segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Pág. 4 - As controvérsias do Carnaval, uma velha discussão


Flávio Azevedo

Estamos às portas do Carnaval. Em Rio Bonito, porém, a folia não será a altura das tradições da cidade. É o que vem informando os integrantes do alto escalão do governo municipal de Rio Bonito. O anúncio provocou o descontentamento de alguns foliões e carnavalescos. Diante desse cenário, surge a notícia de que o prefeito de Petrópolis, Rubens Bomtempo, anunciou que os recursos da “festa de Momo”, orçados em R$ 1 milhão, serão direcionados a saúde do município.
– Não é o cancelamento do Carnaval. Apenas os recursos, que seriam encaminhados para a festa serão direcionados à Saúde. Estamos pensando no bem-estar da população – disse o presidente da Fundação de Cultura e Turismo, Juvenil dos Santos, destacando que outros tradicionais eventos petropolitanos estão mantidos.

Rio Bonito

Na “Cidade Risonha”, há quem diga que a administração municipal deveria repetir a iniciativa, uma vez que no último dia 03 de janeiro, em entrevista coletiva, a prefeita Solange Almeida (PMDB) anunciou que a dívida da Prefeitura Municipal (restos a pagar) é de cerca de R$ 21 milhões. “O ex-prefeito José Luiz Antunes me apresentou um balancete que mostrava uma dívida de R$ 15 milhões. Entretanto, com os débitos do município com Instituto de Previdência dos Servidores Municipais de Rio Bonito (Iprevirb) esse valor chega a R$ 21 milhões”, declarou a prefeita, que apresentou uma série de problemas que ela terá de enfrentar para sanear as dívidas do município e por a casa em ordem.

Polêmica

É claro que o Carnaval é uma festa que representa a essência do brasileiro. Entretanto, é importante se aprofundar no assunto. O aprofundamento começa com a pergunta “porque é preciso mais que R$ 50 mil para se realizar um evento que tem o nome de maior “festa popular” do país?”. Diante desse cenário, convém lembrar que o Carnaval não é uma manifestação do povo há muito tempo! Culpa do poder público, que inventou um “negócio” chamado SUBVENÇÃO, instrumento que deveria ser repensado. A essência do folião que prepara a sua fantasia para sair e brincar o Carnaval (tudo isso pago pelo seu bolso) deu lugar ao “vamos fazer um bloco para faturar o dinheiro da Prefeitura, de um político ou de uma empresa”.
Há muito tempo que o Carnaval, assim como o Futebol, deixou de ser uma brincadeira e se transformou num negócio na essência da palavra. Aliás, um negócio excludente, onde o pobre (com quem surge o Carnaval) não tem vez. O pobre pode até participar, mas que seja empurrando o carro alegórico que carrega a atriz famosa da televisão. Nas cidades do interior não é diferente!

Opinião do folião

Fica muito nítido que é obrigação do poder público providenciar a infraestrutura necessária para a diversão dos foliões, mas salta aos olhos que os verdadeiros amantes do Carnaval não precisam de recurso público para se divertir. O sujeito realmente apaixonado pela “festa de Momo” realiza, durante o ano, bingos, almoços, eventos, festas juninas, bailes, sempre com o objetivo de arrecadar dinheiro para o ‘gran finale’: o baile de Carnaval ou o desfile da agremiação do seu coração na avenida!
– As pessoas tornaram-se dependente do poder público em todos os setores e no Carnaval não é diferente. A meu ver, o município deveria entrar apenas com recurso estrutural e promocional. Bancar o evento deveria ficar por conta da iniciativa privada, sobretudo dos principais interessados. Ou seja, lojistas e setores do comércio que lucram com o evento – pondera um folião que pede para não ser identificado.
Experiente e acostumado a participar ativamente das “festas de Momo” em Rio Bonito, o folião acrescenta que “por outro lado, a Prefeitura deveria estimular a independência e não consolidar o atrelamento que tem um único objetivo: encabrestar o folião e puxar a influencia dos líderes carnavalescos para o seu lado, porque daqui a pouco tem eleições e ele precisa se reeleger”, concluiu.

