terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Pág. 5 - Administração municipal responde recado das urnas riobonitenses com demissão em massa

Por Flávio Azevedo

A dupla, José Luiz e Matheus Neto (D), se preparam para a dura campanha que terão pela frente
Na edição de novembro (nº 8), o jornal O TEMPO EM RIO BONITO publicou a matéria “Urnas riobonitenses trazem recado do eleitor à administração municipal”. De acordo com a reportagem, o fraco desempenho dos candidatos apoiados pelos representantes da Prefeitura de Rio Bonito nas eleições do último dia 3 de outubro deveria servir de alerta para o prefeito José Luiz Antunes (DEM). Baseado em números incontestáveis, o texto mostrou que a popularidade do chefe do Executivo não é boa junto ao seu próprio eleitorado. Ou seja, os 16.064 eleitores que, em 2008, deram a vitória a dupla Mandiocão e Matheus Neto (DEM).

Embora a matéria tenha sugerido que a população riobonitense deu, nas urnas, um recado que deveria ser enxergado com preocupação pelo grupo do prefeito, a resposta não veio de imediato. No último dia 31 de dezembro, porém, na edição 525, o jornal Folha da Terra, órgão oficial do município trouxe através da publicação da portaria 1145/2010, a resposta do chefe do Executivo ao recado das urnas. Foram exonerados, a partir daquela data, todos os servidores investidos de cargos públicos de provimento em comissões e funções gratificadas, nomeados durante o período de 2009 a 2010.



Todos que ocupavam cargos de confiança foram exonerados
  Também foram dispensados, assessores especiais, assessores de coordenação, assessores, assessores técnicos, assessores II, diretores de departamento, vice-diretor da Guarda Municipal e diretores de divisão. Também foram demitidos os assistentes I e II e as pessoas que ocupavam funções gratificadas (símbolos CAI I e II). Aqueles que estavam cedidos para outras instituições também tiveram que retornar. Aproveitando as férias escolares, o prefeito também exonerou auxiliares de biblioteca, coordenadores de turno e coordenadores articuladores. Segundo fontes ligadas a Prefeitura, o número de exonerados pode chegar a mil.
– Na verdade, o prefeito acaba de botar na rua mil pessoas que a partir de amanhã (1º de janeiro), não terão mais aquele dinheirinho que contavam para pagar as contas que fizeram por causa das festas de Natal e fim de ano – disse um dos servidores exonerados, que por motivos óbvios pediu para não ser identificado.

Já um servidor efetivo, que perdeu a gratificação, comentou que as pessoas que trabalham no meio político já deveriam ter se acostumado com o que ele classificou como “excentricidades” dos governantes.
– Eles descontam no funcionalismo as suas frustrações pessoais, só pode ser! Veja só: como o nosso salário é uma vergonha, alguns secretários, na tentativa de compensar os funcionários mais dedicados, ajudam a complementar o salário através das gratificações. Apesar disso, nós estamos sujeitos a esse tipo de coisa e não tem como reclamar, porque essas compensações funcionam como uma espécie de lei da mordaça – analisa outro servidor que também aceitou falar com a nossa reportagem depois que garantimos o seu anonimato.

Analistas estão divididos

Uma fonte junto a Prefeitura revelou que faltando menos de dois anos para o próximo pleito, o desgaste do governo está incomodando e as exonerações teriam sido feitas com a intenção de recontratar somente aqueles que estão comprometidos com a administração municipal. Mais empenho e melhor representação do governo em seus setores, também teriam sido as principais cobranças do prefeito ao seu staff de secretários na última reunião de 2010. Durante o encontro, o chefe do Executivo teria dado a entender que pretende fazer mudanças em seu secretariado.

Os analistas políticos riobonitenses estão divididos em relação a iniciativa do prefeito. Enquanto alguns concordam que ele não quer ter dissabor semelhante ao da sua antecessora, que não conseguiu eleger o seu vice-prefeito, em 2004, outros defendem a tese de que a decisão do chefe do Executivo gerou antipatia e pode ter reforçado os grupos adversários. Concorda com a última opinião, uma servidora que ao pedir para ter a identidade preservada, mostra que a política brasileira precisa ser mudada e que a ditadura, embora tenha caído em 1985, continua vigente em várias cidades, sobretudo, nas interioranas.
– O que me deixa mais indignada é que não sabemos quando isso vai parar! Vai ser assim até quando, gente? Será que algum dia nós teremos condições de trabalhar sem sermos importunados? Será que algum dia, os prefeitos e seus secretários defenderão salários digno para o servidor? Será que algum dia nós poderemos ter a liberdade de pensar, discordar, discutir e executar uma ideia? – questiona a servidora, que concluindo disse não acreditar que as suas declarações seriam publicadas. Para ela, porém, “não é interessante trazer de volta um passado que não foi bom para o município. Nós precisamos renovar!”, refletiu.

Nota da redação: a sorte está lançada e aproximam-se as eleições municipais de 2012! O que acontecerá?

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