Flávio Azevedo
A Escola Municipal Sete de Maio tem problemas estruturais crônicos. |
Via Facebook, a nossa redação recebeu fotos das condições insalubres da Escola Municipal Sete de Maio, em Nova Cidade. Não é a primeira vez que a referida unidade se torna notícia por esses motivos. Em entrevista a nossa reportagem, o prefeito José Luiz Antunes (DEM) afirmou que a escola precisa ser demolida, “porque para reformar a unidade, os valores necessários seriam semelhantes a construção de um novo prédio”. Entretanto, depois de sete anos a frente do município, o prefeito repete o governo que o antecedeu, que também não fez reformas consistentes na referida escola.
As reclamações e problemas apontados são repetições das últimas denúncias. As imagens mostram uma escola em estado de calamidade. Banheiros sem condições de uso e a cabine da bomba d’água dentro de uma sala de aula. A denunciante afirma que algumas mães não deixaram as crianças estudar por conta de uma suposta falta de merenda, de material de limpeza e até de professores (SIC).
A bomba d'água fica instalada dentro da sala de aula. |
O secretário de Obras e Serviços Públicos, Eleilton Figueiredo, disse que nas próximas semanas a unidade receberá obras de recuperação, mas reconhece que o correto seria a construção de um novo prédio. “É uma construção que tem mais de 30 anos, que precisa de profundas reformas ou ser reconstruída com novos padrões”, ponderou o secretário.
Triste realidade
Uma conversa rápida com políticos importantes do município deixa claro que os problemas enfrentados pelos moradores de Nova Cidade também são estruturais e sociais. Conversando informalmente com determinado político, ele expõe a perversidade que circula nos bastidores do poder e dá mostras da relação promíscua que existe entre políticos e eleitores.
– Nova Cidade, onde está a Escola Municipal Sete de Maio, é o bairro onde se consegue comprar votos com mais facilidade em todo território riobonitense. Não adianta fazer grandes melhorias por lá, porque o voto será entregue a quem oferecer benefícios particulares. Gente vendida tem em todos os bairros, mas a impressão que temos é que em Nova Cidade esse cenário é muito mais acentuado – revelou o político.
As fotos medonhas e tristes da Escola Municipal Sete de Maio são reais e deveriam servir de motivação para que os moradores da localidade se unissem para mudar essa suposta postura contada a nossa reportagem. O político, inclusive, critica a iniciativa da Prefeitura Municipal, que está construindo um Ginásio Poliesportivo no bairro.
– Eu não me simpatizo com a forma do prefeito José Luiz fazer política, mas sou forçado a dar a ele os meus parabéns. Afinal, ele está fazendo uma obra que em termos políticos não vai dar nenhum fruto para ele ou para o seu herdeiro político. Ninguém muda essa realidade em curto prazo, porque os benefícios almejados pela grande maioria das pessoas que moram lá são de cunho individual e não coletivos ou comunitários – disparou o político.
Moradores estão insatisfeitos, mas tem medo de se posicionar. |
Uma moradora do bairro que pede para ter a identidade preservada confirma a afirmação do político e diz que as pessoas conscientes acabam sendo penalizadas com essa “imagem ruim que a classe política tem de Nova Cidade”. Ela reclama, porém, que os políticos não visitam a localidade, que só é alvo da presença dos candidatos na época das eleições.
– Somente nessa ocasião eles lembram que nós existimos. Aí começam as reuniões de casa em casa, os presentinhos, os favorzinhos e a confecção das listinhas com os nomes das pessoas que vão trabalhar no dia da eleição para esse e aquele político – relata a moradora, acrescentando que é flagrante o assédio aos moradores que tem perfil de liderança.
De acordo com ela, os tais líderes são contratados para representar determinados políticos, “mas quando passa o período eleitoral o candidato desaparece e o tal representante acaba ficando mal com os próprios vizinhos. Já vi isso acontecer em Nova Cidade, em Boa Esperança e até em bairros próximos ao Centro, mas aqui é emblemático”, conclui a moradora.
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