Flávio Azevedo
O delegado Paulo Henrique da Silva Pinto nos estúdios da Rádio Sambê FM (98,7). |
A investigação do assassinato do empresário Américo Branco pode ser a porta de entrada para o esclarecimento de uma série de crimes que, por conta de fatores comuns às cidades de menor porte (parentesco, compadrio ou sócios em ilegalidades), acabam sendo deixados de lado por uma série de situações. Em entrevista ao programa Flávio Azevedo, da Rádio Sambê FM (98.7), da última sexta-feira (09/11), o delegado titular da 119ª DP (Rio Bonito), Paulo Henrique da Silva Pinto, disse que também está apurando os crimes de falsificação ideológica, falsificação de documento público, estelionato e formação de quadrilha.
Acostumado a chefiar delegacias especializadas e investigar crimes de grande repercussão, o delegado afirmou que cerca de 20 a 30 pessoas, entre autoridades, empresários e comerciantes serão ouvidos. “E não tenha dúvidas... Eu vou prender tantos quantos forem identificados e estiverem envolvidos nessa grande roubalheira que acontece há anos em Rio Bonito”. Na entrevista, ele afirmou ter encontrado reconhecimentos de firma fraudulentos, disse que as fraudes foram feitas em cartório e revelou que o proprietário do cartório já foi identificado e também será ouvido.
– Nós começaremos a responder a sociedade riobonitense, porque tem tanto carro caro e tanta gente rica em Rio Bonito... Mas sem ter condições. Gente que fica rica de um dia para o outro. Essas pessoas serão ouvidas e aqueles que não souberem dar explicações serão indiciados. Não adianta alegar inocência, porque quem cai num golpe, logo procura a Polícia. Mas se a pessoa não comunicou, alguma coisa há! Não comunicou porque sabia que praticou um crime ou por que estava se sentindo ameaçado? – questiona.
Primeiro passo
Na reunião do Conselho Comunitário de Segurança do mês de outubro o delegado prometeu que o mandante do assassinato do empresário Américo seria preso nos próximos dias. |
A investigação, deflagrada para identificar os atiradores e o mandante do assassinato do empresário Carlos Américo de Azevedo Branco, crime que aconteceu no dia 23 de maio de 2011, no interior do shopping Comercial Center, no Centro de Rio Bonito, segundo o delegado, acabou trazendo a tona outras questões. “Estamos falando de estelionato (firmas fantasmas com pessoas reais e endereços fictícios), falsificação ideológica (oferecer dados falsos), falsificação de documento público (reconhecimentos de firma fraudulentos) e formação de quadrilha”.
Depois de prender o comerciante Fabiano Amorim da Mota no dia 01/11/2012 sob acusação de ser o mandante do assassinato de Américo e estar envolvido nos demais crimes investigados, o delegado se concentra na identificação dos atiradores e na rede de corrupção que serve como pano de fundo para o envolvimento de Américo e Fabiano. Os negócios e transações da dupla trazem a tona uma rede de corrupção com contornos hollywoodianos. Sobre o assassinato de Américo, o delegado diz não ter dúvida de que Fabiano é o mandante do crime.
– O inquérito é sigiloso, nem tudo eu posso falar, mas adianto que a Justiça e o Ministério Público concordam com a nossa linha de investigação e entendeu como cabíveis os motivos que eu aleguei para a decretação da prisão de Fabiano Amorim da Mota. Ele é mandante do homicídio qualificado mediante paga ou recompensa. Nós estamos falando de 12 a 30 anos de cadeia. Se havia indícios quando foi decretada a prisão (de Fabiano), agora, uma semana depois, nós temos certeza e provas cabais de que ele mandou matar, porque mandou e quanto pagou aos pistoleiros – explicou o delegado, acrescentando não ter dúvida de que está preso o mandante do crime e o motivo foi obtenção de lucro (R$ 150 mil que a vítima teria emprestado ao mandante).
Golpes
De acordo com o delegado Paulo Henrique, o comerciante Fabiano Amorim, “conhecido estelionatário da cidade, costumava fazer uso da boa fé de alguns e do olho grande de outros para abrir firmas fantasmas ou laranjas”. Baseado em suas investigações ele está convencido que o comerciante criava empresas no nome de terceiros e colocava endereços falsos nos contratos sociais para impedir o rastreio das tais pessoas.
– Criada a empresa, ele saía fazendo compras, abrindo contas, pedindo empréstimos em banco e quando o negócio estourava, as dívidas eram atribuídas às laranjas, que eram moradores de Rio Bonito. Alguns não foram localizados, outros foram. Alguns acumulam débitos de R$ 1 milhão, outros de R$ 150 mil. Alguns realmente caíram num golpe (emprestaram o nome por boa fé); outros viram uma possibilidade de se dar bem, porque ele prometia vantagens (carros, motos, dinheiro, cartões de crédito com altos limites etc.). Já temos oito laranjas e temos notícias de muito mais – conta o delegado, prometendo indiciar e prender “aqueles que tiveram olho grande”.
“Vai muita gente presa”
O delegado diz que a rede de corrupção é grande e promete "prender todos os envolvidos" nos crimes periféricos ao assassinato do empresário Américo Branco. |
Diante do volume de pessoas envolvidas nos crimes periféricos ao assassinato de Américo, o mandante passa a ser um arquivo vivo por ser detentor de informações preciosas para que a polícia consiga desvendar as fraudes. Questionado sobre os riscos que ele (Fabiano) pode correr por conta do que sabe, o delegado descarta essa possibilidade e diz que “o criminoso mais perigoso desse inquérito é o próprio Fabiano”. Ele disse também que os defensores do acusado, gente que está discordando da prisão de Fabiano, serão olhados com atenção pela polícia.
– Acho estranho que alguém defenda Fabiano. Posso pensar, inclusive, que esse alguém está envolvido nos crimes que ele cometeu. Quem está defendendo interesses tem... E cuidado, você pode estar defendendo um criminoso! Pode ser que nesse inquérito surjam surpresas para a sociedade de Rio Bonito ou não. Do mesmo jeito que todo mundo sabia que Fabiano era mandante do crime de Américo e ninguém falava nada, quando nós começarmos prender os quadrilheiros que com ele se amasiaram para a prática nociva do estelionato, as pessoas digam que já esperavam as tais prisões... Vai muita gente presa – disparou o delegado.
Durante a entrevista o delegado novamente apelou para que a população procure a Delegacia para prestar esclarecimentos sobre o acusado. “Cada dia aparece uma pessoa nova aqui contando mais um golpe que sofreu de Fabiano. As pessoas que cederam os nomes, mesmo dando endereço falso, nós estamos identificando. É um inquérito que vai ter muita gente ouvida. Algumas como testemunhas, outras como vítimas, algumas como envolvidas e alguns como criminosos”, concluiu.
Comunicado
A Pimentta Rosa, loja de propriedade da empresária Caroline Belgues, esposa do comerciante Fabiano Amorim, por meses seguidos foi anunciante desse jornal, sempre ocupando espaços de destaque em nossas páginas. Apesar das notícias de “calote” atribuídas ao comerciante, os compromissos assumidos com o jornal “O TEMPO”, referentes à veiculação de publicidade, nunca deixaram de ser honrados.
Aos “engraçadinhos” que ventilaram a possibilidade de que nós não noticiaríamos o assunto, exatamente por conta dessa parceria, vale lembrar que este veículo prima pela seriedade e compromisso ético com os seus leitores, coisa que dificilmente encontramos, principalmente entre os que fizeram os tais comentários, gente que nós sabemos onde encontrar.
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