Flávio Azevedo
Em Cachoeira dos Bagres, o volume de água diminuiu mais que 50% em 30 anos. Moradores acreditam que vai faltar água num futuro próximo |
Na tarde da última terça-feira, a nossa reportagem visitou a localidade de Cachoeira dos Bagres, onde a água, segundo moradores, está desaparecendo. No sítio do empresário e produtor rural, Anderson Tinoco, a cachoeira que corta a propriedade diminuiu mais de 50%. “Eu lembro que quando eu era criança, a minha mãe não deixava eu me aproximar da cachoeira, porque ela tinha medo que eu me afogasse. Hoje, eu estou com 39 anos, e a cachoeira não é nem sombra do que foi no passado”, comenta o empresário.
– Eu não acredito que Rio Bonito tenha condições de fornecer água para Tanguá e para o Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj). Quem mora no perímetro urbano, não percebe a diminuição das águas; mas nós que moramos na Zona Rural percebemos que os mananciais estão desaparecendo. Caso a nossa água seja levada para municípios vizinhos, um futuro sombrio nos aguarda – alerta o empresário.
O desmatamento e a escassez de chuvas são apontados por Anderson como motivos para a diminuição das águas. De acordo com ele, em Cachoeira dos Bagres as ruas eram sempre enlameadas, porque as chuvas eram constantes. “O carro do meu pai, além do pneu lameiro, tinha correntes nas rodas para que pudéssemos chegar ao Centro de Rio Bonito. Chovia constantemente e em grandes quantidades. Hoje a realidade é outra. Num futuro muito próximo, a nossa água não vai abastecer nem Rio Bonito”, prevê.
Para nós do cenário apresentado pelo empresário, aliado a falta de atenção ao homem do campo, contribui para o êxodo rural e para o inchaço dos grandes centros. Além disso, acreditamos que a necessidade de fornecer água para os centros urbanos e a flagrante diminuição dos mananciais deveria nortear as políticas de estado, que são bem diferentes das políticas de governo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário