segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Pág. 2 - A dívida social é maior, e mais grave, que a financeira!


Flávio Azevedo

Em janeiro de 2005, quando José Luiz Antunes assumiu a gestão do município das mãos de Solange Almeida, ele empilhou um ferro velho na Praça dizendo ser aquele, “o patrimônio de Rio Bonito” (a frota da Prefeitura). Mandiocão também reclamou uma dívida de alguns milhões, denunciou que inúmeros arquivos (IPTU, por exemplo) foram apagados, entre outras coisas. Em 2013, ao assumir a mesma Prefeitura, Solange denuncia a herança de uma dívida da ordem de R$ 21 milhões, prédios públicos sem condições de funcionamento, Orçamento não publicado, Folha de Pagamento de dezembro que não foi paga, a frota em péssimo estado, entre outras coisas.

Em vez desse tipo de publicidade – que mais nos parece uma justificativa antecipada para um ano onde nada deve acontecer – não seria mais profissional e correto, ele e ela, cada um ao seu tempo, recorrerem ao Ministério Público (MP)? Fazer o antecessor passar vergonha faz parte do jogo, mas também seria interessante apresentar as tais barbeiragens a Justiça e o MP. Fica a dica! O problema é que daqui a 4 ou 8 anos, Mandiocão pode estar de volta. Você ficaria surpreso?

Será que em 2016, os eleitores já terão mais maturidade para decidir em quem votar? Será que as inúmeras reflexões, comentários e preocupações apresentadas por inúmeros, veículos de mídia, formadores de opinião e setores da sociedade, já estarão frutificando. Veremos um povo mais consciente, menos oportunista e muito mais compromissado com a seriedade que envolve a escolha do seu representante? Quem viver verá!

É lamentável que nas conversas sobre esse tema prevaleça o espírito torcedor. Esse é o perfil de muitos comentários (contrários e favoráveis). Isso deve ser repensado. Concordamos que o legado deixado por José Luiz é bem interessante, mas não há como não condenar os absurdos que foram encontrados pela prefeita Solange, que quando saiu, em dezembro de 2004, também deixou coisas feias a serem resolvidas.

O problema é que a preferência partidária impede uma análise coerente e independente, da gestão desses dois importantes personagens da política riobonitense (Mandiocão e Solange). É irritante esse estilo provinciano que nós riobonitenses cultivamos e, às vezes, até cultuamos. Temos o hábito de abafar os erros do AMIGO e enaltecer os seus acertos. Por outro lado, amplificamos os erros do INIMIGO e abafamos os seus acertos. Até quando nós teremos essa postura infantil?

Durante esses debates é comum alguém questionar os órgãos fiscalizadores. Todavia, a incompetência começa pela Câmara de Vereadores, onde predominam o rabo preso, a barganha, o revanchismo e a pobreza de espírito. Estamos falando de uma Casa onde, notadamente, não existe espírito de liderança (tomara que o atual quadro de vereadores mude essa realidade). Junte a isso, um povo que é ávido por boquinhas, vantagens, e que defende com unhas e dentes o “ser carregado nas costas”. Essa conjuntura real, perversa e deprimente tem aniquilado Rio Bonito, o Rio de Janeiro e o Brasil.

Concluímos com uma certeza: a política só muda quando as pessoas mudam os interesses, a maneira de pensar, de agir e, sobretudo de votar! Se os interesses são individuais, a tendência é continuarmos com esse cenário horroroso que está diante de nós. Se o interesse, porém, é coletivo, as mudanças que almejamos podem começar a acontecer.

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