Colunista Zalu Bruno Marotti
Procedimento já bastante difundido, especialmente entre consumidores de classe média e alta no país, o clareamento dental, realizado por meio de produtos químicos aplicados diretamente nos dentes, começa a se popularizar graças aos preços mais acessíveis. Mas, o que deveria ser encarado como uma alternativa para deixar os dentes saudáveis e o sorriso mais bonito está preocupando especialistas em odontologia de todo o Brasil.
A popularização dos clareadores dentais e sua venda indiscriminada, diretamente ao consumidor, podem causar sérios danos à saúde dos pacientes. Por isso é fundamental que o alerta seja dado agora, enquanto o processo ainda está no início e podemos revertê-lo por meio da educação da população. Esse é um procedimento que deve ser feito somente por profissionais especializados.
É uma terapia que, quando feita com agentes químicos conhecidos como peróxidos, precisa ser encarada com muito cuidado, desde o diagnóstico, escolha da opção correta, doses e posologia indicadas individualmente e com decisões de tratamento também individualizadas.
Um dos riscos é que o paciente compre o clareador sem orientação profissional – e, hoje, isso pode ser feito inclusive pelos canais de televendas – aplique indiscriminadamente e sem qualquer indicação de quem entende do assunto. O primeiro pensamento do leigo é achar que deve usar um volume grande de clareador para conseguir resultados mais rápidos. É justamente aí que começam os problemas.
Quanto mais concentrada a solução clareadora, e quanto maior o tempo de uso, maiores são os riscos de efeitos colaterais. São elas: sensibilidade dolorosa; irritação nas gengivas; prejuízo ao esmalte do dente e restaurações; e próteses mais escuras, que certamente terão que ser substituídas e custeadas pelo usuário. Em crianças e adolescentes os efeitos de sensibilidade podem ser mais intensos porque a polpa dentária é maior e o esmalte mais permeável.
O essencial para o sucesso do tratamento é o diagnóstico clínico bem feito, documentado e executado tecnicamente. Este diagnóstico depende de uma série de fatores: histórico do paciente, idade, seus hábitos de vida, além dos exames clínicos e, às vezes, radiográficos.
Os principais mitos sobre o clareamento estão vinculados às afirmações bombásticas que prometem sorrisos brancos em apenas uma sessão de uma hora e as terapias clareadoras que são oferecidas sem a devida comprovação científica. Infelizmente, a mídia contribuiu para isso, porque promove a idéia de que o clareamento dental é um procedimento cosmético simples, que pode ser oferecido ao paciente leigo sem a devida (e fundamental) orientação e acompanhamento de um profissional cirurgião-dentista.
O princípio ativo básico da maioria quase absoluta dos agentes clareadores é o peróxido de hidrogênio, um medicamento que deve ser administrado topicamente em concentrações baixas ou restrito a áreas específicas, com formulações mais concentradas.
Aqui, eu gostaria de alertar os leitores sobre a importância da realização do clareamento por um profissional capacitado, que vai definir a técnica mais segura e apropriada para cada caso, que com o devido acompanhamento, trás os efeitos benéficos desejados pelo paciente.
Na próxima publicação eu falarei sobre os tipos de clareamento e a faixa etária para a indicação da técnica. Até lá!
*Zalu Bruno Marotti é dentista
CRO-RJ:30228
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