quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Pág. 2 - Editorial - Edição 18 (Setembro de 2011)


Transporte Universitário – Suicídio Coletivo?
A troca do pneu e a preocupação dos universitários
No último dia 29 de agosto, por volta das 23h30min, parte dos universitários riobonitenses escapou de um trágico acidente. O pneu dianteiro de um dos ônibus estourou e as consequências poderiam ser desastrosas! Segundo informações dos usuários do transporte, o pior não aconteceu porque, Papai do Céu e o motorista (Ricardo), controlaram o veículo. Esse tema, transporte universitário, há mais de 10 anos clama por atenção! A superlotação é flagrante! Geralmente, o ônibus viaja com mais de 100 alunos! O que fazer?

Quero lembrar aos amigos que o nosso objetivo – eu muito viajei nesse ônibus –, não é "caçar bruxas", mas trazer o assunto ao debate. Aliás, como é difícil discutir alguma coisa em Rio Bonito fora do viés político partidário! Como é difícil fazer uma cobrança, elogios e/ou trazer algumas ideias, sem que algum engraçadinho logo rotule o pensamento que está sendo desenvolvido, como oposição ou favorável a situação!

Em 2006 – se não estivermos enganados – a Prefeitura Municipal adquiriu quatro novos ônibus para o transporte universitário. Entretanto, seguindo a ordem natural das coisas, o número de jovens que buscam o ensino superior vem crescendo a cada dia. Podemos destacar que as mensalidades mais acessíveis e os programas do governo federal que estimulam e oportunizam a entrada dos mais humildes no ensino superior, também motivam o aumento do número de alunos que ingressam nas universidades a cada ano. Porém, se o número de universitários foi ampliado, os ônibus não.

Diante desse cenário, o que fazer? Comprar mais ônibus? Pode ser, mas o município corre o risco de em pouco tempo estar rivalizando com as empresas, Rio Ita e a São Geraldo, porque a tendência é o volume de universitários crescer ainda mais (que bom!). As pessoas vão continuar buscando o transporte universitário e os ônibus sempre serão insuficientes.

Fica então a pergunta: porque não podemos ter os cursos de nível superior em Rio Bonito? É claro que nem todas as graduações poderão ser oferecidas, mas Fisioterapia, Enfermagem, Informática, Pedagogia, Direito, Administração (já temos na Faculdade Cenecista – FACERB), Educação Física, entre outros cursos que estão entre os mais procurados, poderiam ser oferecidos na cidade. O poder público poderia fazer um esforço para tê-los aqui. Quem sabe Rio Bonito, Silva Jardim e Tanguá pudessem se consociar para atender essa demanda, porque nesses municípios também tem universitários!

Alguém já perguntou a FACERB se ela pode disponibilizar algum desses cursos? (hoje só tem administração). Os gastos mensais com combustível, motoristas e manutenção dos ônibus, não poderiam ser direcionados aos cursos em Rio Bonito?

Por outro lado, nós também sabemos que nem todos os viajantes do ônibus são universitários. Muita gente faz curso técnico em São Gonçalo e Niterói. Então perguntamos: onde estão os cursos técnicos de Rio Bonito? Não estão prometendo isso desde 2007 quando começaram a falar de Comperj? Fica muito nítido que se tivéssemos cursos técnicos na cidade, o volume de usuários desses ônibus já diminuiria.

É claro que um ou dois ônibus continuariam transportando universitários de graduações menos comuns e cursos mais difíceis de serem montados, mas um grande volume de universitários e alunos de cursos, diante desse cenário que apresentamos, certamente ficaria estudando por aqui.

Falta ação ao poder público? Concordo, mas também percebo que falta mobilização e estímulo para os jovens. Falta atitude! Não vemos a sociedade civil organizada e os seus órgãos representativos se movimentando nessa direção. Nesse processo, nós também sentimos falta dos nossos representantes nas esferas, federal e estadual.

Quanto a nós, cidadãos, reclamar no balcão do botequim ou no banco da praça não adianta. E, por último, os pais dos universitários, que deveriam estar junto com os seus filhos nessa questão, estão andando para o tema. É comum ouvirmos que não podem “bater de frente” com o poder público, por uma série de desculpas, entre elas o famoso “rabo preso”!

Lembro que nas manifestações de 2006, que motivou a compra de novos ônibus, apenas 10% dos estudantes participou do movimento e duas ou três mães acompanharam os seus filhos. Essa ausência de preocupação incomoda e, talvez, seja ela o motivo de não termos mais ônibus universitários, e até a nossa tão sonhada faculdade em Rio Bonito.

Em 2009, os universitários lotaram a Câmara Municipal em busca de apoio dos vereadores, mas os resultados não foram satisfatórios. Tudo continuou como dantes! Concluímos destacando que mais uma vez o Transporte Universitário está na mídia! O que será feito? Vão continuar oferecendo alternativas paliativas? Vale lembrar, que há mais de 10 anos o tema pede um debate sério e responsável. Entretanto, a impressão que se tem é que vão esperar acontecer uma tragédia para tentar resolver! Isso é perverso!

Transporte Universitário – Suicídio Coletivo

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