sábado, 4 de junho de 2011

Explosão de carro com Kit Gás em São Gonçalo trás dúvidas sobre o uso desse equipamento

O acidente deixou um cenário de destruição
A explosão de um cilindro de Gás Natural Veicular (GNV) de um Escort num movimentado posto de combustíveis, no Mutondo, em São Gonçalo, na tarde de sexta (3), acabou em tragédia para a família que estava no veículo e transformou parte da cidade num autêntico caos. Taísa Oliveira Teixeira, 19 anos, que estava sentada no banco traseiro do carro, com o filho, Caio Gabriel de um ano e meio no colo, teve morte instantânea. O garoto foi arremessado para fora do carro a uma distância de 10 metros.

O bebê, o pai e a tia foram internados, com queimaduras e lesões, no Hospital Estadual Alberto Torres (Heal), no Colubandê. A explosão causou cenas de pânico e correria no posto, residências vizinhas e pontos comerciais próximos ao estabelecimento, na Rua José Mendonça de Campos.

Na hora do acidente, havia cerca de 20 pessoas no posto - cinco funcionários e outras 15 pessoas em cinco veículos. As 13h40, o Escort, de placa LHK-8869, dirigido pelo marido de Taísa, Nicolau Gabriel Galiete da Silva, 24, e ocupado pela irmã, Karla Galiete, 30, e o bebê, se posicionou perto de uma das bombas para abastecer. Alguns segundos depois ocorreu a explosão. Taísa estava sentada com o filho no banco traseiro do carro, com as costas próximas ao cilindro metálico. A explosão foi tão forte que o corpo de Taís ficou despedaçado.

Destruição
O carro ficou totalmente destruído. O forro de uma das coberturas do posto veio abaixo e atingiu os outros quatro veículos. Motoristas que passavam pelo local, desesperados, socorreram os feridos e os levaram para o Hospital Alberto Torres. Alertados pelo telefone de emergência, 30 homens do quartel do Corpo de Bombeiros São Gonçalo, da Defesa Civil e do 7º BPM (São Gonçalo) chegaram logo depois e isolaram a área. Em seguida, o posto foi cercado com fitas e uma “multidão” se deslocou até lá para acompanhar a movimentação das equipes de resgate. Muitas eram moradores das 20 casas ou funcionários de outros três pontos comerciais situados perto do posto.

Perícia - Comandado pelo perito Paulo César Araújo, do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), uma equipe recolheu fragmentos do cilindro, entre outros destroços. Dentro de 10 a 30 dias, um laudo conclusivo, com as causas do acidente deverá ser divulgado. A polícia investiga a informação de que no Detran o Escort estava licenciado como carro movido a alcool.

Pai pede perdão
Taísa Oliveira Teixeira, de 19 anos teve morte instantânea
No final da tarde, o pai do bebê, Nicolau Silva, desolado e aos prantos, deixou o Hospital Estadual Alberto Torres. “Minha vida acabou! O que será de mim e a criança sem a mãe?”, desabafou, amparado pela mãe de Taísa.

A todo momento, o motorista pedia perdão e declarava que tentou salvar a mulher no momento da explosão. Segundo os responsáveis pelo atendimento no Hospital estadual Alberto Torres, o bebê teve queimaduras de primeiro e segundo graus no braço e nas pernas. Já Karla sofreu traumatismo craniano e cortes nas duas pernas. Os dois permanecem internados no Heal. A 74ª DP (Alcântara) vai investigar as causas do acidente.

‘Parecia que uma bomba havia explodido’

Os depoimentos de quem estava nos arredores do posto na hora do acidente são estarrecedores. O empresário Valmir Brasil, que havia acabado de pagar pelo abastecimento do carro, afirmou nunca ter visto nada igual em toda sua vida. “Foi a cena mais horrorosa que presenciei. O bebê estava jogado no chão, o pai todo ensanguentando e gritando. A outra moça estava robotizada e sem pedaços de carne na perna”, declarou. Valmir, ainda emocionado com o desastre, fez um desabafo. “Só sobrevivi porque Deus existe”, afirmou.

Já caixa do restaurante Recanto Mineiro, Daniella Leandro, 36 anos, disse que os 80 clientes que almoçavam no local achavam que uma bomba havia explodido. O restaurante fica em frente ao posto de gasolina. “Muitas pessoas levantaram e foram embora em pânico”, disse. O “vácuo” provocado pela explosão provocou uma pequena rachadura em um dos vidros da porta principal do estabelecimento. Já André Luiz Soares dos Santos, que mora numa casa a 500 metros do posto, contou que o telhado do imóvel tremeu com a explosão. “Tudo tremeu. Foi um barulho ensurdecedor”, relembrou.

Os riscos de acidentes em carros equipados com GNV

O acidente ocorrido ontem não é o primeiro com carros equipados com cilindros de GNV em São Gonçalo. No dia 27 de setembro do ano passado, cinco pessoas ficaram feridas após a explosão do dispositivo em um Palio num posto de gasolina, no Arsenal, em São Gonçalo. A exemplo do que aconteceu no Mutondo, o acidente destruiu o veículo e danificou o teto do posto. De acordo com bombeiros do quartel de São Gonçalo, a explosão ocorreu quando o carro era abastecido. Segundo especialistas, esses acidentes podem ser causados pela falta de manutenção regular ou instalação inadequada.

Cilindros de GNV devem ser testados a cada cindo anos de uso

Posto avariado e veículo destruído
Pode não parecer, mas o cilindro que armazena o Gás Natural Veicular (GNV) tem prazo de validade. A vida útil dele é de 20 anos, mas a cada cinco anos, a partir da data de fabricação, o cilindro deve passar por um teste hidrostático e assim, ser requalificado para garantir a segurança do usuário. A requalificação é regulamentada pela norma 12.274 do Inmetro e é considerada como de fundamental importância para se evitar acidentes, como explosão e rompimento do cilindro, que tem na negligência do usuário do GNV a principal causa.

Segundo os engenheiros responsáveis pelas inspeções na Carseg Inspeções de Segurança Veicular, organismo creditado pelo Inmetro, o consumidor deve ficar atento na hora de procurar o serviço. O proprietário do automóvel deve saber que oficinas mecânicas não estão habilitadas para retirar o cilindro a ser requalificado. A retirada do cilindro deve ser feita por uma convertedora e a requalificação, por uma empresa homologada para realizar o trabalho. Além de retirar o cilindro para encaminhar a uma requalificadora, a recolocação dele no automóvel após o teste hidrostático também deve ser realizado por uma convertedora.

Fonte: Jornal "O São Gonçalo"

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