terça-feira, 24 de abril de 2012

Pág. 5 - Setor Agropecuário e a luta do homem do campo são assuntos no programa “O Tempo em Rio Bonito”

Flávio Azevedo

Os empresários Anderson Tinoco (E) e Felipe Braga denunciam desatenção ao homem do campo.
O programa “O TEMPO EM RIO BONITO” do último dia 1º de abril abordou a sobrevivência do homem do campo; os investimentos no setor Agropecuário de Rio Bonito; os estímulos a lavoura branca; e a falência da Citricultura, um dos motores da economia local na década de 70 e 80. Para comentar o assunto, os entrevistados foram os empresários Anderson Tinoco, um dos diretores da Central de Abastecimento (Ceasa) de São Gonçalo; e Felipe Braga, lojista do setor de Hortifruti Granjeiro, do Centro da cidade.
– O homem do campo está esquecido! Já há algum tempo ele não pode sobreviver da produção da sua lavoura. Os estímulos e incentivos para que ele fique na Zona Rural inexistem e isso é determinante para o Êxodo Rural. Esse fenômeno incha as cidades e contribui de forma significativa para ampliar os índices de desemprego, violência e favelização dos grandes centros – apontam os entrevistados.

Em Rio Bonito, uma suposta e eterna queda de braço entre a Prefeitura Municipal e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) é outro ponto apresentado pelos empresários como um dos problemas enfrentados pelo homem do campo. “Existe uma velada troca de farpas entre as partes. Se a Secretaria Municipal de Agricultura se queixa que os técnicos da Emater não atendem a contento os produtores rurais, os técnicos da Emater se queixam que a Prefeitura não cumpre a sua parte na parceria que deveria existir entre eles”, alertam.

Estradas em péssimo estado de conservação, o que dificulta o escoamento da produção; a insegurança, os episódios de assaltos a propriedades distantes são corriqueiros; e a falta de uma cooperativa forte; são pontos também apresentados por Anderson e Felipe como responsáveis pela falência do setor agropecuário. “É difícil investir nessa atual conjuntura. A própria Secretaria Municipal de Agricultura não tem orçamento e pessoal para que o secretário consiga desempenhar bem o seu papel. O resultado é esse que acompanhamos em nossa Zona Rural”, comentaram.

“Como que pode?”

Para o empresário Felipe Braga, se existe uma coisa que é de impossível compreensão é o fato do nosso prefeito (José Luiz Mandiocão) ser ruralista, proprietário de várias fazendas, um homem identificado com o campo, que faz questão de mostrar a sua origem caipira, “mas que não investe no setor como deveria”.
– Nós temos vários programas do governo do Estado em conjunto com o Ministério da Agricultura, que se houve interesse da Prefeitura Municipal estariam dando resultados positivos para a nossa economia. Podemos citar o Prosperar, o Florescer, o Cultivar Orgânico, o Rio Carne, entre outros que deveriam estar sendo amplamente divulgados e estimulados – comenta Felipe.

A falta de um Matadouro Municipal é outro ponto apontado pelo empresário como responsável pelo enfraquecimento do homem do campo e do setor Agropecuário de maneira geral. “Do boi só não se aproveita o berro. Eu tenho certeza que o Matadouro iria dinamizar e revitalizar o setor, mas infelizmente a classe política não se entende e quem paga o pato é a população”, discorre.

O empresário ressalta também que “infelizmente, vagabundo nós temos em todo em todo lugar e setor!”, numa referencia aos proprietários que preferem permanecer na ociosidade e não querem participar dos programas quando eles são apresentados. “Tem gente que pensa ser a Prefeitura o seu provedor, mas não é assim. E esses casos existem. Porém, não são todos que tem essa postura! Eu conheço um volume grande de sitiantes e lavradores que estariam dispostos a ingressar num programa que fosse sério e efetivamente estimulasse o setor”, pondera Felipe.

O empresário Anderson Tinoco ressaltou a sua experiência com o cultivo de banana. Ele disse que a sua propriedade, na localidade de Cachoeira dos Bagres, têm 15 mil bananeiras, todas irrigadas com uma técnica que ele buscou com produtores de Santa Catarina e do Espírito Santo. Durante a sua fala, além de comentar a falta de apoio, o empresário deu um desabafo.
– Desconheço qualquer iniciativa da Emater ou da Prefeitura para incentivar o produtor rural. Eu não tive nenhuma ajuda. Apanhei bastante e sempre caminhei sozinho. A experiência que adquiri no cultivo da banana foi com os meus próprios esforços e iniciativa. Depois que me consolidei no setor, eu nunca fui procurado para que transmitisse a outros produtores, as técnicas que desenvolvo em minha propriedade, o que seria interessante, sobretudo para os produtores de menor porte – concluiu.

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