terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Pág. 7 - CEDAE pode ganhar água de Rio Bonito como presente de Natal

Flávio Azevedo

Em votação secreta os vereadores mantiveram o veto do Executivo ao artigo que protegia os mananciais riobonitenses.
O clima de Natal não está presente apenas nas ruas de Rio Bonito. Parece que os políticos, de oposição e situação, também foram sensibilizados pelo espírito do bom velhinho. Embora seja comum a troca de farpas, sobretudo entre Legislativo e Executivo, em alguns pontos a rivalidade desaparece. O problema é que isso acontece geralmente sob o manjado e batido argumento de que “estamos pensando apenas no interesse da municipalidade”.

Os vereadores de Rio Bonito aprovaram no último dia cinco de dezembro, por unanimidade, permissão para que a Prefeitura Municipal celebre concessão com a Companhia de Águas e Esgotos (CEDAE) por prazo de 20 anos. Faltaram a essa sessão tão importante e emblemática, os vereadores, Carlos Cordeiro Neto (PR) e Aliézio Mendonça (PP), que seriam contrários a mensagem. Esse seria o motivo das ausências.

A mensagem retornou a Casa, com um veto do Executivo ao Artigo 5º da Mensagem. No último dia 6 de dezembro os vereadores aprovaram o veto. O tal artigo era o único dispositivo que protegia os mananciais riobonitenses da voracidade capitalista que está correndo nos bastidores dessa questão. O dispositivo determinava que caso a CEDAE deixasse de ser controlada pelo Estado do Rio de Janeiro, a Concessão entre Prefeitura de Rio Bonito e CEDAE perderia a sua validade e água voltaria para o controle do município. Mas essa condição, não se sabe por que razão, não agradou o Executivo.

Antagonismo

Já há alguns dias estamos vendo alguns membros da oposição fazendo barulho por conta dos investimentos na ornamentação de Natal do município. Nesse tema, porém (concessão da água), governistas e oposição, de mãos dadas, permitiram que a Prefeitura Municipal, caso queira (o convênio ainda não foi celebrado), entregue ao estado o insumo mais precioso do município: “A água”.

Aos políticos de Rio Bonito, os nossos parabéns! Alguns parlamentares, que eram contrários a mensagem, justificaram a mudança de atitude argumentando que receberam telefonemas da ex-prefeita Solange Almeida (PMDB) e do deputado Paulo Melo (PMDB). Entretanto, no caso do aumento do número de vereadores (de 10 para 15), essas mesmas pessoas ligaram pedindo que alguns vereadores fossem favoráveis, mas a posição contrária se manteve. O presidente da Casa, o vereador Marcus Botelho (PR), disse estar aliviado com a votação, deixando muito nítido que estava sendo pressionado.

Reflexão

O interessante é que os políticos de “grife”, não telefonam para os vereadores e/ou para o prefeito, para saber por que as casas dos desabrigados que foram vítimas dos temporais de 2008 e 2009, ainda não foram entregues. Eles também não buscam saber o que aconteceu na Câmara Municipal, que no primeiro trimestre de 2011, esteve sob o comando de quatro presidentes. Também não estão interessados em buscar informações sobre o Plano de Cargos, Carreira e Remuneração do funcionalismo municipal, muito menos sobre o Estatuto do Servidor.

Seria salutar que os políticos de “grife” buscassem saber o motivo pelo qual o Condomínio Industrial não recebeu os investimentos que julgamos ser necessários para que já estivesse gerando milhares de empregos. No caso do deputado Paulo Melo, por exemplo, ele poderia tentar saber o porquê da lentidão das obras da Via Verde, que liga o Green Valley ao 3º Distrito (Basílio). Ele também poderia utilizar a sua influência como presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) para saber por que motivo um ato classificado pelo Ministério Público como improbidade administrativa, ocorrido na Prefeitura de Rio Bonito em 2002, só agora recebeu, em primeira instância, a sentença da Justiça.

Seria também interessante buscar informações junto ao poder público municipal, sobre porque a prometida Central de Monitoramento, que contribuiria com a Segurança dos riobonitenses, ainda não está funcionando. O Meio Ambiente, que tem na sua pasta, um lixão horroroso (aquele da localidade de Mato Frio), também poderia ser objeto de telefonemas para o prefeito e vereadores.

O setor Cultural do município, o Trânsito, o Ordenamento Urbano, a Saúde, temas tão importantes para que o riobonitense tenha mais qualidade de vida, carecem de investimentos, mas não temos notícias de que o prefeito e os vereadores tenham sido cobrados pelos tais políticos de grife, a olharem com mais carinho para esses setores. Enfim, será que os políticos do alto escalão estão sabendo a luta que as famílias riobonitenses estão travando contra as drogas, que estão assediando, cada vez mais cedo, os meninos e meninas da nossa cidade? Eles estão preocupados com isso?

Você estava lá?

Uma equipe de funcionários da Cedae e o coordenador da sede local, Miguel Ângelo Rinaldi, acompanharam a sessão e ficaram satisfeitos com o resultado favorável à CEDAE. Entretanto, se os funcionários da empresa estavam presentes acompanhando os trabalhos, o mesmo não aconteceu com a população. Também não estavam por lá, os pré-candidatos a vereador que se intitulam renovação e dizem que fariam diferente se estivessem no mandato. Fica muito nítido que a ausência do povo nas reuniões plenárias da Câmara de Vereadores é determinante para que inúmeras decisões sejam tomadas a revelia dos munícipes.

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