segunda-feira, 6 de maio de 2013

Pág. 13 - Sociedade Musical e Dramática Riobonitense em rota de colisão com o Grupo SoMu D Riba


Flávio Azevedo

Juka Goulart em cena com o espetáculo “As Desgraças de Uma Criança”, de Martins Pena.
Grupo teatral que se confunde com a História da Sociedade Musical e Dramática Riobonitense (SMDRB), o “SoMu D Riba”, que é liderado pelo ator Juka Goulart, está em litígio com SMDRB, de onde, segundo Juka, o seu grupo foi “enxotado” e sequer foram informados do “porque dessa afronta, já que o nosso grupo é quem manteve a SMDRB funcionando durante os últimos 17 anos”. Artista que detém inúmeros prêmios e em várias categorias, Juka é conhecido em todo território fluminense. Ele afirma que está aguardando “pelo menos uma explicação do que ocorreu para sermos tratados dessa forma pela diretoria da SMDRB”.

Segundo Juka Goulart, em 2010 o ator Flávio Migliaccio, por conta dos seus compromissos e atividades na TV Globo, deixou a direção da SMDRB e com ele toda a diretoria acabou saindo. Como aconteceu em inúmeras outras ocasiões, ele (Juka) foi procurado para assumir a direção da instituição, mas por entender que as suas atividades artísticas seriam atrapalhadas pelo compromisso de administrar a SMDRB, “eu preferi não assumir essa responsabilidade”.
– Como a diretoria ficou vaga, eu convidei as professoras, Cristina Mello e Renata Mansour para ocupar esse cargo, justamente para tomar conta dessa parte burocrática. Mas elas deram um golpe e acabaram com o grupo de teatro, o que é uma doideira. Elas querem transformar o espaço num teatro comercial e literalmente nos expulsaram. Não houve um acordo, fomos apenas comunicados e quando chegamos para ensaiar tinham trocado a fechadura da porta para nós não entrarmos – disparou o ator, acrescentando que todo material cênico foi comprado por ele e por Flávio Migliaccio.

No ano passado, segundo Juka, não houve reuniões para se discutir a questão. Quando combinavam algum encontro “era sempre marcado no horário do meu ensaio”. A sua principal reclamação é a falta de explicação do motivo do afastamento do Grupo SoMu D Riba da Sociedade. O ator comenta ainda, que é humilde a ponto de pedir desculpa. “Eu não sei o que fiz para suscitar tanto ódio”, reclama Juka, destacando que a SMDRB sempre foi bem representada por ele, os prêmios conquistados por ele foram muitos “e, hoje, eu sou a pessoa mais conhecedora de teatro da cidade”.
– Os meus e-mails não eram respondidos, não sei o motivo de acabarem com o grupo. Não falam nada... Afirmam que o espaço não é de um grupo, mas não fazem as reuniões necessárias. Esse assunto não se resolve em cinco minutos e eu estou sendo obrigado a ensaiar na minha casa. Acho que elas estão surtadas e, como elas dizem, estão demonstrando não ter condições de dirigir a SMDRB, que está totalmente acabada, destruída e sem movimento cultural algum – destacou Juka, que questiona a legitimidade da diretoria, porque “o número de pessoas que participaram da eleição (13) foi menor do que determina o Estatuto (15).

O ator Juka Goulart apresenta outra questão que pode significar prejuízos para a SMDRB e para o Grupo SoMu D Riba. “Nós fomos contemplados com um prêmio do governo do Estado, do Edital “Novas Cenas” e estamos completamente envolvidos com o espetáculo “Álbum de Fámilia”, do Nelson Rodrigues. Por isso, nós estamos muito atarefados”, conta o ator, acrescentando que a direção da SMDRB está se prejudicando e podem acabar, inclusive, perdendo o imóvel para a família da pessoa que doou o local para a SMDRB.
– Agora, a ironia das ironias é que, obrigatoriamente, nós temos que nos apresentar na nossa cidade e na nossa casa, ou seja, na SMDRB. Elas proibindo a nossa apresentação na SMDRB, nós ficamos devendo ao Estado, mas como o grupo é da SMDRB, a sociedade também vai ficar inadimplente com o Estado, ou seja, estão se auto-sabotando e eu não sei o que estão querendo com isso – reclama Juka, afirmando que na carta de doação do saudoso comerciante Olívio Ozório Rodrigues, fica firmado que caso a SMDRB se extingua, o imóvel retorna para o patrimônio da família do doador, que já é falecido. “Os imóveis de Rio Bonito estão supervalorizados, o terreno é bem localizado, no Centro da cidade e, logicamente, a família vai querer agregar aquela propriedade ao seu patrimônio”.

Procuradas pela nossa reportagem, as professoras Cristina Mello e Renata Mansour, que estão à frente da SMDRB, afirmaram não querer polemizar a questão, disseram não querer dar nenhum tipo de resposta ao que foi dito pelo líder do Grupo Teatral SoMu D Riba; disseram que o prédio não será devolvido a família do doador; e se limitaram a dizer que “ele (Juka) sabe sim o que motivou a direção da SMDRB a tomar essa decisão”. As professoras ficaram de marcar um encontro com a nossa reportagem, mas até o fechamento dessa edição esse contato não ocorreu.

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