Flávio Azevedo
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A partir da esquerda: Treco, Luciano e Fernando, eles estão presos em Água Santa. |
Depois da tentativa frustrada de furar uma blitz, três homens de Rio Bonito foram presos em flagrante por policiais do Rio de Janeiro (Benfica). Segundo a polícia, eles portavam 128 gramas de maconha, 85 cápsulas de cocaína, 15 pedras de crack e munição de revólver, calibre 38. A droga estava escondida nas portas e no assoalho do carro dos acusados. A prisão teria acontecido no último dia 29 de outubro.
Para escapar do flagrante, o motorista do veículo, Luciano de Farias, de 31 anos, que estava acompanhado de Fernando Melo (Calango) e um colega identificado como Fábio (Treco), teria oferecido aos policiais, no momento da prisão, o carro (um gol verde), duas motos e cerca de R$ 6 mil. Como não conseguiu, ele disse que era filho de um procurador federal.
De acordo com o delegado Luciano Zahar, da 60ª DP (Campos Elíseos), onde o caso foi registrado, eles terão que responder por tráfico de drogas, porte irregular de munição, “e, unicamente, Luciano vai responder pelo crime de corrupção ativa”, disse o delegado. Eles estão presos no presídio Ary Franco (Água Santa).
Reincidência
Não é a primeira vez que riobonitenses são surpreendidos por policiais, no Rio de Janeiro, quando estão trazendo drogas para Rio Bonito. Há cerca de 10 anos, um grupo de jovens envolvidos com o tráfico de drogas local também tentou furar uma blitz e foram presos. Segundo fontes, à época, o carro utilizado seria um veículo oficial e entre os presos estaria o assessor de um político da cidade.
Em sua defesa, os jovens teriam argumentado que não sabiam o que era uma blitz e que aceleraram o carro porque pensaram ser, a blitz, uma ação de bandidos. Eles também teriam dito que por serem de uma cidade do interior, não estariam familiarizados com essa situação. O caso teria sido acomodado por interferência política. Na ocasião, algumas pessoas criaram adesivos que teria o objetivo de ironizar o caso. O dizer “nós é da roça!”, que tem várias definições, foi estampado, à época, em vários veículos da cidade e seria uma provocação política. Mas existe quem discorde dessa versão.
Como é de praxe em cidades interioranas, sobretudo quando se trata de casos onde pessoas públicas e/ou de destaque (ou alguém ligado a elas) estão supostamente envolvidas nessas situações, a história não teria sido divulgada de forma oficial. O caso teria sido introduzido no folclore político local, onde milhares de acontecimentos, muitos deles verídicos, estão arquivados para posteriormente serem descaracterizados ao serem contados como anedotas e pilhérias em rodas de amigos.
Polemizando
Segundo fontes, as famílias dos rapazes presos em Benfica estão tentando libertá-los, mas não está fácil. Mas da acordo com um caso recente existe uma alternativa que pode ajudar. Caso essas famílias consigam um atestado médico, onde o profissional ateste que os rapazes são doentes, usuários de drogas compulsivos, que eles não podem viver sem usar drogas e que todo esse carregamento era para o próprio consumo, eles serão liberados.
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Augusto Correa preso e liberado
por um atestado médico |
Foi o caso do jovem Augusto Ferreira Correa, de 25 anos, que foi preso no dia 5 de maio, no Centro de Rio Bonito, por policiais militares. Ele portava cerca de ½ Kg de maconha, uma mini-balança digital, um revólver de ar comprimido, dois celulares e R$ 50,00. À época, o delegado Paulo Henrique da Silva Pinto disse que Augusto foi liberado por ter documentos que comprovavam a sua dependência química.
– A lei não diz com que quantidade é tráfico ou uso. Um cigarrinho pode ser tráfico e ½ quilo pode não ser. Todo flagrante é encaminhado a Justiça e ao Ministério Público. E no nosso entender, não houve tráfico nessa situação, porque ele não vendia, nem oferecia, ele portava a droga – disse o delegado.
Sobre a arma de brinquedo, o delegado disse que ela foi encontrada na casa de Augusto e ressaltou que Augusto é doente. “Existe uma farta documentação médica que comprova essa história, inclusive, com internações. Ele está morando em Rio Bonito, exatamente, para se afastar das amizades indesejadas. O rapaz tem um quadro de síndrome de abstinência que se passar um dia sem fumar, ele passa mal e documentos comprovam isso”, frisou o delegado.
O delegado também afirmou que “na casa de Augusto, não foi encontrado material de endolação, agenda de prováveis clientes e produtos químicos que caracterizassem a existência do tráfico”.
Nota da Redação: será que entre os rapazes presos em Benfica, haveria alguma agenda com nome de prováveis clientes? Aliás, os três rapazes não vendiam, nem ofereciam a droga. Eles apenas portavam a droga. Além disso, se esse volume for dividido pelos três amigos o volume será insignificante, diante do ½ quilo de maconha encontrado com Augusto Correa.
Acreditamos que os pais que lutam com filhos usuários de drogas precisam, com urgência, tratar o filho e buscar um atestado médico que comprove a doença dele (dependência química). Assim, o constrangimento de ser mostrado nos noticiários como traficante de drogas, o que não é agradável, será evitado.