quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Pág. 12 - A vida que temos e a vida que somos

*João Jorge Nogueira - Artigo

Dr. Nogueira
Meus queridos leitores, hoje, nós vamos meditar sobre a vida que temos e a vida que somos. A vida que temos é aquela em que vivemos lutando para alcançarmos seja uma casa, um carro, uma profissão ou qualquer coisa material que nós desejamos. A vida que somos é a Vida que nos habita no interior além do material que temos.

No mundo moderno as pessoas costumam geralmente olhar para o status, para a posição social ou financeira. Para isso, elas procuram comprar o último modelo de carro, de celular, de laptop e uma casa quando maior melhor, para ostentar a sua posição social, seguindo um apelo da mídia onde somos o que temos. O problema é que para conseguirmos isso nos esquecemos da família, da saúde, trabalhamos até altas horas, nos alimentamos mal, não fazemos exercícios físicos nem cuidamos da alma através da meditação ou oração.

Estive dia 16 de setembro, na Academia Brasileira de Letras escutando Jean-Yves Leloup, padre hesicaste, mentor do Colégio Internacional dos Terapeutas, falando sobre o tema: “Da Filosofia à Filocalia – uma escola do olhar”. A Filosofia e a ciência têm uma percepção objetiva do mundo e a Filocalia tem uma percepção subjetiva do mundo. A Filocalia é o amor pela beleza, não a beleza estética, mas a beleza da ética. Temos que ter os dois olhares, eles não se opõem.

A vida que somos passa pela Filocalia, pela transcendência, pela subjetividade. Temos que olhar sentindo o sopro que nos atravessa, o sopro da Vida. Quando Deus sopra em Adão feito do barro ele se transforma num ser humano. A vida é esse sopro que nos preenche. Na busca pelos bens materiais, às vezes nos esquecemos do sopro que nos atravessa. É esse olhar que precisamos contemplar e nunca esquecer.

Não é ir contra ter uma casa, um carro, isto é importante, mas não é o essencial, o essencial já nos dizia o pequeno príncipe é invisível para os olhos.

Vamos fazer um exercício, lembre-se de três coisas que mais te fizeram feliz ou muito feliz. Responda antes de continuar a ler o texto. Respondeu? A resposta foi alguma coisa que você comprou com dinheiro?  Acho que não. Acho que foi algo que veio do coração, acertei? Um amor, um filho, um encontro, etc. O que mais nos faz feliz são as coisas que tocam a alma, não as coisas materiais. Por que então esquecemos tanto essas coisas? Por que buscamos tanto as coisas materiais? Porque o mundo está se tornando hedonista, ou seja, o prazer pelo prazer a qualquer preço.

Reflitam sobre isso, temos que buscar o equilíbrio, não consumir por consumir, não agredir o ambiente para ter o último modelo de uma coisa que não precisamos só para termos status. Precisamos nos voltar para a essência que nos habita, o Ser que nos faz ser. Ganhamos então uma paz que vem de dentro, do nosso espírito, não uma paz de fora.

Este é um convite para que olhemos mais para a vida que somos do que para a vida que temos, pois esta termina com a nossa passagem, e a que somos permanece para além desta vida.

Até à próxima...

João Jorge Cabral Nogueira é médico, professor e escritor. Autor dos livros: Autoscopia e Criança de Luz.
Para falar como autor:
joaojorgecabral@yahoo.com.br
Para conhecer o espaço de seus cursos acesse:
www.institutoamanheser.com.br


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