O que fazer?
Alguém pediu que eu abrisse esse evento com algumas reflexões sobre o tema que será discutido nessa noite: SEGURANÇA. Eu confesso que em algumas oportunidades as palavras me faltam e os argumentos equilibrados dão lugar ao ressentimento, sobretudo por perceber que esse fruto amargo que estamos sendo obrigados a engolir foi plantado ao longo dos últimos 50 anos sob o nosso olhar permissivo. Achávamos melhor “deixar pra lá”.
Flávio Azevedo |
Mas voltando aos episódios recentes, vale lembrar que a nossa indignação – a minha em particular – tem início em 2006, quando o prefeito da cidade sofre um atentado. A polícia classifica como crime político, mas não diz mais nada sobre o assunto. Se com o prefeito é assim... Bem, em 2008, a empregada doméstica, Marivanda Oliveira, levou um tiro na cabeça durante uma “saidinha de banco”. Até que no dia 23 de maio de 2011, nós perdemos o empresário Carlos Américo Azevedo Branco, assassinado no coração financeiro de Rio Bonito.
Não sabemos se por falta de sensibilidade ou humanidade, há quem diga que diante de cidades como o Rio de Janeiro, por exemplo, a nossa realidade de um homicídio a cada dois anos não é ruim. Eu gostaria de sugerir a pessoa que pensa dessa maneira, que ela se ofereça para ser a vítima de 2013.
E os crimes que aconteceram nesse intervalo? E o rapaz que foi assassinado no Basílio há menos de um ano? E o homem assassinou o outro na Praça da Bandeira com uma barra de ferro? Coincidência ou não, enquanto esse fato acontecia, no Centro, a Delegacia Legal era inaugurada no Green Valley.
Mas não é só isso. Toda a cidade está com suas as atenções voltadas à Praça Cruzeiro, mais precisamente para o Morro do Careca, aonde policiais e bandidos chegaram a trocar tiros, um fato que só víamos pela televisão. O curioso é que os pontos mencionados como os maiores pontos de tráfico de drogas são exatamente aqueles que só são visitados pelos políticos nas vésperas das eleições. Não é novidade que essas localidades são invadidas pelos homens da mala! Agentes altamente treinados para executar a famosa “compra de votos”, uma farra onde não existe inocentes, seja ele vendedor ou comprador.
O medo, porém, não para por aí. Atualmente, em Rio Bonito, nós estamos com medo de atravessar a rua. Para quem não lembra, no dia 15 de junho de 2010, a aposentada Albertina Guimarães Antunes, 83 anos, foi vítima de um atropelamento na Rua Dr. Mattos, próximo a Padaria Rosa de Ouro. Ela perdeu a vida, mas os atropeladores fugiram. Dias atrás, um sábado, por volta das 20h, no único semáforo da cidade, um homem foi atropelado por um motoqueiro que não respeitou o sinal vermelho. Nesse dia apenas susto e alguns arranhões.
O massoterapeuta Davi, porém, não teve a mesma sorte! Atropelado por um motoqueiro, no último dia 19, ele não resistiu o traumatismo e faleceu. O sepultamento aconteceu no dia 21, manhã que registrou novo acidente – quase no mesmo local – entre dois motoqueiros. Eles se chocaram e, coincidência ou não, o mais machucado foi quem não usava o capacete.
Concluindo, nunca é demais lembrar que naquele perímetro aconteceu o acidente que tirou a vida do adolescente Lucas Lessa, de apenas 17 anos. Essa fatalidade aconteceu no dia 30 de julho de 2009. Embora ele fosse filho de uma família amiga, nós não podemos esquecer que Lucas era menor... Logo não era habilitado. Se os jovens continuam abusando, os pais... Permanecem não se importando... Mas até quando?
Eu já ouvi alguém dizer a seguinte asneira: “um acidente de moto com vítima, uma vez por ano não é ruim!”. Diante dessa colocação, eu perguntei: “você gostaria ser a vítima de 2012?”. O espertinho respondeu que não.
Bem, nós estamos aqui esta noite, exatamente porque não queremos ser a próxima vítima. Sendo assim, nós decidimos que algo precisa ser feito, e a primeira coisa que nos ocorreu foi questionar dos nossos representantes políticos em todas as esferas de poder, o que eles fizeram, o que estão fazendo e o que farão, para nos devolver duas coisas: SEGURANÇA E TRANQÜILIDADE, dois elementos que, até aqui, eram os ativos mais importantes da economia riobonitense.
Estas reflexões foram feitas na abertura do encontro da sociedade civil organizada com as autoridades no último dia 21/06.
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