*Moysés Dário Alves
Onde estão os livros daquela instante
que ficava ali? Onde estão os contos que eu ouvia antes de dormir e que faziam
minha imaginação viajar pelo mundo da fantasia? Quem guardou os quadros que eu
pintei no jardim da infância? Onde está a arte? Onde está a poesia? Onde está a
música? Onde estão os versos daquele saudoso poeta esquecido nas entrelinhas do
passado? Onde estão os sonhos das nossas crianças e a motivação dos nossos
jovens? Onde está a beleza?
O que leva jovens, como Adam Lanza (20
anos), Eric Harris (18 anos), Dylan Klebold (17 anos), James Holmes, (24 anos),
Wellington Menezes de Oliveira (23 anos), entre outros psicopatas, a entrarem
em estabelecimentos como escolas e cinemas, com armamento pesado, e abrir fogo
contra crianças e pessoas inocentes e indefesas? O que explica uma atrocidade
como essa produzida pela mente “desumana” de um indivíduo, que, assim como eu e
você, vive numa sociedade organizada, “evoluída” e “livre”? Qual a explicação
para essa e tantas outras atrocidades cometidas todos os dias e que nem sempre
se tem notícia? Alguém consegue explicar? Eu desafio!
Estamos assistindo de braços cruzados
a deterioração dos valores humanos e aplaudindo o espetáculo de pé. Os pais estão
deixando que o Facebook, os tablets, o computador, a internet, os filmes de
Hollywood e os videogames eduquem seus filhos. Quando vejo filmes como Jogos
Mortais, Sexta Feira 13, O Massacre da Serra Elétrica, entre tantos outros
populares “assassinatos em série” fazerem sucesso, e serem assistidos por
jovens e adolescentes no meio da noite sem qualquer censura dos pais, como já
tive a infelicidade de presenciar diversas vezes, só me pergunto uma coisa: “Por
quê? Por que permitimos que a violência e a maldade invada nossas mentes todos
os dias e também a mente daqueles que temos a obrigação de cuidar, proteger,
educar e transformá-los em cidadãos capazes de construir uma sociedade melhor?
Por quê permitimos que a mídia eduque nossos filhos com valores violentos,
sanguinários, desumanos e imorais, deturpando e enfraquecendo sua
personalidade! Por quê?!”.
Onde estão as escolas de arte? Onde
estão as belezas da criatividade humana que é capaz de produzir coisas tão
maravilhosas como as geniais músicas de Beethoven, Chopin ou Mozart? Ou ainda
as incríveis invenções, pinturas, poesias e pensamentos de gênios como Leonardo
da Vinci, Pablo Picasso, Michelangelo e William Shakespeare? E ainda maravilhas
de artistas locais como Francisco Azevedo, Leir Moraes, “Baianinho” e tantos
outros mestres da vanguarda riobonitense que ainda resistem ao deserto de
desinteresse de jovens e adultos em preservar e desfrutar desse legado que eles
estão nos deixando.
A maioria de nós não conhecemos sequer
a biografia ou as obras desses gênios. Pergunte aos jovens e adolescentes se
eles já se interessaram alguma vez em conhecê-los. E o pior, pergunte também se
os pais alguma vez os incentivaram a fazê-lo, os estimularam a desenvolver
algum dom artístico ou a leitura e desenvolvimento da imaginação na sua
infância. Alguns afirmam que esse é um papel da escola, dos professores, da
igreja, etc. Que lástima! Esse é um papel de toda a sociedade, que começa no
âmbito familiar!
Logicamente não podemos generalizar,
mas penso que a formação de um cidadão começa no próprio lar e é nele que são
formados nossos principais valores. Quando adultos, nós temos liberdade de
escolha, de expressão, e consequentemente essas escolhas serão baseadas na
educação que recebemos desde que nascemos. E é isso que fará toda a diferença
entre um médico, um músico, um pintor, um publicitário, um engenheiro ou um
psicopata assassino sanguinário e suicida. Precisamos nos libertar dessa amarra
chamada mídia e começar a usá-la para o bem e engrandecimento do ser. Leia a biografia
de todos os citados nesse artigo e compare as infâncias de cada um. Veja se
consegue entender por que eles fizeram o que fizeram. Segundo Augusto Cury:
“Educar é ser um artesão da personalidade, um poeta da inteligência, um
semeador de idéias.” E é pela obra que se conhece o artesão.
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