Por Flávio Azevedo
O professor Carlos Alberto de Moura Machado, o professor Betinho exibe o livro “Crônica Para a Cidade Amada” |
Para o professor, a família tem que estar ciente do seu verdadeiro papel no processo de Educação das crianças e perceber os problemas que atingem a formação daqueles que serão os futuros cidadãos. “É bom lembrar que a família não pode fazer as atribuições da escola, mas a escola também não pode fazer a atribuição da família”, disse o educador.
Falta qualificação
De acordo com o professor Betinho, a carência de profissionais com formação superior e qualificação profissional é uma realidade que pode parar o país e não é apenas a realidade das cidades que estão no entorno do Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj).
– Há cerca de três anos, numa reunião da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (Cenec), nós tivemos acesso a um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI). De acordo com a pesquisa este déficit educacional vai travar o desenvolvimento do país. O Brasil necessita por ano de um grande número de engenheiros, mas a quantidade de profissionais que saem das universidades é menor que a demanda do país. No Brasil não falta emprego, o que falta é qualificação – disse.
Ainda sobre emprego e qualificação profissional, o professor Betinho fez uma revelação preocupante. Segundo o educador, “se o governo quiser colocar todas as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em funcionamento, no país não teriam engenheiros em número suficiente para dar conta de todas essas obras de infraestrutura. A maior carência é exatamente as áreas de engenharia e tecnologia”.
Sobre o Comperj, o professor diz que “ainda não entramos numa área muito técnica do empreendimento. Até agora os investimentos foram em terra planejem, mas quando o Comperj entrar em operação haverá mão de obra qualificada por aqui? Será necessário vir profissionais de outras regiões do país e até do exterior, como aconteceu em Macaé?
Negligência
Analisando esse cenário, o professor Betinho vislumbra um futuro preocupante. Ele afirma que o jovem brasileiro está deixando de se dedicar às profissões que exigem domínio das áreas tecnológica, exatas e científicas, porque são disciplinas que requer muito estudo e dedicação. “O jovem tem buscado as áreas de ciências sociais, que não exigem muita dedicação técnica, a exatidão, a minúcia e o debruçar sobre os livros para estudar com afinco”.
– Enquanto não tivermos uma geração com suporte cultural que nos faça avançar, nós vamos ficar a reboque dos outros países e o nosso crescimento será pequeno. Países como Japão, China e Coréia, investiram em Educação e estão dominando o mundo. É preciso reformular a Educação e reaparelhar os professores.
Família tem responsabilidade
O imediatismo do jovem e o nível de redação “desastroso” dos estudantes também foi alvo dos comentários do professor. “Falta leitura! O jovem quer abrir o computador e achar a tarefa pronta. Ele não quer perder tempo com a pesquisa, porque é imediatista. “Assim, o jovem não se prepara, não se qualifica e os melhores salários e empregos não podem ser alcançados, sobrando então, os subempregos”, afirma.
Segundo o educador, as famílias têm responsabilidades e precisam cumprir o seu papel. Fazendo uma leitura do contexto histórico, ele afirma que depois do pós-guerra, a mãe sai de casa, porque precisou trabalhar e complementar o orçamento familiar, “com isso as crianças ficaram entregues a babá e a TV. Hoje, você não tem mais a dona de casa, agora é a dona da casa!”.
– Os pais saem, as crianças estão dormindo. Quando voltam, elas já foram dormir. Resultado, as tarefas de casa voltam em branco para o professor. Porém, para compensar o pouco tempo com a família, os pais satisfazem as vontades do filho, o que contribui para formar uma criança sem limites – comentou.
O historiador
Um dos pesquisadores mais apaixonados pela história de Rio Bonito, o professor Betinho participou no último dia 10 de novembro, na Academia Brasileira de Letras, do lançamento do livro “Crônica Para a Cidade Amada”, do escritor Arnaldo Niskier, que conta a história dos 92 municípios do Estado do Rio de Janeiro. O professor Betinho é o autor do texto que conta a história de Rio Bonito. Segundo ele, a secretária de Educação e Cultura, Ana Maria Figueiredo, revelou que a Prefeitura de Rio Bonito vai comprar uma quantidade desses livros para distribuir nas escolas do município.
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