Flávio Azevedo
Sacolas, garrafas, lixo de todo espécie e até cadáveres boiam regularmente na Baía de Guanabara. |
Os números podem ser astronômicos, mas esse é o valor do contrato que o governador Sérgio Cabral e o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luis Alberto Moreno, assinaram, nessa segunda-feira (19/03), em Montevidéu, no Uruguai, para a liberação de um empréstimo de US$ 452 milhões (cerca de R$ 800 milhões), que serão empregados no Programa de Saneamento Ambiental dos Municípios (PSAM) do entorno da Baía de Guanabara.
O programa faz parte do Pacto pelo Saneamento, com o qual o Governo do Estado espera ampliar os serviços de saneamento básico da população do Rio de Janeiro para 80%. A expectativa é que em 2016 tudo esteja concluído. Segundo o governador, o Estado entrará com uma contrapartida no valor de US$ 180 milhões, totalizando US$ 630 milhões de investimentos na região da Baía de Guanabara.
– Esta é mais uma conquista para a população da Região Metropolitana do Rio. Mais de 10 milhões de pessoas serão beneficiadas em 14 cidades do entorno da Baía. Tenho orgulho de dizer que o Rio que nós assumimos com um tratamento de esgoto de 2 mil litros por segundo chegará em 2015 tratando 15 mil litros por segundo. É uma mudança revolucionária na qualidade de vida das pessoas. Investir em saneamento e tratar o esgoto é tratar a vida das pessoas de maneira respeitosa – disse.
O governador destacou a importância da parceria do Estado com instituições internacionais de financiamento, que vai proporcionar grandes investimentos para o bem-estar da população. Na solenidade, o governador estava acompanhado do presidente da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), Wagner Victer. Para o chefe do Executivo fluminense, “o Rio está virando definitivamente uma página ruim da sua”, declarou. Ele também comentou a realização da conferência ambiental Rio +20 e abordou as oportunidades de negócios no Rio por conta do calendário de eventos internacionais dos próximos anos.
Estratégia
A despoluição da Baía de Guanabara é mais um passo do governo do estado rumo à privatização da Cedae. A estatal seria arrematada por um conglomerado de empresas conhecidas da população Fluminense. São companhias que estão sempre prestando serviços para o governo do estado e executando importantes obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Depois de ver a Cedae renovar as concessões para a exploração dos recursos hídricos com todos os municípios do Estado do Rio de Janeiro, a população, que ficou ausente do debate o tempo todo (em Rio Bonito, por exemplo, não aconteceu uma única audiência pública com a população), espera pelas melhorias prometidas pelos governos, estadual e municipal.
A expectativa é que a Cedae, pela primeira vez na história, cumpra com uma das suas principais obrigações: o tratamento do esgoto, iniciativa que, em Rio Bonito, nunca foi realizada, sob o pífio argumento de que esse serviço não era cobrado na tarifa mensal paga pelo usuário. Saneamento e tratamento do esgoto sempre foi responsabilidade da Prefeitura Municipal, embora na cidade operasse uma empresa estatal que na sua nomenclatura informe ser ela responsável pela água e pelo esgoto.
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