*Francisco Azevedo
Um sabiá infeliz se
lastimava
Da sua triste e cruel
situação
Pois num viveiro
confinado se encontrava
E impedido de voar na
amplidão.
No seu olhar
melancólico escondia
Toda a saudade da
mata doce lar
Sentir a chuva e o
sol que lhe aquecia
Nas altaneiras árvores
pousar.
Sentir o odor das
flores perfumadas
E nos pomares feliz
se alimentar
Cantar alegre desde a
madrugada
E a tardinha dar
vivas ao luar.
Enquanto assim
pensava angustiado
Abre-se a porta do
local onde ele está
E eis que entra um
caçador mal humorado
E sobre a mesa coloca
um samburá.
E ele vê pelo peito
transpassados
Muitos pássaros
mortos a sangrar
Contempla a cena mudo
horrorizado
E de repente muda o
seu pensar.
Oh se eu estivesse
voando pela mata
Com certeza teria
sido abatido
Como essas vítimas de
sorte tão ingrata
Certamente eu teria
perecido.
E passa a cantar mais
conformado
Ao ver outros numa
pior condição
Eu pelo menos sou
muito bem tratado
E do meu amo tenho
carinho e atenção.
Assim na vida em nossas
tristes horas
Quando sentirmos a
dor das aflições
Vamos lembrar que por
este mundo afora
Outros se encontram
em piores condições.
E muitas vezes um mal
que nos tortura
Que nos prostrou e
até nos fez chorar
Não é o fim pode ser
doce ventura
Que em nossa vida
esteja a começar.
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