Dawson Nascimento
Nessa edição estaremos compartilhando
curiosidades históricas de Rio Bonito. Alguns documentos de grande valor cultural para
historiografia em geral. Dados que nos
trazem apontamentos importantes sobre a sociedade do período colonial em nossa
cidade e que fazem parte do acervo
eclesiástico das paróquias de Rio
Bonito e Boa Esperança. Nesse primeiro momento vamos citar alguns assentos de
batismos, casamentos e testamentos, até então, nunca publicado em um jornais
locais.
Os regístros começam em 1788 e são referentes
as primeiras famílias batizadas em nossa cidade, escravos do continente
africano, índios e pessoas livres da antiga freguesia do Rio Bonito do século
XVIII a início e meados do XIX. Os textos foram copiados respeitando a grafia
da época,conforme se encontram no texto original. A igreja igreja só legitimava
os filhos de pessoas casadas (na igreja) e isso valia para pessoas livre
e escravos. Os filhos nascidos fora desse contexto eram chamados de filhos
naturais.
Batismo do filho de uma índia, moradora de Catimbau, em 1787.
{Livro 1, páginas 21, A}
1º – Aos dez dias do mês de Dezembro
de mil setecentos e oitenta e sete, nesta igreja matriz de NS da Conceição do
Rio Bonito, baptzei solenemente a Claudio, nascido a vinte oito de Outubro, filho
natural de Ana Maria, índia de nação moradora no Catímbau, foram padrinhos
Francisco das Chagas e sua mulher Maria
Francisca. Assistentes no Rio Seco, do que fiz esse assento. O Vigário Marcello
Correa de Macedo.
{Livro 1-páginas 104}
Aos oito dias do mês de Dezembro de
mil setecentos e oitenta e oito, nesta freguesia do Rio Bonito, baptizei
solenemente a Marcella, inocente, filha natural de Maria do gentio de Guiné, escrava
de José Rodrigues da Costa. Foram padrinhos, José, escravo de Marcos Rodrigues,
e Joana, escrava de Brígida Maria, viúva, do que fiz esse assento o Vigário
Marcello Correia de Macedo
Batismo de uma escrava do ano de 1789
{Livro 1-páginas110- V}
2º – Aos quatorze dias do mês de Abril de mil
setecentos e oitenta e nove, nessa freguezia do Rio Bonito, baptizei
solenemente a Antônia, nascida à cinco do dito, filha natural de Isabel, de
nação Angola, escrava de Francisco Martins Paez. Foram padrinhos Antônio pardo,
escravo de Antônio Martins Paez e Caetana, escrava de Elena Maria da Conceição,
viúva, de que fiz esse assento, o vigário Marcello Correia de Macedo.
Batismos em Rio Bonito no Século XIX
Batismos de escravos com alforria
concedida na pia batismal
{Livro de Batizados-4,páginas 24}
Aos dezenove de Junho de 1869,
baptizei solenemente, no oratório aprovado do Rio do Ouro, a inocente Leopoldina,
nascida a três de Abril deste ano, filha natural de Virgínia parda, escrava de
Dona Maria Joaquina da Conceição, viúva de José Vieira de Souza. Foram
padrinhos, Targine Vieira de Souza e Vitoriana de nação, escrava da mesma
senhora. Ao administrar esse baptismo, declarou-me José Vieira de Souza,
perante as testemunhas, Manoel dos Santos Moreira, e Francisco Martins Coelho, que
sua mãe, a dita Maria Joaquina da Conceição, mandava dar liberdade na pia
baptismal, a mesma inocente Leopoldina sem condição alguma, como se livre nascesem do ventre materno, e pediu-me
que assim o declarasse no assento do seu baptismo, o qual ele como procurador
bastante de sua mãe assinava com as referidas testemunhas, que são também dessa
vontade e mandado. Do que para constar lavrei o presente termo que assinei com
o dito procurador e as testemunhas já
mecionadas.
O vigário
Virtulino Bezerra Cavalcante, José Vieira de Souza, Manoel dos Santos Moreira, Francisco
Martins Coelho.
Livro nº 1 de regístro de óbitos da
igreja de NS da Conceição de Boa Esperança.
Assento de óbito de José Martins da
Fonseca Portella, pai do patrono da praça da cidade, que foi morto por Manoel
Samburá, preto forro da mãe do falecido, ocorrido no dia 14 de Outubro de 1884.
Aos 15 dias de Outubro de 1884, depois
de solenemente encomendado pelo então Vigário Egydio Antônio Vieira, foi
sepultado em carneira da irmandade, José Martins da Fonseca Portella, viúvo de
Dona Cândida Maria da Fonseca Portella, do que fiz esse assento. O Vigário Luís
Marques de Brito.
Cartas de Alforria condicional
concedida a uma escrava no ano de 1864
Livros de compra e venda de terras e
escravos. Livro de inscrições especiais Cartório do primeiro e segundo ofício de Rio Bonito.
Digo eu, Silvéria Maria do Bom
Sucesso, que entre os bens que possuo, sou senhora e possuidora de uma escrava
de nação Cassange de nome Joana, de quarenta e oito anos, pouco mais ou menos,
a qual pelos bons serviços que me tem prestado, de hoje em diante, fica só sujeita a servir-me e acompanhar-me tão
somente durante a minha vida, e do dia do meu falecimento em diante poderá
gozar então a sua inteira liberdade, como se nascesse de ventre livre, sem
dependência de mais alguma outra
obrigação, e por ser esta carta feita por minha livre e sem
constrangimento de pessoa alguma, os meus herdeiros a respeitarão, como tal, e
o que peço a Justiça de sua Magestade Imperial lhe deem todo inteiro rigor, por
não saber ler nem escraver, pedi a Manoel José de Souza que esta por mim fizesse e assinasse em presença das
testemunhas abaixo assinadas.
Capivary, vinte e nove de Janeiro de
mil oitocentos e sessenta e três, artogo da Senhora Dona Silvina Maria do
Bonsucesso, Manoel José de Souza, como testemunha que este ví fazer em presença
da senhora dona Silvéria Maria do Bomsucesso, José Pereira da Costa Júnior, José
Francisco Coelho. Número dez-duzentos. Pagou duzentos réis de selo. Rio Bonito
primeiro de Outubro de 1864. Pires.Klensorgen.
E o que contém a referida carta de liberdade, a qual o que
fielmente registrei e dou fé estar conforme o próprio signal. Rio Bonito
primeiro de Outubro de mil oitocentos e sessenta e quatro. Eu Francisco Pinto Ribeiro
Espídola tabelião interino escreví. Deste mil réis.
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