Flávio Azevedo
O vereador Humberto Belgues |
– É lógico que ninguém gosta de perder uma eleição. Todo político, por menor que ele seja, sempre terá um grupo de trabalho na sua retaguarda. Geralmente alguns nem são seus eleitores, mas fazem parte de outros projetos. E quando o resultado adverso chega, todos acabam sendo derrotados – comentou o vereador, destacando que apesar do clima de ressaca da Câmara, ele vai cumprir fielmente o seu mandato até 31 de dezembro.
De acordo com Humberto, entre as muitas razões para a sua derrota, está o desgaste natural de oito anos de mandato e o momento de transição que vive em sua trajetória política. “A verdade é que as muitas turbulências que enfrentei com colegas, com o poder Executivo, com políticos de outros escalões, trouxeram uma rejeição natural ao meu nome. Confesso que depois daquele imbróglio envolvendo a presidência do Legislativo, eu repensei a minha postura e percebi que deveria conduzir o meu mandato de maneira diferente”.
Para o vereador, embora ainda não seja muito perceptível, “a cabeça do eleitor está mudando e nós, políticos, precisamos acompanhar essa mudança”. O parlamentar comenta que utilizou os seus espaços nas mídias sociais, na imprensa local e até o seu site, “para mostrar uma mudança de atitude, um parlamentar que trabalha, cria projetos, mas acredito que o tempo foi curto para convencer, principalmente o eleitorado mais esclarecido”, pondera Humberto.
Apesar da derrota, Humberto diz que “o homem inteligente precisa saber tirar ensinamentos e lições dos fracassos”. Segundo ele, esse recado dados nas urnas, apesar dos 848 votos que recebeu, “pode representar o tempo que eu precisava para me reciclar e para me reposicionar politicamente”, afirma o vereador, confessando que estava desmotivado para a vida parlamentar.
– Eu não sou o único que passa por esse período de desencanto. Alguns colegas também enfrentam essa questão, sobretudo quando eles assimilaram a dinâmica do poder Legislativo, lugar onde não é fácil transitar, onde você tem que lidar com outros nove colegas que pensam diferente de você, e principalmente porque a população, talvez, por culpa nossa, tenha noção equivocada da real função do vereador – considera.
Sobre a vitória de Solange e a presença de cinco novos estreantes na Câmara de Vereadores, Humberto comenta que confia no potencial administrativo da prefeita eleita, afirma que atos do passado não poderão ser repetidos nessa gestão e deseja muito boa sorte para o novo governo. Já sobre a Câmara de Vereadores, o parlamentar comentou que está torcendo pelo acerto dos novos parlamentares e afirmou que mudanças administrativas na estrutura do parlamento precisam ser implantadas, sob pena de se tornar impossível gerenciar a casa já no próximo pleito.
– Quando eu estive na presidência da Câmara, nos dois primeiros meses de 2011, nós fizemos uma série de mudanças administrativas e estruturais na Câmara. O objetivo era tornar o nosso parlamento, um Poder Legislativo de verdade. Infelizmente, quem ficou no meu lugar não deu continuidade a essas mudanças. Eu aproveito a ocasião para alertar os novos vereadores: caso continue do mesmo jeito vai ficar difícil trabalhar! – ponderou Humberto.
A expectativa da população sobre a ação dos novos vereadores também é uma situação que, segundo Humberto, deve preocupar os novos titulares do Legislativo. “Muitos venceram criticando o parlamento atual. Sendo assim, os novos vereadores estão chegando sob grande expectativa. Eu acredito que qualquer ato falho joga por terra toda essa força positiva que percebemos estar vindo da população para esse novo grupo de vereadores”, frisou o vereador.
Quanto ao seu futuro, Humberto afirma que por enquanto será um mero expectador do novo “jogo de xadrez” que está diante do povo riobonitense. Ele comenta também que ainda é muito cedo para apontar o caminho que vai seguir.
– Algumas opções já apareceram, alguns convites me foram feitos, mas acho importante pensar cada proposta com calma, discutir com o meu grupo, com a minha família e analisar o que seria melhor para a minha carreira política. Eu tenho ciência que ficar escondido algum tempo pode ser interessante, mas não por muito tempo, porque quem não é visto não é lembrado – concluiu.
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