quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Editorial da 7ª Edição Política e Religião

Por Flávio Azevedo

Liberdade religiosa e de expressão: um direito inalienável garantido pela Constituição Brasileira 

Nós gostaríamos de mudar de assunto, mas como continuamos recebendo telefonemas e e-mails de pessoas que não estão conformadas – e com razão – com a postura de alguns líderes religiosos, que estão na porta de suas igrejas, distribuindo panfletos contra este ou aquele candidato, não nos sobraram alternativas que não seja voltar ao tema.
Nesta guerra santa que tem como pano de fundo a eleição presidencial, alguns líderes esqueceram que O ESTADO É LAICO. Ou seja, além de não defender uma bandeira religiosa, ele dá, ao cidadão, liberdade de culto e crença, respeitando, inclusive, o indivíduo que não quer acreditar em nada.
Para aqueles que gostariam de ver estado e religião de braços dados, vale à pena destacar que isto já aconteceu, e a experiência não foi das melhores. Neste período, em que o mundo foi governado por um poder político-religioso (538 DC até 1798 DC), atravessamos uma época que pode ser chamada de Idade Média ou Idade Escura, onde além de não existir liberdade, quem discordava do poder vigente recebia como punição a perda do seu bem mais precioso: a vida.

Direito inalienável garantido pela nossa Constituição

A crueldade do poder dominante e o fanatismo dos dominados eram realidades tão flagrantes, que o pensador Karl Marx analisando a postura da igreja disse, à época, que “a religião é o ópio do povo”. Vale lembrar que Marx fez esta afirmativa observando uma religião que vendia perdão (indulgências) e receitava penitências.
Em 2010 a “Guerra Santa (entre forças religiosas) ressurgiu. Alguns líderes religiosos, através da grande mídia (quase sempre, mal intencionada), tentam direcionar o voto de quem, infelizmente, está cego, como diria Karl Max, pelo “ópio religioso”, que é o deslumbramento por figuras de empolados discursos.
Ao defender este ou aquele candidato, entidades religiosas ou os seus líderes se ridicularizam. Aliás, o governo do PT caiu em desgraça quando decidiu, acertadamente, verificar a arrecadação das igrejas – o que nós acreditamos ser muito justo, a partir do momento que elas se tornaram um negócio bem lucrativo.
Por trás desta “Guerra Santa” entre católicos (diminuindo) e evangélicos (aumentando) existe uma disputa por fieis, que, infelizmente, por serem, às vezes, com acontecia na Idade Escura, mais fanáticos que fervorosos, não compreendem que estão sendo utilizados como massa de manobra.
Por último, e não menos importante, tem a batalha televisiva entre a TV Globo, que sempre atendeu interesses comerciais e capitalistas, e a TV Record, propriedade do Bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), que também não é nenhum santinho, e tem interesses comerciais e ideológicos.
Fica muito nítido que os discursos estão voltados para o povão iletrado, inculto, desatento e alienado dos seus direitos. Desavergonhadamente, empresas de jornalismo e líderes religiosos tentam convencer ouvintes, telespectadores, leitores e internautas com reflexões superficiais, cínicas, enganadoras, manipuladas e comprometidas. Portanto, cuidado com o que você assiste, vê, ouve, lê (inclusive, o texto que você está lendo), e acredita. Tenha cuidado, sobretudo, com o destino do seu voto!
Concluindo, acreditamos que faria bem o amigo leitor refletir nas palavras que S. Paulo escreveu aos cristãos de Roma:
Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e AGRADÁVEL A DEUS, que é o vosso CULTO RACIONAL. E NÃO VOS CONFORMEIS COM ESTE MUNDO, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus”.
Romanos: 12. 1 e 2.

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