Dawson Nascimento
A capela de Santana, no Basílio. |
O povoado de Basílio,
localizado ao oeste de Rio dos Índios, tem suas origens no século XVIII. Suas
terras faziam parte do antigo engenho de açúcar de Santana, edificado entre os
anos de 1768 a 1770, cujas terras, banhadas pelos rios Bonito, dos Índios e
Tanguá, as tornam fertilíssimas. O seu construtor foi proprietário português,
Capitão Mór Francisco Marinho Machado, natural da Freguesia de Santa Maria da
Torre de Vilar, do arcebispado de Braga.
Segundo o relatório
redigido nesse mesmo ano pelo mestre de campo Miguel Antunes Ferreira e enviado
ao Marques do Lavradio, a fazenda de Santana era uma das mais importantes da
florescente freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Rio Bonito, cuja
produção agrícola, em 1778, se destacava das demais propriedades.
Em 1778, o Engenho de
Santana produzia 25 caixas de açúcar e 20 pipas de aguardente. Tinha um
contingente de 38 escravos empregados nos serviços gerais do engenho. Cada um exercia
uma função: o mestre de açúcar, o caldeireiro, o aguardenteiro, o banqueiro,
além das demais atividades que exerciam na lavoura canavieira. Havia ainda o curraleiro,
que cuidava do curral e dos animais, o timbaleiro, o carreeiro, o pedreiro, o carpinteiro
carapina, o ferreiro, entre outros.
Origens da capela de Santana do Basílio
Desde 1770 já existia
um oratório particular dedicado a Santana, santa da devoção do Capitão Mór
Francisco Marinho Machado e sua esposa, Dona Maria Angélica do Desterro. É
notória a importância desse engenho. Ao constatar a presença de um capelão
particular percebe-se o grande poder econômico que esse senhor de engenho
possuía.
De acordo com as
nossas pesquisas, 14 anos depois, a fazenda prosperou de tal maneira que o
Capitão Mór deu início, no campo da sua fazenda, a construção de uma capela,
que dedicou a Santana. As obras foram iniciadas em 9 de Novembro de 1782 e
concluídas em 1º de Dezembro de 1786. Para esse trabalho foram contratados
mestres construtores, artistas, entalhadores e douradores, que vieram ornamentar
o interior da capela, tornando o templo um dos mais belos e bem construídos. A
qualidade da construção é notória, porque até os dias atuais ele tem resistido
aos rigores do tempo e a natural depredação.
A construção constitui
exemplar único da arquitetura da ultima fase do barroco brasileiro. O casal Francisco
Marinho Machado e Maria Angélica do Desterro são os pais do capitão Basílio
José Marinho, nascido no dia 23 de Maio de 1782. O Capitão Basílio recebeu a
fazenda por herança do seu pai e a administrou até meados do século XIX. A monografia
de Rio Bonito menciona que no dia 27 de abril de 1847, um fato marcante ocorreu
na fazenda. “Às 7 horas e 3 quartos do dia, chegou a fazenda de Santana, o Imperador do Brasil Dom
Pedro II. Ele almoçou, descansou e prosseguiu viagem para a corte do Rio de
Janeiro”.
O bairro “Basílio”,
terceiro distrito de Rio Bonito, recebeu esse nome em homenagem a um dos seus
filhos mais antigos nascido em suas terras. Já a capela de Santana, em 13 de
março de 1970, foi tombada pelo Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), como
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. É
a única edificação do nosso município que detém essa honraria.
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