domingo, 11 de agosto de 2013

Pág. 12 e 13 - Apagões mostram ser urgente buscar outras fontes de energia

Flávio Azevedo

No último dia 14 de junho, por volta das 19h, metade da cidade ficou às escuras. O apagão, que começava no bairro Caixa D’Água, atingiu toda Serra do Sambê e terminava no Green Valley. Até a Delegacia Legal e o Fórum estavam no escuro. O comerciante Dudu da Batata, que comercializa batatas fritas nas imediações da Praça Fonseca Portela, reclamou não ter conseguido trabalhar, porque quando foi possível ligar o seu maquinário o relógio marcava 22h. “Até aquecer a gordura, já estaria na hora de ir embora pra casa”, desabafou o comerciante que lamentou a perda de um dia de serviço.

Diante desse cenário que já é corriqueiro, apontar as razões dos apagões (motivados por histórias vexatórias, absurdas e escandalosas) é ‘perda de energia’. É mais produtivo pensar alternativas, por exemplo, a Energia Solar. Num país tropical e ensolarado como o Brasil, o uso dessa matriz energética pode ser a solução para uma série de problemas, entre eles os apagões e picos de energia.

O poder público municipal poderia criar um mecanismo de descontos em impostos para estimular o cidadão a optar por esse investimento. A própria Prefeitura Municipal, que vive as turras com a Ampla, inclusive, com cortes de energia (coisa comum na gestão passada), também deveria fazer esse investimento. Quanto o prédio da Prefeitura poderia captar de energia solar? Escolas municipais, postos de saúde e outros setores do município também poderiam ser movidos por energia solar. A Ampla não seria dispensada, mas se exigiria bem menos dela.

Sentar para pensar esse projeto é difícil? Claro que não! O problema, porém, é tomar decisões arrojadas que coloquem o município no caminho da modernidade. Com a criação das Secretarias Municipais de Projetos, Gestão e Desenvolvimento Econômico, temas dessa natureza deveriam estar constantemente na pauta, que também interessa as secretarias de Fazenda e o Meio Ambiente.

A título de sugestão, por exemplo, algumas obras da Prefeitura, como o segundo bloco do Centro Administrativo que está sendo erguido na Praça Cruzeiro, poderia ser, seguramente, abastecido com Energia Solar. Na Mangueira, a falta de energia elétrica é um dos motivos para que o posto de saúde, inaugurado às pressas pelo governo Mandiocão, não esteja funcionando. Se essa alternativa fosse pensada, o prédio, talvez, não estivesse mais no escuro.

Exemplos

Quando se fala em Barcelona, logo se lembra do time que conta com o envolvente futebol do argentino Lionel Messi. Contudo, Barcelona foi a primeira cidade europeia a ter uma Lei de Energia Solar Térmica. Ela entrou em vigor em 2000 e tornou obrigatória a utilização da energia solar no abastecimento de 60% da água quente utilizada em todas as novas construções e edifícios reformados.

Esta mudança aplicou-se, então, aos novos edifícios ou construções, às reformas de edifícios ou construções, à mudança no uso de todo o edifício ou construção, às residências, à saúde, aos esportes, ao comércio, ao setor industrial (em casos de utilização de água quente no processo industrial ou em chuveiros) e qualquer outro uso que implica a presença de salas de jantar, cozinhas ou lavanderias coletivas.

Possibilidade que temos

Os simpatizantes do prefeito José Luiz Antunes cantam em prosa e versos que ele ergueu, em oito anos, seis ginásios poliesportivos. Realmente um feito, mas se esses espaços fossem abastecidos com Energia Solar (cobertura é o que não falta para a captação dessa energia), o prefeito teria que ser, obrigatoriamente, colocado no rol dos gestores que estão de olho na modernidade e no desenvolvimento sustentável. Não foi, porém, o que aconteceu.

A Escola Municipal Maurício Kopke, na entrada da Caixa D’Água, um prédio de estrutura arrojada, também poderia receber o mesmo investimento. Aliás, o novo prédio do Colégio Municipal Dr. Kingston de Souza Motta, no Parque Andréa, 2º Distrito, como sequer saiu do chão, poderia ser abastecido por energia solar.

Energia solar

Em apenas um segundo o sol produz mais energia (internamente) que toda energia usada pela humanidade desde o começo dos tempos. Segundo especialistas, a energia que a terra anualmente recebe do sol representa mais que 15 mil vezes o consumo mundial. Considerando que a energia solar está disponível gratuitamente, por que o seu aproveitamento ainda é tão limitado? Vale lembrar que essa matriz energética pode ser a grande solução para os problemas do setor. Apesar de todas as vantagens, também existe desvantagens. Conheça algumas delas e perceba que as desvantagens não preocupam países como o Brasil, sobretudo quando se está localizado no Rio de Janeiro.
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Vantagens

*A energia solar não polui e a poluição decorrente da fabricação dos equipamentos para o seu emprego, como os painéis solares, é totalmente controlável utilizando as formas de controle existentes atualmente.
*As centrais necessitam de manutenção mínima.
*A cada dia os painéis solares são mais potentes e mais baratos. Isso torna a energia solar uma solução economicamente viável.
*A energia solar é excelente em lugares remotos ou de difícil acesso, pois sua instalação em pequena escala não obriga grandes investimentos em linhas de transmissão.
*Em países tropicais, como o Brasil, a utilização da energia solar é viável em praticamente todo o território, e, em locais longe dos centros de produção energética sua utilização ajuda a diminuir a procura energética e consequentemente a perda de energia que ocorreria na transmissão.

Desvantagens

*Existe variação nas quantidades produzidas de acordo com a situação climática, além de que durante a noite não existe produção alguma, o que obriga a que existam meios de armazenamento da energia produzida durante o dia em locais onde os painéis solares não estejam ligados à rede de transmissão de energia.
*Países localizados em latitudes médias e altas (Finlândia, Islândia, Nova Zelândia e Sul da Argentina e Chile) sofrem quedas bruscas de produção durante os meses de Inverno devido à menor disponibilidade diária de energia solar. Locais com frequente cobertura de nuvens (Londres) tendem a ter variações diárias de produção de acordo com o grau de nebulosidade, mas nós estamos no Brasil.
*As formas de armazenamento da energia solar são pouco eficientes quando comparadas, por exemplo, aos combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás), e a energia hidroelétrica (água).
*Os painéis solares têm um rendimento de apenas 25%.

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