Flávio Azevedo
Adriana chega acompanhada do advogado |
Muita chuva, muitos curiosos e atraso... Essas foram as principais atrações do julgamento de Adriana Almeida, de 33 anos, a viúva da Mega-Sena, que é acusada de ser a mandante do assassinato do milionário da Mega-Sena, Renné Senna, morto em sete de janeiro de 2007. O julgamento estava marcado para ter início às 10h, mas a ex-cabeleireira só chegou ao Fórum de Rio Bonito por volta das 15h50min desta segunda-feira (28).
Um dos motivos do atraso para o início do julgamento, segundo informações dos técnicos do Fórum, aconteceu porque a juíza Roberta dos Santos Braga Costa, titular da 2ª Vara Criminal de Rio Bonito, esperava a chegada de três testemunhas arroladas pela defesa da ex-cabeleireira, sendo elas um policial, um médico e um enfermeiro.
A personal trainer Janaína Oliveira, de 35 anos, e os policiais militares Marco Antonio Vicente e Ronaldo Amaral (China), também serão julgados. Segundo o Ministério Público, Marco Antonio teria participado do planejamento do crime (“auxílio moral”). Já Ronaldo foi denunciado por ter emprestado a motocicleta que foi usada pelos assassinos (auxílio material). A personal trainer, segundo o processo, vai a júri por ter apresentado o ex-PM Anderson Sousa (já condenado) à viúva. Ela chegou ao Fórum com o filho de um ano, que ainda amamenta.
Familiares acompanham
Familiares de Renné "querem Justiça" e estaavam anciosos pelo julgamento |
Quase todos os irmãos do milionário compareceram ao Fórum e esperavam o início do julgamento. Familiares de Adriana também estiveram no local. A juíza chegou por volta das 10h30min e disse que o julgamento deve levar de três a quatro dias. Diante dessa notícia, um dos irmãos do milionário, Elcio da Conceição Senna, de 48 anos, disse não se importar e afirmou que está determinado a acompanhar o julgamento mesmo que se estenda por vários dias. “Vamos tentar acompanhar tudo. Mesmo que demore. Vou ficar aqui até um ano para vê-la condenada”.
Outra irmã, Miriam da Conceição Sena, de 47 anos, comentou que não aguenta mais esperar o encerramento do caso. “Estamos há muito tempo esperando esse julgamento, mas sempre acontece alguma coisa para adiar”, se queixou. Já Ângela Senna, de 44 anos declarou que “meu irmão não merecia morrer daquele jeito. Era uma pessoa maravilhosa. Mal teve tempo de nos ajudar”.
A declaração mais forte, porém, é de Alcimar Santos, 56 anos. Segundo ele, durante todo o tempo em que Renné e Adriana estiveram juntos, ela tentou e conseguiu afastá-lo dos irmãos. Ele citou um aniversário do milionário que ela não deixou a família entrar. “Fomos informados que não tinha ninguém em casa. Eu forcei a entrada e quando cheguei lá dentro todo mundo estava lá”, comentou.
Um dos acusados, Marco Antonio Vicente, chega com o advogado. |
Informações do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro dão conta de que o julgamento será demorado porque cerca de 40 pessoas devem ser ouvidas. O julgamento, que ocorre quatro anos após o assassinato, deveria ter sido realizado no último dia 4 de outubro, mas o advogado de Adriana, Jackson Costa Rodrigues, informou ter tido um acidente vascular cerebral, o que provocou o adiamento. Hoje, caso a defesa apresentasse outro argumento de enfermidade, a viúva seria representada pela Defensoria Pública.
A filha do milionário, Renata Senna, chegou acompanhada pelo seu advogado, por volta das 9h30m. Dos reús, apenas o PM Marco Antônio Vicente estava no local.
Fortuna hoje é de R$ 70 milhões
Renné Senna faturou sozinho R$ 52 milhões na Mega-Sena, em 2005. Atualmente, a fortuna está avaliada em R$ 70 milhões. Desde o crime, nenhuma das duas herdeiras pôde dispor do dinheiro, já que todas as contas bancárias e bens foram bloqueados pela Justiça.
Milionário desconfiava de Adriana
Renata Senna chegou com seu advogado |
Testemunha de acusação no julgamento, o segurança Adalberto Lucena voltou a dizer que a viúva impedia Renné Senna de ver a família, mas mesmo assim, o milionário saía algumas vezes. Ele também disse que o casal teve uma briga séria poucos dias antes do crime. O milionário teria dito que Adriana, que estaria insistindo na compra de uma casa em Arraial do Cabo, o que não era a vontade de Renné, gastava demais.
Lucena disse ainda, que os também seguranças Anderson e Ednei (já condenados) foram demitidos porque o patrão teria descoberto que eles não eram policiais militares. O milionário tomou ciência da mentira por outro segurança, Davi, que acabou morto numa embosca. A própria viúva teria dito que ele e Davi corriam risco, porque os demitidos os culpavam pela decisão do milionário.
Sobre o testamento, o segurança contou que Renné era ciumento e desconfiava da mulher. O milionário teria dito Adriana estava mentindo muito. Para Adalberto, Renné teria revelado que a ex-cabeleireira já havia sido incluída no testamento, mas, que depois da briga do réveillón o nome dela seria retirado do documento “para acabar com essa palhaçada” (a traição).
O julgamento foi interrompido por volta de 2h da madruga e está marcado para ser reiniciado amanhã após o almoço (terça-feira).
Fotos: Jornal Extra e O dia
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