segunda-feira, 6 de maio de 2013

Pág. 18 - Fragmentos da história de Rio Bonito

Dawson Nascimento

Nessa edição estaremos compartilhando curiosidades históricas de Rio Bonito. Alguns documentos  de grande valor cultural para historiografia  em geral. Dados que nos trazem apontamentos importantes sobre a sociedade do período colonial em nossa cidade e que fazem parte do acervo  eclesiástico  das paróquias de Rio Bonito e Boa Esperança. Nesse primeiro momento vamos citar alguns assentos de batismos, casamentos e testamentos, até então, nunca publicado em um jornais locais.

Os regístros começam em 1788 e são referentes as primeiras famílias batizadas em nossa cidade, escravos do continente africano, índios e pessoas livres da antiga freguesia do Rio Bonito do século XVIII a início e meados do XIX. Os textos foram copiados respeitando a grafia da época,conforme se encontram no texto original. A igreja igreja só legitimava  os filhos de pessoas casadas (na igreja) e isso valia para pessoas  livre  e escravos. Os filhos nascidos fora desse contexto eram chamados de filhos naturais.

Batismo do filho de uma  índia, moradora de Catimbau, em 1787.
{Livro 1, páginas 21, A}
1º – Aos dez dias do mês de Dezembro de mil setecentos e oitenta e sete, nesta igreja matriz de NS da Conceição do Rio Bonito, baptzei solenemente a Claudio, nascido a vinte oito de Outubro, filho natural de Ana Maria, índia de nação moradora no Catímbau, foram padrinhos Francisco das Chagas e  sua mulher Maria Francisca. Assistentes no Rio Seco, do que fiz esse assento. O Vigário Marcello Correa de Macedo.

{Livro 1-páginas 104}
Aos oito dias do mês de Dezembro de mil setecentos e oitenta e oito, nesta freguesia do Rio Bonito, baptizei solenemente a Marcella, inocente, filha natural de Maria do gentio de Guiné, escrava de José Rodrigues da Costa. Foram padrinhos, José, escravo de Marcos Rodrigues, e Joana, escrava de Brígida Maria, viúva, do que fiz esse assento o Vigário Marcello Correia de Macedo

Batismo de uma escrava do ano de 1789
{Livro 1-páginas110- V}       
2º – Aos  quatorze dias do mês de Abril de mil setecentos e oitenta e nove, nessa freguezia do Rio Bonito, baptizei solenemente a Antônia, nascida à cinco do dito, filha natural de Isabel, de nação Angola, escrava de Francisco Martins Paez. Foram padrinhos Antônio pardo, escravo de Antônio Martins Paez e Caetana, escrava de Elena Maria da Conceição, viúva, de que fiz esse assento, o vigário Marcello Correia de Macedo.

Batismos em Rio Bonito no Século XIX

Batismos de escravos com alforria concedida na pia batismal
{Livro de Batizados-4,páginas 24}
Aos dezenove de Junho de 1869, baptizei solenemente, no oratório aprovado do Rio do Ouro, a inocente Leopoldina, nascida a três de Abril deste ano, filha natural de Virgínia parda, escrava de Dona Maria Joaquina da Conceição, viúva de José Vieira de Souza. Foram padrinhos, Targine Vieira de Souza e Vitoriana de nação, escrava da mesma senhora. Ao administrar esse baptismo, declarou-me José Vieira de Souza, perante as testemunhas, Manoel dos Santos Moreira, e Francisco Martins Coelho, que sua mãe, a dita Maria Joaquina da Conceição, mandava dar liberdade na pia baptismal, a mesma inocente Leopoldina sem condição alguma, como se  livre nascesem do ventre materno, e pediu-me que assim o declarasse no assento do seu baptismo, o qual ele como procurador bastante de sua mãe assinava com as referidas testemunhas, que são também dessa vontade e mandado. Do que para constar lavrei o presente termo que assinei com o dito procurador e as  testemunhas já mecionadas.

O vigário Virtulino Bezerra Cavalcante, José Vieira de Souza, Manoel dos Santos Moreira, Francisco Martins Coelho.

Livro nº 1 de regístro de óbitos da igreja de NS da Conceição de Boa Esperança.
Assento de óbito de José Martins da Fonseca Portella, pai do patrono da praça da cidade, que foi morto por Manoel Samburá, preto forro da mãe do falecido, ocorrido no dia 14 de Outubro de 1884.
Aos 15 dias de Outubro de 1884, depois de solenemente encomendado pelo então Vigário Egydio Antônio Vieira, foi sepultado em carneira da irmandade, José Martins da Fonseca Portella, viúvo de Dona Cândida Maria da Fonseca Portella, do que fiz esse assento. O Vigário Luís Marques de Brito.

Cartas de Alforria condicional concedida a uma escrava no ano de 1864

Livros de compra e venda de terras e escravos. Livro de inscrições especiais Cartório do primeiro e  segundo ofício de Rio Bonito.

Digo eu, Silvéria Maria do Bom Sucesso, que entre os bens que possuo, sou senhora e possuidora de uma escrava de nação Cassange de nome Joana, de quarenta e oito anos, pouco mais ou menos, a qual pelos bons serviços que me tem prestado, de hoje em diante, fica  só sujeita a servir-me e acompanhar-me tão somente durante a minha vida, e do dia do meu falecimento em diante poderá gozar então a sua inteira liberdade, como se nascesse de ventre livre, sem dependência de mais alguma outra  obrigação, e por ser esta carta feita por minha livre e sem constrangimento de pessoa alguma, os meus herdeiros a respeitarão, como tal, e o que peço a Justiça de sua Magestade Imperial lhe deem todo inteiro rigor, por não saber ler nem escraver, pedi a Manoel José de Souza que esta  por mim fizesse e assinasse em presença das testemunhas  abaixo assinadas.

Capivary, vinte e nove de Janeiro de mil oitocentos e sessenta e três, artogo da Senhora Dona Silvina Maria do Bonsucesso, Manoel José de Souza, como testemunha que este ví fazer em presença da senhora dona Silvéria Maria do Bomsucesso, José Pereira da Costa Júnior, José Francisco Coelho. Número dez-duzentos. Pagou duzentos réis de selo. Rio Bonito primeiro de Outubro de 1864. Pires.Klensorgen.

E o que contém  a referida carta de liberdade, a qual o que fielmente registrei e dou fé estar conforme o próprio signal. Rio Bonito primeiro de Outubro de mil oitocentos e sessenta e quatro. Eu Francisco Pinto Ribeiro Espídola tabelião interino escreví. Deste mil réis.

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