Flávio Azevedo
A cozinheira Clarice Barino, de 49 anos, moradora da localidade de Rio dos Índios de Dentro, em Rio Bonito, procurou a nossa reportagem para denunciar que foi “abusada” por um médico, durante uma consulta a que se submeteu na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Rio Bonito. O caso teria acontecido no último dia 13 de junho. Ela afirma que tinha um problema na mão, mas o profissional, sob o pretexto de examinar o seu corpo, levantou a sua blusa e abaixou a sua calça até acima do joelho e alisou as suas coxas e nádegas.
– Eu estou muito triste, desesperada... Estou denunciando, porque assim como aconteceu comigo, uma mulher de 49 anos, isso pode acontecer com uma menina de 14 ou 15 anos. Estou tão abalada que quando o meu marido vem brincar comigo eu choro... A minha neta, eu não quero nem que ela toque em mim... Eu não estou dormindo nem me alimentando – conta Clarice.
Ainda segundo a cozinheira, a prova de que ela só tinha um problema na mão é que ela estava na UPA apenas para fazer um exame de RX da mão. Ela disse que procurou outros profissionais da UPA para perguntar se essa postura era normal e ouviu deles que não, porque o problema que ela tinha era na mão. Ela conta que foi levada a direção da UPA e ouviu dos diretores que “como o problema era na mão, porque ele teria que mexer no meu corpo?”. O caso, teriam dito para ela os diretores da UPA, seria apurado.
– Mas como eu estava muito indignada com o ato abusivo, eu fui a delegacia de Rio Bonito. Na mesma hora o delegado foi a UPA comigo, mas o médico disse que só iria à delegacia acompanhado do seu advogado. E foi o que aconteceu. Pelo que eu entendi ele quer resguardar a integridade dele, porque ele é casado e não quer se expor – disse.
Delegado
A nossa reportagem procurou o delegado titular da 119ª DP, Paulo Henrique da Silva Pinto, que confirmou o depoimento da cozinheira, disse que durante o registro ela estava muito abalada e denunciou o abuso. Ainda segundo o delegado, em seu depoimento, o médico negou que tenha abusado da paciente, acrescentou que o consultório tem janela e declarou que o interior da sala pode ser visualizado por quem está no lado externo.
– Nós encaminhamos essa senhora para fazer exame de corpo de delito, para ver se há como comprovar a materialidade do crime, porque a princípio o que temos é a palavra de um contra o outro. Infelizmente, não há testemunhas, não foi um estupro consumado, pois não houve conjunção carnal, e a denúncia é de que teria acontecido um ato libidinoso – narrou o delegado, acrescentando que “um inquérito policial foi instaurado, alguns documentos estão sendo aguardados e montado o procedimento o caso será encaminhado ao Ministério Público”.
Outras partes
A nossa reportagem também procurou a direção da UPA. O administrador da unidade, Abílio Machado, disse que “inicialmente não temos nada a declarar a esse respeito, até mesmo porque não tomamos conhecimento, a não ser por comentários internos”. O administrador também afirmou que a delegacia ainda não solicitou nenhuma documentação sobre o caso e confirmou que o médico continuava atuando na unidade, estando, inclusive de plantão no dia que a nossa reportagem esteve na unidade.
O médico preferiu não falar com a nossa reportagem e indicou o advogado Ramon Coutinho para ser ouvido. Procurado em seu escritório, no Centro de Rio Bonito, o advogado informou que “infelizmente eu não poderei me manifestar sobre o caso, porque o estatuto da advocacia não permite que eu divulgue casos em que eu esteja trabalhando como procurador”.
Nota da Redação: Todos os depoimentos que sustentam esta reportagem foram gravados, inclusive, as declarações do administrador da UPA, Abílio Machado; e do advogado, Ramon Coutinho. A identidade do médico foi preservada porque a própria polícia ainda não tem certeza da culpa do referido profissional; e em respeito a sua família, extremamente constrangida com o ocorrido.
Por outro lado, também por respeito aos nossos leitores e às pessoas que nos procuram com as suas histórias por confiarem em nosso trabalho, como ocorreu com a senhora Clarice Barino, nós não poderíamos deixar de dar voz a sua indignação.
O jornal “O TEMPO” e todas as mídias que veiculam as notícias que nós publicamos estão disponíveis às partes envolvidas nessa reportagem para qualquer esclarecimento e informação que sejam relevantes sobre o assunto abordado.
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