antiga entre ambos. O diretor da GM não confirmou essa versão, mas também não negou, em entrevista que concedeu por telefone no último sábado (28/01). “Nós lamentamos profundamente o que aconteceu, repudiamos qualquer tipo de violência e o caso foi registrado na 119ª DP”. Soares também informou que Nepomuceno está afastado das ruas e além da investigação que será feita pela Polícia Civil, também haverá um processo administrativo para apurar a sua ação.

Entrou de gaiato

O entrevero foi o assunto mais comentado do fim de semana nas redes socias e nas ruas de RB. 
Preocupado com a repercussão do fato, o guarda municipal Ubiratan Vargas disse em entrevista também no último sábado, que está sendo acusado “injustamente de agressor”. Ele revelou que estava em outro local e apenas deu apoio ao colega de farda quando viu o tumulto. “Eu não sei o que provocou a desavença. O colega diz que ele jogou o carro em cima dele; o rapaz, que já estava sangrando, disse que levou uma estocada do colega, mas eu só cheguei para ajudar. Eu não posso dizer mais nada, porque eu não vi o que aconteceu”, contou Vargas.
– Infelizmente, eu acabei me envolvendo, mas apenas para apoiar o colega. Eu nem sei direito o que aconteceu. Só vi o rapaz correndo, o guarda atrás dele e a população atrás do guarda. O problema é que como eu apareço nas fotos e filmagens, muitos estão depositando a agressão na minha conta. Eu tenho oito anos de serviços prestados à Guarda Municipal, não tenho relatos de violência no meu histórico e estou, inclusive, muito sentido com o que houve com o rapaz, que é uma pessoa que conheço – declarou Vargas.

Segundo Vargas, ele tem recebido muitos telefonemas de amigos e familiares que estão preocupados com ele. “Muita gente me ligando perguntando o que eu fiz, o que deu na minha cabeça, querendo saber o que aconteceu e isso me preocupa, porque o meu histórico é de bons serviços. Eu já ajudei recuperar carro roubado; e outra vez eu ajudei a prender um cidadão que colocava “chupa cabra” nos caixas eletrônicos dos bancos”, ponderou Vargas, para quem esse episódio foi um caso isolado e não representa a postura de todos os guardas.

A nossa reportagem ainda não conseguiu fazer contato com Eden ou com Nepomuceno para falarem sobre o ocorrido.

Nota da Redação

Não nos preocupa saber quem tem razão, porque a nossa reflexão não é específicamente sobre esse fato, mas sobre um conjunto de desmandos que há anos acontece em nossa cidade sem que ninguém tome providências. Esse não é o primeiro episódio lamentável entre guardas e munícipes (e a culpa sempre acaba sendo de ambos). Mas continuamos acreditando que Rio Bonito precisa de um gestor com perfil de síndico (eu sei que isso não é fácil, mas é o que precisamos). Ou seja, alguém que se preocupa com irregularidades menores (coisas simples e corriqueiras), mas que na sua essência servem de base para irregularidades maiores.

A Guarda Municipal de Rio Bonito precisa de uma estrutura hierárquica, com funções específicas, como acontece com a polícia. A truculência, infelizmente, em alguns momentos se faz necessária. MAS A MAIOR PARTE DO TEMPO, UMA GUARDA MUNICIPAL PRECISA ATUAR NA PREVENÇÃO. PRECISA TER UMA POSTURA PEDAGÓGICA. Em nossa cidade, porém, isso significa “tirar leite de pedra”, PORQUE NÓS RIOBONITENSES SOMOS CARENTES DE EDUCAÇÃO, RESPEITO E BOM SENSO.

Para chegar a essa conclusão não precisamos ouvir duas, três ou 15 partes. Basta analisar situações similares que aconteceram em Rio Bonito nos últimos 50 anos. Não descartamos a possibilidade de que tenha acontecido o desacato, que é inadimissível; mas também é flagrante a truculência do guarda, o que também é inadimissível.

Concluindo, acreditamos que nesses episódios, agredidos e agressores esquecem que GENTILEZA GERA GENTILEZA, o que certamente faltou em ambas as partes! Truculência de um... Desacato do outro... E duas certezas: “somos uma sociedade violenta que perdeu o respeito ao semelhante”. Para comprovar isso, basta o amigo leitor ler as postagens que circulam nas redes sociais sobre o assunto!

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