Folia riobonitense

Apesar dos problemas apresentados e do pequeno Orçamento (R$ 50 mil), a prefeitura promete não deixar o Carnaval passar em branco e anuncia que promoverá eventos na Praça Fonseca Portela entre os dias 8 e 12 de fevereiro, sempre a partir das 21h. Já no Mercado Municipal, das 16h às 20h, acontece a Matinê. A expectativa do governo municipal é que “cerca de oito mil foliões, diariamente, estejam nas ruas da cidade”, que busca resgatar os antigos carnavais da Praça Fonseca Portela.
Artistas locais como a banda Filhos da Noite; a cantora Íris Diniz; além da Sinfônica Ambulante, grupo de Niterói, são as atrações do evento. Banheiros químicos serão disponibilizados para conforto do público, que também contará com a segurança reforçada.
f$ � f m h � Hn� l","sans-serif"'>“Vai ser diferente”

Desde que a prefeita Solange Almeida foi eleita, nós ouvimos em cada canto da cidade que “tudo será diferente”. Diante dessas expectativas nocivas a qualquer gestão, vale ressaltar que a prefeita não tem em mãos uma varinha de condão. Ela tem sim, uma caneta para despachar; colaboradores e secretários, ainda em adaptação; e um povo que se habituou a ser carregado nas costas. Sendo assim, é bom ir de vagar com o andor.

Falta desconfiômetro

Durante uma campanha eleitoral, votantes e votados parecem viver num mundo de faz de conta. Gente, não existe uma “fada madrinha” para transformar a carruagem em abóbora e ratos em garbosos cavalos. Por isso, durante o período eleitoral, muita gente classificava essa coluna como contra fulano, contra sicrano, por deixarmos claro que não seríamos enganados pelo que, educadamente, chamaremos de entusiasmo dos políticos e eleitores. Aliás, o famoso bom senso, caso fosse usado, em todo Brasil não precisaríamos de comício, propaganda política, entre outras baboseiras que dominam a alienante corrida eleitoral!

Crítica

Aos que questionam a nossa postura diante do novo governo (que realmente não chegou ao comando da cidade com a nossa simpatia), convém esclarecer que será a mesma que mantivemos no governo anterior. Aquilo que for passível de crítica será criticado, o que nós concordarmos será elogiado. E, detalhe: continuaremos opinando livremente sobre o que entendermos ser o melhor para a nossa cidade em todos os seus setores. Vale lembrar ainda, que esse negócio de 40, 15, 70 e “nenhum deles me agradou” ficou lá no dia 7 de outubro. Hoje, tem um grupo comandado a cidade e torcer contra é se posicionar contra Rio Bonito.

Novas Secretarias

Afinal de contas, elas saem ou não do papel? De acordo com um vereador, o volume de pastas pretendidas é um pouco de mais. Seriam elas: Segurança, Cultura, Anti Drogas, Desenvolvimento Econômico, Gestão, Turismo, Comunicação, Projetos, Trabalho e Assuntos Religiosos. Sinceramente, nós ainda acrescentaríamos uma pasta que poderíamos chamar de “Direito do Consumidor”, porque em Rio Bonito, não temos a quem recorrer diante de inúmeras barbeiragens que são feitas contra o consumidor. A primeira providência seria trazer um núcleo do Procon. Fica a dica!

Postura

O padre Eduardo Braga, pároco da Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, é um sujeito digno de aplausos. Diante das vaias dadas ao ex-prefeito José Luiz Antunes (DEM) durante a solenidade de posse da prefeita Solange Almeida (PMDB), ao ser convidado para fazer uso da palavra, o sacerdote iniciou as suas palavras com o seguinte comentário: “o respeito faz parte da democracia”.

A lei do retorno

Aos sem educação que vaiaram o ex-prefeito, vale lembrar que os senhores e senhoras que participaram dessa manifestação patética se igualaram aos sem educação que vaiaram a prefeita Solange Almeida quando ela entregou a gestão ao prefeito José Luiz, no dia 1º de janeiro de 2005. A verdade é que não adianta trocar os comandantes se os comandados não mudam de atitude. A manifestação é válida, mas, em seu devido lugar. Um evento desse porte não é um circo de horrores, embora alguns façam parecer.

Falta d’água

As argumentações da CEDAE para a falta d’água generalizada que assolou Rio Bonito no início de janeiro é no mínimo curiosa. Em entrevista a um jornal local, o responsável pela estatal disse que “o crescimento populacional e as altas temperaturas estão sendo responsáveis pelo desabastecimento”. Bem, nós concordamos que o COMPERJ contribuiu para aumentar a olhos vistos o número de moradores na cidade, mas também concordamos que Estado e município não se prepararam para isso. A verdade é que os últimos meses estão sendo marcados pelas altas temperaturas, pela falta de água e pela lerdeza da CEDAE, que o Estado está doido para privatizar.

Depois de privatizada...

... Não temos dúvida que a empresa vai prestar serviços mais eficientes e anunciará lucros recordes a cada ano. Quem não se lembra da ineficiente Vale do Rio Doce, que depois de privatizada – virou Vale – tornou-se uma das maiores mineradoras do mundo e uma das empresas de maior rentabilidade do planeta? O mais interessante é que nomes do alto escalão do governo estadual estão no comando das empresas que querem arrematar a “problemática” CEDAE.

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