terça-feira, 2 de agosto de 2011

Programa "O Tempo em Rio Bonito" recebe delegado de Rio Bonito para debater Segurança Pública

Flávio Azevedo

O delegado Paulo Henrique da Silva Pinto, titular da 119ª DP (Rio Bonito),
nos estúdios da Rádio Sambê FM (98,7), no último domingo (31/07).
Uma entrevista descontraída, sincera e sem fugir dos pontos mais embaraçosos, é como podemos classificar a participação do delegado titular da Delegacia de Rio Bonito (119ª DP), Paulo Henrique da Silva Pinto, no Programa “O TEMPO EM RIO BONITO”, do último domingo (31/07). O assunto em questão foi Segurança Pública, um dos setores que tem dominado as pautas da mídia riobonitense nos últimos meses.
O delegado iniciou a sua fala fazendo um balanço das ações da Polícia Civil desde a sua chegada à 119ª DP – março desse ano – e disse acreditar que a população já está confiando mais na polícia. Segundo ele, a falta da Delegacia Legal (DL), que, em Rio Bonito, entrou em operação no último dia 31 de maio, contribuiu significativamente para a inoperância da Polícia Civil.
– Os casos registrados na época em que ainda não tínhamos a DL continuam sendo investigados e trabalhados. Para se ter uma ideia da agilidade que a DL permite, um sujeito deu entrada por agressão doméstica e foi enquadrado na Lei Maria da Penha. Porém, quando fomos levantar a fixa dele, nós descobrimos que existiam dois mandados de prisão pendentes contra ele (seqüestro, furto, estupro). Também descobrimos que por 15 anos ele ficou preso, mas como quebrou a Liberdade Condicional a Justiça declarou a sua prisão. Resultado? Ele foi preso – contou.
Ainda segundo o delegado, a Polícia Civil não está apenas anotando as ocorrências e denúncias. “Nós estamos investigando, como fizemos com as denúncias que feitas através da caixa disponibilizada pelo Conselho Comunitário de Segurança (CCS). Infelizmente não tivemos prisão, mas tudo foi investigado”.
Sobre o número de policiais de plantão na antiga delegacia, o delegado classificou como “ridículo” volume de profissionais, à época. Segundo ele, “certamente isso contribuiu para que as pessoas não tivessem interesse em registrar as ocorrências. Muita gente achava que registrar não daria em nada e o pensamento era correto, porque com aquela estrutura era isso que aconteceria”, lamentou.

Assassinato de Américo

Sobre o crime que tirou a vida do empresário Américo Branco, no dia 23 de maio desse ano, no Centro da cidade, o delegado comentou que essa ocorrência aconteceu ainda na época da delegacia convencional, o que dá mais morosidade aos procedimentos, “mas as investigações estão acontecendo, ela ganhou status de sigilosa, estamos realizando várias diligências, mas estamos encontrando dificuldade com algumas testemunhas. São pessoas que dizem poder identificar os criminosos, mas não querem colaborar, o que dificulta a nossa investigação”.
– A prioridade sobre o esclarecimento desse crime não está sendo dada porque a vítima foi um empresário. Talvez... Por conta da repercussão, mas principalmente porque foi um crime contra a vida. Detalhes da investigação, eu ainda não posso revelar, mas acredito que daqui a algum tempo a população de Rio Bonito será informada sobre quem são os criminosos e qual a motivação do crime – disse o delegado.

Ociosidade

A Praça Fonseca Portela, no Centro da cidade, objeto de um artigo escrito pelo Pe. Eduardo Braga, é um dos lugares onde mais se percebe a ociosidade de crianças e adolescentes, o que também é percebido na Praça da Bela Vista e no Parque da Caixa D'Água. 
Sobre o combate a ociosidade juvenil nas praças e logradouros públicos, operação que será deflagrada numa ação coordenada por representantes da Polícia Militar, Conselho Tutelar e setores da Educação (estadual e municipal), o delegado fez algumas reflexões corajosas e importantes. De acordo com ele, a família tem grande culpa pelos problemas sociais que o Brasil enfrenta. Ainda segundo o delegado, “existe uma permissividade por parte dos pais que acaba estourando na delegacia, mas pouca gente tem noção disso”.
– A instituição policial só atua onde outras instituições falharam. Entre essas instituições falhas podemos incluir a família e outros braços do poder público, que deveriam estar empenhados na prevenção dos problemas. Quando você combate a ociosidade como está se pretendendo, você está impedindo que os jovens do futuro, hoje, com cinco, seis, sete anos, sejam adolescentes drogados – analisou.
Policial Civil com 25 anos de carreira e com atuações em crimes de repercussão estadual (milícias e grupo de extermínio), o delegado comentou que “tudo isso que está acontecendo é porque a sociedade está carente de Deus”.
– As pessoas precisam buscar uma igreja, porque os valores morais estão fragilizados com tamanha libertinagem, que não é o mesmo que liberdade. Em 1985, nós saímos de um regime de repressão, onde não se podia fazer nada. A partir dali, nós passamos para um regime democrático, onde não se pode fazer tudo. O problema é que as pessoas pensam que podem tudo, mas não é assim – ponderou o delegado.

“É preciso fazer registro”

Segundo o delegado, a população de Rio Bonito precisa registrar os crimes que acontecem na cidade. Questionado sobre a dificuldade de se fazer os registros, porque alguns policiais têm o hábito de não querem fazer o registro e ainda tentam demover o cidadão que está determinado a registrar um fato, sob o argumento que esse cidadão pode correr risco de sofrer uma suposta vingança, o delegado disse que caso ele tome conhecimento disso o policial será punido.
– Dia desses aconteceu um caso desse e a policial foi transferida. Eu disse a ela que não servia para trabalhar comigo. Outro dia disponibilizaram dois policiais para vir para Rio Bonito, mas eu descobri que tinham condutas que eu ao concordo e não aceitei os colegas. O sujeito não precisa ficar agarrado comigo, mas tem que atender direito a população – disse o delegado que para concluir disse que a 119ª DP está de portas abertas ao cidadão riobonitense e que ele está à disposição de todos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário