quinta-feira, 24 de março de 2011

Pág. 8 - Imóveis da classe média próximos ao pico de valorização dos grandes centros

O preço dos imóveis disparou em todos os países que tiveram a combinação de aumento na renda, crédito farto e escassez de oferta nas áreas mais disputadas dos grandes centros urbanos, como vem acontecendo no Brasil. Só faltam juros menores e condições de financiamento mais camaradas para acelerar o processo. Aquela euforia emergente de futuro brilhante adiante, que também alimenta a alta dos preços, o Brasil tem faz tempo.

A má notícia é que as condições de temperatura e pressão mudaram desde o ano passado. Agora, os juros vão é subir. Os bancos devem apertar a liberação de empréstimos e a economia vai esfriar um pouco. Só que as construtoras e o mercado imobiliário se preparavam para mais um ano de crescimento acelerado, acima de dois dígitos.

Luiz Paulo Pompéia
O resultado são estoques e preços nas alturas, que não combinam com períodos de desaceleração e abrem caminho para bons negócios. Segundo Luiz Paulo Pompéia (foto), economista da consultoria Embraesp, especializada em avaliação de imóveis, é improvável que os preços caiam em São Paulo, mas também será difícil crescer no ritmo visto até 2010. No ano passado, o preço dos apartamentos novos saltou 34,4% – a maior alta desde 1996 –, quando a Embraesp começou a fazer a pesquisa.

Para o consultor, os imóveis com maior potencial de valorização são os voltados para a classe C. A indústria tem, segundo ele, 15 anos de trabalho pela frente para zerar a falta de habitações.  Nos anos 2000, poucos investimentos renderam mais do que os imóveis em regiões selecionadas. Em São Paulo, os preços dos apartamentos novos saltaram 177,88% de 2000 até 2010, segundo a Embraesp.

A valorização dos lançamentos inflaciona toda a cadeia imobiliária. Puxa junto os preços dos poucos terrenos ainda existentes e também os imóveis mais antigos, além dos custos de produtos e serviços da construção.
– As construtoras estão preocupadas com aquele investidor que compra um apartamento na planta esperando vendê-lo com preço maior pouco antes da entrega das chaves. São pessoas que podem não ter como pagar as prestações se não venderem o imóvel. É um pequeno subprime brasileiro – disse Pompéia.

Apesar da preocupação, ninguém acredita que estamos próximo de uma ressaca, como ocorre nos EUA e na Europa desde 2008. A razão é que o crédito imobiliário é pequeno e primitivo demais no Brasil. Ainda não anda com as próprias pernas e precisa de recursos subsidiados da poupança, com juros tabelados.

Com juros na casa de 12% ao ano, os valores financiados dobram em seis anos. Quem faz um empréstimo por 30 anos com essa taxa facilmente deverá mais, no meio do financiamento, do que valerá o imóvel, deixando o banco sem garantia.

Fonte: ADEMI

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