segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Viúva da Mega-Sena vai a júri popular amanhã (terça-feira - 4/10)

Adriana Almeida, viúva da Mega-Sena 
Amanhã  (terça-feira, dia 4 de outubro), a cabeleireira acusada de ser a mandante do assassinato do ganhador da Mega-Sena, Rennê Senna, Adriana Ferreira Almeida, 33 anos, conhecida também como ‘Viúva da Mega-Sena’, tem encontro marcado com a Justiça: ela vai a júri popular no Fórum de Rio Bonito. O julgamento acontece três dias antes de completar exatos quatro anos e nove meses do crime, ocorrido no dia 7 de janeiro de 2007. Adriana Ferreira, que à época era casada há pouco tempo com o ex-lavrador, sentará no bando dos réus juntamente com Janaína Silva de Oliveira, amiga de Adriana, e os PMs Marco Antônio Vicente e Ronaldo Amaral de Oliveira, que também teriam envolvimento no crime. O julgamento será conduzido pela juíza titular da 2ª Vara Criminal de Rio Bonito, Roberta dos Santos Braga Costa. De acordo com previsão do Tribunal de Justiça (TJ-RJ), deve durar três dias.

No mês passado, a defesa de Adriana tentou fazer uma manobra para adiar o julgamento. O advogado Jackson Costa Rodrigues, que defende a ex-cabeleireira, entrou com recurso na Justiça de Rio Bonito alegando que, até o momento, seus pedidos de diligências não foram apreciados pela juíza. “O que eu questiono é que ela negou fazer as diligencias que eu pedi para averiguar os hospitais em que Rennê passou, provando que ela estava sempre ao seu lado, e, também, o rastreamento do celular dele. Isso iria mostrar para onde os assassinos foram depois do crime, provando que eles não se encontraram com Adriana”, argumentou o advogado. Outro ponto questionado por ele é o fato de o assistente de acusação, Marcus Rangoni, pedir o arrolamento de testemunhas. “Isso fere o Código Penal, pois apenas as partes do caso podem pedir testemunhas, ou até questioná-las, mas nunca acrescentar”, defendeu o advogado.

Na visão da promotora da 1ª Promotoria de Justiça de Rio Bonito, Priscila Naegele Vaz Xavier, responsável pela acusação, todas as diligencias pertinentes ao caso já foram permitidas e realizadas pela Justiça. “Estou com todas as provas do caso e irei apresentá-las ao júri para a apreciação. Embora a defesa esteja tentando suspender e adiar o julgamento, que é o papel dela, o Ministério Público confirma o julgamento e vamos fazer o possível para chegar ao final com a condenação de Adriana”, prometeu.

Adriana ao lado do advogado em um dos muitos depoimentos em Rio Bonito
Segundo a promotoria, Adriana teria mandado matar o marido para ficar com o dinheiro da herança, já que, com a separação, o milionário ira retirá-la do testamento. O ex-PM Anderson Sousa e o motorista Ednei Gonçalves, que mataram Rennê Senna a pedido da viúva, já foram condenados. Os dois cumprem pena de 18 anos desde 2009. Adriana Almeida, hoje, mora no apartamento que comprou em Arraial do Cabo, que está em seu nome e é o único bem da fortuna deixada por Rennê que ela ainda tem acesso.

A ex-cabeleireira, que responde pelo crime em liberdade, foi vista em Cabo Frio, na Região dos Lagos, há cerca de um mês, dentro de um carro guiado por uma pessoa não identificada. A informação foi dada por um morador de Lavras, em Rio Bonito, onde o ex-milionário foi assassinado.

‘O dinheiro muda as pessoas’

Em Rio Bonito, as opiniões divergem sobre o fim do caso. “Se ela (Adriana) fez isso que dizem (matou Rennê Sena), tem que pagar, ser condenada a pena máxima. Eu acho que foi ela. Por tudo que já disseram e mostraram, acredito que ela tenha mandado matar Rennê. Ele era uma cara tranquilo, na dele. E ela era manicure aqui na cidade, e era de paz também. Mas acho que o dinheiro pode mudar as pessoas. O dinheiro tem poder”, avaliou o aposentado Paulo César Andrade, 53 anos.

O funcionário público André Fernandez Pereira, 35, é do grupo que acredita na culpa da viúva. “Até hoje eu não vi uma prova que tirasse ela do centro da acusação do crime. Eu acho que ela tem envolvimento nisso tudo. A justiça tem que mostrar que ela funciona”, cobrou André Fernandez.

Fazenda

A Fazenda Nossa Senhora da Conceição
A Fazenda Nossa Senhora da Conceição, em Rio Bonito, que pertencia ao milionário da Mega-Sena, Rennê Senna, foi invadida no dia 14 de fevereiro de 2010 e os ladrões levaram móveis, eletrodomésticos, roupas e até o quadriciclo elétrico da vítima, que era deficiente físico. Atualmente, a fazenda está abandonada, sem qualquer tipo de manutenção. Na entrada principal, o mato está alto e a casa, que fica na entrada, está tomada por teias de aranhas.

Covardia

No bar onde o ex-milionário foi assassinado, na Estrada de Lavras, o dono, identificado como Luiz, presenciou a execução. “Foi uma covardia muito grande. Ele era indefeso, praticamente uma criança ”, lembrou o comerciante, que tem o bar há 36 anos e afirma não ter visto os rostos dos dois atiradores, já que estavam com capacetes.

Passo a passo do julgamento

De acordo com o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), na terça-feira a juíza Roberta dos Santos Braga Costa, titular da 2ª Vara Criminal de Rio Bonito, irá iniciar os trabalhos com a escolha do corpo de jurados. Dentre os 21 convocados, sete irão participar do julgamento. Os selecionados ouvirão o processo lido pela juiza antes de começar.

Primeiramente, serão ouvidos os acusados. Em seguida, as testemunhas de defesa e de acusação pelos promotores e advogados. Como são vários acusados sendo julgados ao mesmo tempo, ainda não foi definido quanto tempo cada parte terá para apresentar as argumentações. Ocasionalmente, poderá ser pedida a apresentação de vídeos, gravações telefônicas ou matérias jornalísticas que expliquem o fato aos jurados.

Depois disso, o advogado de defesa terá direito a réplica e a promotoria a tréplica. Então, todos irão para uma a sala reservada onde os jurados irão votar secretamente, condenando ou absolvendo os acusados. Depois, a juiza lerá o veredicto e promulgará a sentença, de acordo com a participação de cada um no crime.

Recordando

Em julho de 2005, Rennê Senna, 53, um lavrador e açougueiro, morador de Rio Bonito, acertou sozinho os seis números do prêmio da Mega-Sena, ganhando R$ 52 milhões. Rico, se casou com Adriana, 28, em janeiro de 2006. Um ano depois da cerimônia de casamento, Adriana comprou em seu nome uma cobertura em Arraial do Cabo, Região dos Lagos, no valor de R$ 300 mil, e não declarou na escritura que era casada com o então milionário. Por conta disso, o casal brigou e se separou, no dia 4 de janeiro de 2007. Três dias depois, o ex-lavrador foi morto com quatro tiros à queima-roupa em um bar da cidade. A ex-mulher torna-se a principal suspeita de ter mandado matar o marido e é acusada por Renata Senna, filha da vítima.

Fonte: O São Gonçalo

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