sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Bebida artesanal de Silva Jardim ganha medalha de prata em concurso


Um alambique artesanal de cobre
Por Evaldo Nascimento

A cachaça artesanal “Tapinuã dos Reis”, produzida pelo Hotel Fazenda Tapinuã, em Bananeiras, acaba de ganhar a certificação “Medalha de Prata” do “4º Concurso de Avaliação de Qualidade da Cachaça”, que fez parte do “8º Brazilian Chemistry Food and Beverages”, um evento internacional realizado em São Paulo entre os dias 02 a 05 de dezembro. Segundo o proprietário da marca, Paulo Sérgio Vieira, o seu produto concorreu na categoria “envelhecida”, modalidade da qual participaram cerca de 70 fabricantes. A Tapinuã dos Reis foi avaliada pelo Instituto de Química de São Carlos, que pertence à Universidade de São Paulo. Passou também pelo crivo da entidade italiana “Studi Assaggiatori”, que fez a “análise sensorial” da bebida, além de outro grupo que verificou a sua propriedade físico-química, assim como a avaliação de consumidores, através de degustação feita “às cegas” (sem saber que produto consumiam).

Com o reconhecimento, a Tapinuã (categoria ouro velho, amarelada) passa a exibir a imagem da medalha de certificação em formato de selo no seu rótulo, o que lhe dá maior credibilidade junto ao mercado em geral. A bebida já está sendo inclusive enviada para outros estados, como São Paulo. Mas Paulo Sérgio diz que o seu maior mercado é e continuará sendo mesmo o município de Silva Jardim e outros da Região, assim como o Rio de Janeiro. “Seguimos a recomendação segundo a qual toda cachaça deve ser mesmo preferencialmente comercializada na própria cidade onde é produzida ou no máximo na Região, para que ela figure como um produto de referência local”, acrescenta Paulo. Ele lembra que o concurso que premiou a sua cachaça é considerado o mais sério do Brasil.

A Tapinuã dos Reis é produzida em três modalidades. Além da “Ouro Velho” (amarelada), envelhecida em barris de carvalho, há também a “prata” (descansada em vasilhames de aço inoxidável, não envelhecida); e a “Cravo e Canela” (misturada com esses dois condimentos, além de açúcar). Paulo explica que a bebida apresentada por ele no concurso é uma espécie de “Blend” (mistura) das safras produzidas em 2008 (ano de lançamento da marca) e 2009.

A envelhecida é depositada em quatro tonéis de carvalho, cada um com capacidade para 200 litros. O local onde a cachaça é produzida é equipado, ainda, de uma moenda para a cana, um alambique artesanal de cobre, duas dornas (depósitos) com capacidade para dois mil litros cada, para a cachaça branca não envelhecida; e dornas de aço inoxidável para a fermentação do caldo de cana em uma sala fechada. Parte da cana utilizada é produzida pela própria fazenda, e outra parcela adquirida de produtores de Mato Alto. “Isto inclusive estimula o desenvolvimento da cultura da cana-de-açúcar no local, promovendo a melhoria do mercado”, observa. Durante a safra, a confecção da cachaça ocupa cerca de seis pessoas, além do proprietário, e são fabricados uma média de 50 litros por dia. Já este ano, Paulo pretende tirar aproximadamente 75 litros/dia, uma vez que instalará novas dornas. Enquanto isto, o Hotel absorve a mão-de-obra de quatro trabalhadores. "Além disso, geramos empregos indiretos, como os revendedores da cachaça e os cortadores da cana para o preparo, por exemplo", observa.

Mas plantamos bastante cana este ano e a próxima safra de cachaça artesanal já devemos fazer toda com a nossa matéria-prima”, adianta ele, acrescentando que se vender todo o estoque feito no ano passado (cerca de três mil litros) pretende dobrar a produção para 2011, que deverá sair em agosto/setembro. A linha de produção tem capacidade para fazer até 10 mil litros/ano. Paulo revela que em 2010 vendeu cerca de duas mil garrafas. O engarrafamento e rotulagem dos vasilhamens é feito pessoalmente por Paulo.

O produto é comercializado em garrafas de 500ml. Para os compradores no próprio hotel, sai a R$ 15,00 a unidade. A maioria dos estabelecimentos que trabalha com ele em Silva Jardim vende a uma média de R$ 20,00. Paulo diz que a bebida também é bastante adquirida por hóspedes do Hotel, que dispõe de oito suítes e tem a linha de produção da cachaça, como uma de suas atrações de cunho rural. O produtor agora pretende obter o apoio do Sebrae/RJ que, segundo ele, já tem prestado consultoria a custo zero no ramo em outras cidades do Estado, como Parati, por exemplo.

O fabricante já está de olho no próximo concurso, previsto para acontecer em Araraquara, em 2012. “Lá vamos brigar pelas medalhas de ouro nas categorias 'nova' e 'envelhecida', garante Paulo. A fim de melhor divulgar e se manter atualizado sobre a produção da bebida, Paulo Sérgio participa inclusive da “Confraria do Copo Furado”, uma conceituada associação de apreciadores da cachaça que há 14 anos luta em defesa da qualidade do produto. “Eles inclusive estiveram visitando o meu alambique e gostaram muito do produto”, diz Paulo, ressaltando que participa até mesmo das reuniões abertas realizadas pela Confraria periodicamente em um bar em Ipanema, no Rio de Janeiro, onde as diversas marcas são degustadas e avaliadas pelos conhecedores. “Toda safra que tiro mando para análise no laboratório especializado nisso na Universidade Federal Fluminense (UFF), a fim de saber como está a qualidade”, conclui, orgulhoso. Maiores informações podem ser obtidas pelo site: www.tapinua.com.br ou o e-mail: tapinua@gmail.comEste endereço de e-mail está protegido contra spambots.

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