Flávio Azevedo
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Os primos Carlos e Thiago podem ser os responsáveis pela recente onda de roubos de carros em Rio Bonito. |
Depois de alguns dias de ronda pela pelo bairro da Serra do Sambê, policiais militares da 3ª Companhia de Rio Bonito prenderam na manhã do último sábado (17), quatro menores sob a acusação de tráfico de drogas e porte ilegal de armas. Eles foram capturados na antiga represa da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) portando maconha, cheirinho da loló, cocaína, crack, R$ 182,00 e uma pistola 380. Os menores disseram que moram em Manguinhos/RJ. Três tinham 16 anos e um 15. A prisão foi registrada na 120ª DP (Silva Jardim).
Moradores do bairro denunciam um suposto crescimento do tráfico de drogas na localidade. Eles apontam como referência o volume de carros nas noites serranas, sobretudo nos fins de semana.
– Aqui na minha rua o entra e sai de carros e motos não nos deixa dormir. É um vai e vem que dura toda a madrugada. O que me deixa indignado é que essas pessoas não moram na Serra, mas depois posam de santo e ainda dizem que o nosso bairro é um lugar violento. Eu não tenho nada com a vida de ninguém, cada um faz o que quer, mas quem tem filhos adolescentes se preocupa com essa situação – reclama o morador que prefere não se identificar.
Presa dupla que roubava carros
Por volta das 20h30min do último dia 23 de novembro, policiais militares prenderam os primos Carlos dos Santos Rosa (28) e Thiago dos Santos Coelho (25). Carlos, conhecido como Dedé, disse ser morador de Silva Jardim (Centro) e Thiago afirmou morar em Ponto do Leite, em Araruama. Eles foram presos em flagrante no Centro da cidade, quando tentavam roubar o Gol do balconista Sebastião Viana de Souza (42), morador de Rio Bonito. O carro estava estacionado na Rua Dr. Matos, em frente a loja Florarte.
Segundo a vítima, ele havia acabado de entrar no carro, quando o bandido (Carlos) bateu no vidro do veículo e anunciou o assalto. Como a vítima não esboçou reação, o bandido bateu mais forte. Com a pancada, o vidro quebrou e Sebastião foi atingido no lábio superior pela coronha da arma, um revólver, calibre 38.
Desnorteado com a situação, Sebastião saiu do Gol e se refugiou na Padaria da Rodoviária. Dentro do estabelecimento, ele foi novamente abordado pelo bandido, que com a arma em punho, pedia a chave do carro. Muito assustado, Sebastião disse que havia deixado a chave na ignição.
As prisões
Nesse ínterim, a Polícia Militar já havia sido informada do assalto e se dirigido ao local. Próximo ao sinal da Rua Dr. Matos, os policiais militares avistaram os bandidos. Ao ver a viatura, eles jogaram a arma e fugiram cada um para um ponto diferente. Thiago logo foi dominado e preso pelo soldado Vitor Valeriote. Enquanto isso, o cabo Pierre saiu na captura de Carlos pela Rua Major Bezerra Cavalcante e D. José Pereira Alves.
Por telefone alguém denunciou que um homem com os trajes do assaltante estava na rodoviária. Ao receber a informação o sargento Rocha decidiu parar o ônibus da linha Silva Jardim que acabava de sair da rodoviária. Ao entrar no coletivo, o policial percebeu a apreensão dos passageiros e notou que algo estava errado no interior do veículo.
– Eu achei estranho o fato de todo mundo estar olhando para mim, menos um indivíduo, que além de não me encarar, ainda ficava olhando lá para fora como se não tivesse me vendo. Mas um passageiro, discretamente, fez um gesto na direção do tal indivíduo, que recebeu voz de prisão e foi levado para a 119ª DP (onde o caso foi registrado) – disse Rocha.
Suspeita
Os policiais acreditam que esses homens sejam os bandidos que nas últimas semanas haviam roubado cerca de 20 carros na cidade. Os assaltos tinham sempre a mesma descrição. Os veículos estavam parados ou trafegando lentamente no momento da abordagem.
Na delegacia uma das vítimas desses assaltos disse ter reconhecido a arma dos bandidos. “Eu tenho certeza que essa é a arma do assaltante que levou o nosso carro. Eu não esqueceria”, disse uma das vítimas ao ver o revólver que estava com os bandidos.
Alfinetada
Sobre a captura dos bandidos, que teve cenas hollywoodianas, um policial militar aposentado disse a nossa reportagem, dias atrás, que prender ladrões de carros é uma rotina da Polícia Militar. Ele lamentou, porém, o fato das prisões não terem desdobramentos para se chegar ao “cerne do problema”.
– O que nunca ninguém conseguiu me explicar quando eu estava na ativa é o motivo do caso parar com a prisão dos vagabundos. Digo isso pelo seguinte: se os carros roubados não estão na casa dos bandidos, estão aonde? Ninguém tem essa curiosidade? Por que eles não são levados a revelar o destino dos veículos? Existe investigação nessa direção? Pois é... É por isso que boa parte dos policiais não acredita no seu próprio trabalho – conclui o ex-policial militar.
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