Flávio Azevedo
Em entrevista aos jornais O TEMPO e Folha da Terra, no último dia 26 de junho, em seu gabinete, o presidente da Câmara de Rio Bonito, vereador Reginaldo Ferreira Dutra, o Reis (PMDB) fez um balanço das ações dos poderes, Executivo e Legislativo, nos primeiros seis meses de 2013. Apesar de deixar sempre claro que faz parte da base governista e que deposita total confiança na administração municipal, o vereador também reconheceu que o poder Executivo não está atendendo as expectativas da população e promessas de campanha não estão sendo cumpridas.
Quanto ao poder Legislativo, o presidente da Casa afirma ter encontrado dificuldades quando assumiu o comando da Câmara de Vereadores, denuncia o desaparecimento de documentos que o deixaram “por quase 30 dias sem poder trabalhar”, afirmou que o dinheiro de um seguro, referente a um veículo da Câmara que se envolveu num acidente, “foi gasto na compra de computadores”; defendeu a locação de veículos, que estão atendendo as atividades legislativas; e declarou que “o poder Executivo precisa deslanchar as suas atividades para não trazer prejuízos ao poder Legislativo”.
– Como bem disse o vereador Márcio da Cunha Mendonça, o Marcinho Bocão (DEM) na sessão de ontem (25/06), não adianta o vereador fazer tantas indicações e projetos de lei, se ele não é atendido pelo poder Executivo. Nós compreendemos as dificuldades encontradas pela prefeita Solange Almeida (PMDB), mas seis meses já se passaram e, por exemplo, poucas licitações foram feitas. Está chegando a um ponto que os vereadores estão começando a perder a paciência, porque o cidadão não consegue entender que uma simples troca de lâmpada não acontece porque o processo está travado no setor de licitação – frisou Reis.
A falta de médicos em vários ESF e a falta de professores foram questões também abordadas pelo presidente da Câmara, que defende a implantação do Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR) como uma das maneiras de se resolver o problema da fuga de profissionais. “Até trabalhadores braçais não estão sendo encontrados, porque o Comperj está contratando essas pessoas com um salário mínimo de R$ 1,2 mil, inúmeros benefícios e isso faz com que as pessoas não queiram trabalhar na Prefeitura, que oferece salários irrisórios”, pondera Reis, acrescentando que “os secretários também precisam deixar os seus gabinetes e sair a campo, porque tem muita gente, não sei se por desconhecer a função ou por não ter condições de trabalho, que não está atuando de maneira satisfatória”.
Uma visão preocupada com o perfil técnico dos profissionais é o que o presidente do legislativo defende para fazer o município caminhar. “A eleição já passou e esse negócio de quem foi 70, 15 ou 40 tem que acabar. Se a pessoa tem bom currículo, é um bom profissional e tem competência, ele tem que ser aproveitado, porque pensar diferente disso representa prejuízo para o município”, declara Reis, reiterando que “os tempos estão mudando, as manifestações populares estão chamando atenção até da Presidência da República e nós, que estamos no Legislativo e Executivo municipal, precisamos estar atentos a essas transformações”.
Poder Legislativo
Documentos desaparecidos; um concurso público que trouxe inúmeros problemas para o poder Legislativo, “eu não sei o motivo de fazer esse concurso, já que temos 22 funcionários e os contratados sequer teriam onde trabalhar”; salários que chegavam a valores da ordem de R$ 20 mil; “e várias questões que o Tribunal de Contas do Estado (TCE) vai esclarecer, nós encontramos aqui”.
– Mas também temos vitórias no Legislativo. Para quem chegou e encontrou a Casa no zero, em seis meses nós colocamos tudo em ordem, fornecedores recebendo em dia, os vereadores são todos tratados com igualdade, os colegas tem me ajudado muito e nós iremos aproveitar essa união para fazer reformas importantes no Regimento Interno, na Lei Orgânica do Município e estou muito satisfeito com a nossa postura – conta o presidente, reiterando que quando assumiu encontrou servidores com salários de R$ 23 mil. “O menor ganho era de R$ 4,5 mil. Tinha funcionário recebendo mais o governador do estado e nós conseguimos corrigir parte desse problema. Eu tenho certeza que o TCE vai encaminhar o caso ao Ministério Público e a Drª Débora Vicente não está de brincadeira!”, comentou.
A locação de 10 carros para servir os vereadores é um assunto polêmico que tem gerado comentários, favoráveis e contrários. Questionado sobre o tema, o presidente esclarece que ele não está inventando nada, “porque na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), no Tribunal de Justiça, no TCE, até os carros da Polícia Militar, todos são alugados, porque é mais econômico e a locação foi feita a preço de mercado”.
– Os carros da Câmara estão tão ruins, que nem para sucata serve. Nós cogitamos oferecer para uma entidade assistencial e eles não quiseram. Os veículos de propriedade do Legislativo serão entregues a Prefeitura Municipal, mas estão tão ruins que não dá sequer para leiloar. A manutenção fica por conta da empresa, as multas ficam por conta do vereador e está sendo muito bom – disse o presidente, que vai conceder um dos veículos para o Recanto Santa Terezinha do Menino Jesus, entidade localizada no Mato Frio, que atua na recuperação de dependentes químicos.
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